Anualmente morrem cerca de 17 milhões de pessoas em todo o mundo vítimas de doenças cardiovasculares. Numa tentativa de alertar a sociedade portuguesa para a gravidade destas doenças, a Fundação Portuguesa de Cardiologia (FPC) tem vindo a dedicar o mês de Maio ao coração.
Todos os anos, a FPC chama a atenção para um dos factores de risco associados às doenças cardiovasculares. Este ano, numa parceria com a Sociedade Portuguesa de Hipertensão, empenha-se no combate à hipertensão.
Em Portugal, e no resto da Europa, parece estar a assistir-se a um decréscimo da taxa de mortalidade – segundo dados disponíveis, entre 2003 e 2004, o número de mortes por doenças cardiovasculares diminuiu cerca de 9,5 por cento – mas, simultaneamente, a taxa de morbilidade está a aumentar. Apesar de ocorrerem cada vez menos mortes, o que é "efectivamente excelente", existem cada vez mais indivíduos a sofrer de doenças cardiovasculares. O facto de não se estar a conseguir debelar o problema na sua raiz – baixar a incidência dos factores que contribuem para o aumento do risco do desenvolvimento de doenças no coração – é muito preocupante.
Os factores de risco mais comuns são a obesidade, o tabagismo, o stress, o sedentarismo e a hipertensão arterial, sendo este último o principal. A hipertensão é uma das doenças com maior prevalência no mundo.
Segundo o estudo mais recente da Organização Mundial de Saúde, 14 por cento das mortes a nível mundial são consequência de complicações associadas à hipertensão. Por isso, "por si e por quem gosta de si, meça regularmente a tensão arterial".
A hipertensão arterial (HTA) caracteriza-se pelo aumento dos valores da pressão arterial. Um indivíduo é considerado hipertenso quando os seus valores se situam acima dos 140x90 mmHg.
A pressão em adultos é considerada normal (saudável), quando os seus valores se situarem abaixo de 120 mmHg (pressão sistólica) e de 80 mmHg (pressão diastólica). No entanto os valores de pressão sistólica abaixo de 60 mmHg (hipotensão) pode indiciar choque ou perdas elevadas de sangue.
A doença só por si pode causar lesões graves nos órgãos vitais, levando a uma progressiva diminuição ou mesmo perda da sua função. Uma das principais causas de morte associadas à HTA são os aneurismas, nomeadamente os Acidentes Vasculares Cerebrais (AVC).
A formação destes aneurismas, na sua maioria assintomáticos, ocorre quando um determinado segmento vascular, enfraquecido pela elevada pressão, cede ou dilata, provocando a rotura ou outras complicações como a trombose (oclusão), e a embolização nas artérias (coágulos), com graves repercussões no organismo.
A hipertensão força, igualmente, o coração a trabalhar mais intensamente. Este esforço adicional pode levar, ou a uma insuficiência cardíaca – o coração já não tem capacidade para bombear o sangue necessário para alimentar o organismo – ou a uma angina de peito – a quantidade de sangue que aflui ao coração é insuficiente para o seu funcionamento.
Quando associada ao sedentarismo, a uma má alimentação, a factores de hereditariedade, ao consumo de tabaco e de álcool e à obesidade, o risco de ataque cardíaco e de trombose é três a cinco vezes mais elevado.
Para além das patologias já mencionadas, a HTA pode também provocar cardiopatias isquémicas – incluindo o enfarte do miocárdio e a morte súbita –, o aneurisma dissecante da aorta e a insuficiência renal.
A sua detecção precoce e controlo eficaz podem contribuir significativamente para a diminuição das doenças cardiovasculares. Por isso, "por si e por quem gosta de si, meça regularmente a tensão arterial".
Apesar de ser uma doença relativamente fácil de prevenir e de detectar, é assintomática. Um indivíduo pode ser hipertenso e não o saber. Os portugueses são disso exemplo. Cerca de 40 por cento da população adulta é hipertensa, mais de 50 por cento não está diagnosticada e apenas 11 por cento dos pacientes estão controlados. A ausência de diagnóstico leva à falta de tratamento da doença e à sua evolução que, com o decorrer dos anos, vai silenciosamente minando o organismo, sendo, muitas vezes, descoberta tarde de mais. Por isso, "por si e por quem gosta de si, meça regularmente a tensão arterial".
