A placenta tem uma tarefa essencial e altamente complexa: assegurar a troca de substâncias essenciais entre mãe e feto, ao mesmo tempo em que bloqueia o acesso de substâncias nocivas.

Apesar disso, os cientistas sabem muito pouco sobre a funcionalidade dessa permeabilidade da placenta - afinal, é incrivelmente difícil investigar diretamente a sua função nos seres humanos sem incorrer em riscos éticos sérios.

Por esta razão, cientistas da Universidade Tecnológica de Viena, na Áustria, criaram agora um modelo de placenta artificial que se assemelha muito ao órgão natural.

Só muito recentemente se conseguiu cultivar células-tronco da placenta humana, mas a cientista Denise Mandt e os seus colegas já conseguiram criar uma versão aprimorada de uma “placenta num chip” usando células vivas.

Recorrendo a um processo de impressão 3D especial, baseado num laser ultrarrápido, a equipa de investigadores criou membranas de hidrogel diretamente dentro de chips microfluídicos, que são então preenchidos com células da placenta.

“O nosso chip consiste em duas áreas - uma representa o feto, a outra a mãe”, explicou Denise Mandt. “Usamos um processo especial de impressão 3D para produzir uma partição entre eles - a membrana da placenta artificial”, sublinhou. Isso significa que agora será possível esclarecer algumas questões vitais que envolvem a placenta humana.

Por exemplo, numerosos estudos mostram que doenças na mãe, como diabetes, podem ter um impacto no feto. A hipertensão arterial também pode afetar o transporte de substâncias para o feto. Até agora, no entanto, tem sido quase impossível investigar o modo como os diversos fatores envolvidos interagem nesses casos.

No chip, importantes parâmetros biológicos podem ser monitorizados de perto, como a pressão, temperatura, geometria e suprimento de nutrientes, bem como a administração de medicamentos. Isso permitirá observar com precisão as taxas de progressão e cura de doenças, afirmaram os investigadores.