PÍLULA DO DIA SEGUINTE, SABE QUANDO TOMAR?
MEDICINA E MEDICAMENTOS
Tupam Editores
Uma gravidez indesejada é um receio constante para pessoas com vida sexual ativa. Assim, quando um casal mantém relações sexuais sem preservativo ou quando acontece algum acidente – como o preservativo romper, por exemplo –, um dos métodos contracetivos imediatamente procurados é a pílula do dia seguinte.
Mas quanto ao uso e eficácia deste tipo de contraceção há ainda muita confusão, que importa esclarecer. A pílula do dia seguinte é um método de contraceção de emergência que pode reduzir o risco de gravidez se usado até 120 horas após a relação sexual, mas que apresenta maior eficácia quando usado nas primeiras 24 horas.
Tal como o nome indica, a contraceção de emergência não pode ser encarada como um método contracetivo, devendo ser tomada apenas em situações em que existam grandes probabilidades de acontecer uma gravidez indesejada após uma relação sexual desprotegida. Também não é um método abortivo, pelo que não deverá ser usada em situações de gravidez instalada.
A pílula do dia seguinte encontra-se à venda em farmácias e não necessita de receita médica. Está ainda disponível gratuitamente nos centros de saúde e nos serviços de urgência de ginecologia dos hospitais.
Trata-se de um medicamento de base hormonal que: bloqueia ou atrasa a ovulação (a saída do óvulo do ovário); impede a fertilização (o encontro do espermatozoide com o óvulo); e impede a nidação (implantação do ovo na parede do útero).
Existem dois tipos de pílulas do dia seguinte – uma contém acetato de ulipristal, e a outra inclui levonorgestrel, sendo que a primeira é globalmente mais eficaz. A de levonogestrel é mais eficaz se tomada nas primeiras 72 horas (três dias), e a que contém acetato de ulipristal é eficaz até 120 horas ou cinco dias depois da relação sexual.
Na pílula com levonorgestrel, a eficácia da contraceção é tanto maior quanto mais cedo for tomada, diminuindo gradualmente. Esta parece também ser menos eficaz nas mulheres obesas, mas não é motivo para que estas não a utilizem se estiverem perante o risco de uma gravidez. Independentemente do índice de massa corporal, a pílula com acetato de ulipristal é mais eficaz do que aquela com levonorgestrel.
O esquema posológico mais comum para a contracepção de emergência consiste na toma de um comprimido o mais cedo possível. Este esquema posológico é o mais utilizado por causar menos efeitos secundários e por ser mais eficaz.
O efeito secundário mais frequente decorrente da toma da pílula do dia seguinte é uma variação no ciclo mentrual de, mais ou menos, dois dias. Se a mulher não menstruar no espaço de quatro dias após a data prevista, deve realizar um teste de gravidez.
Os restantes efeitos secundários são leves e em geral transitórios. Por exemplo, podem ocorrer náuseas, vómitos, cefaleias, dor abdominal, tonturas, tensão mamária e fadiga. Nos casos em que ocorrem vómitos ou diarreia aguda nas 2 horas seguintes à toma do comprimido, deve ser efetuada nova toma para que esta seja eficaz.
Não existem contraindicações para o uso de levonorgestrel. Já na toma de acetato de ulipristal recomenda-se precaução nas mulheres com asma grave que estejam a ser tratadas com glucocorticoides orais; também em mulheres com disfunção hepática grave, intolerância à lactose ou hipersensibilidade conhecida ao acetato de ulipristal.
Deverá ainda haver algumas precauções com a pílula com acetato de ulipristal durante a amamentação. Por falta de estudos clínicos detalhados convém evitar a amamentação por um período de três dias se optar por esta pílula.
Mesmo as mulheres com contraindicações (como doenças cardiovasculares e tromboembólicas, dislipideminas ou cancros hormonodependentes) para a pílula combinada (que é a convencional, contendo estrogénios e progesterona) podem recorrer à contraceção de emergência – pois esta não contém estrogénios, responsáveis pela maioria dos eventos tromboembólicos associados à pílula.
Há que ter em mente que a contraceção de emergência é menos eficaz que a contraceção regular, e por isso há risco de gravidez.
Uma em duas mulheres engravidam com a toma de acetato de ulipristal após uma relação sexual não protegida e duas em três mulheres engravidam com a toma de levonorgestrel.
Apesar de o uso repetido da pílula do dia seguinte não se associar a qualquer tipo de problema para a saúde, o recurso frequente a este tipo de contraceção indica que o método de contraceção que está a usar não é o mais adequado, pelo que deve consultar o médico para escolher o método certo para si. Não confie na sorte!
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