A campanha deste ano da FPC, cujo lema serve de título a este artigo, visa essencialmente reverter as estatísticas, através da sensibilização para a importância de medir regularmente a tensão arterial, como forma de detecção precoce e de consciencializar a população para as medidas de prevenção não farmacológicas que estão ao alcance de todos.
Durante todo o mês está a ser distribuído material didáctico, estão em curso rastreios cardiovasculares e iniciativas de natureza diversa, que estimulam a prática de exercício físico e a melhoria das rotinas diárias.
Em todos os grandes centros urbanos, desde os mupis de rua até aos posters no centro de saúde, nos transportes, entre outros, se apela à prevenção e se alerta para os cuidados a ter para eliminar um dos maiores inimigos do coração.
Para encerrar as comemorações do mês do coração, a FPC escolheu o Estoril para levar a cabo a Gala Mulheres de Vermelho, que terá lugar dia 29 de Maio. Esta gala tem por objectivo alertar a população em geral e as mulheres em particular, pois a partir da menopausa passam a integrar os grupos de risco. Este alerta é essencial, uma vez que se tem vindo a tratar a doença coronária na mulher com alguma benignidade ou mesmo negligência.
Este conceito prevalece desde 1955, data em que Sir George Pickering afirmou que "qualquer que seja o valor da pressão arterial, o prognóstico da mulher é melhor que o do homem", após a realização de estudos sobre as diferenças entre homens e mulheres com hipertensão.
Porém, as estatísticas actuais desmentem as afirmações de Pickering: por dia, só em Portugal, morrem 61 mulheres vítimas de doenças associadas ao coração, sobretudo de AVC.
Estudos mais recentes revelaram igualmente que, nomeadamente após a menopausa, o risco de uma mulher hipertensa vir a desenvolver uma doença cardiovascular é tão elevado como o de um homem com o mesmo problema. É vital que as mulheres conheçam os factores de risco e formas de prevenção, tal como os homens.
Apesar de no final do mês encerrar a campanha contra a hipertensão e as comemorações do mês do coração, não se poderão encerrar as comemorações do coração de cada indivíduo nessa data. É necessário comemorar o nosso coração diariamente. Devemos amá-lo, tal como ele nos ama ou não fosse ele o símbolo do amor: eu queria que o Amor estivesse realmente no coração e também a Bondade e a Sinceridade, e tudo, e tudo o mais, tudo estivesse realmente no coração. Então poderia dizer-vos: "meus amados irmãos, falo-vos do coração". Mas o meu coração é como o dos compêndios. Tem duas válvulas e os seus compartimentos. O sangue a circular contrai-os e distende-os segundo a obrigação das leis dos movimentos.
Já que o nosso coração é como o dos compêndios, vamos cuidar dele. Todos podem cuidar do seu coração através da prática regular de exercício físico, da redução do consumo de sal e da adopção de uma dieta alimentar saudável, rica em legumes e frutas. Estas medidas simples são essenciais para debelar o flagelo da hipertensão.
Em 2007, cerca de duas mil pessoas faleceram vítimas de AVC – a principal causa de morte no país. Por isso, "por si e por quem gosta de si, meça regularmente a tensão arterial".
A vacinação continua a ser o melhor meio de proteção contra o vírus, com uma proteção mais eficaz contra doenças mais graves, embora o seu efeito protetor diminua com o passar do tempo.
Segundo a OMS, a obesidade consiste numa acumulação excessiva de gordura que surge quando há um desequilíbrio entre o volume de calorias consumidas e as calorias gastas.
De acordo com a OMS, os cuidados de saúde primários, representam um abordagem de toda a sociedade à saúde e bem-estar, centrada nas necessidades e preferências das pessoas, famílias e comunidades.
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