Com a sua cauda maciça e cores iridescentes, o pavão há muito fascina os seus observadores humanos. É uma das aves ornamentais mais exóticas e espetaculares do mundo, que tem alguns segredos para revelar.
Da ordem Galliformes, chama-se pavão às aves dos géneros Pavo e Afropavo da família dos faisões (Phasianidae).
A cauda dos pavões gerou o interesse de várias culturas pela sua exuberância de cores e beleza das penas. As cores verde, dourada e azul, em diversas tonalidades, são as cores naturais das suas penas mas por seleção artificial, já foram criadas outras variedades que apresentam plumagem branca, negra, púrpura, entre outras.
Mas esta excentricidade e charme da cauda são propriedade exclusiva do pavão macho, que a usa como artimanha na hora de conquistar a fêmea, conhecida, em vernáculo coloquial, por pavoa. O pavão macho é, aliás, considerado o maior exemplo de dimorfismo sexual (diferenças de características físicas entre macho e fêmea) na natureza.
Vivem normalmente de 20 a 25 anos e conseguem adaptar-se a climas diferentes, embora prefiram viver em locais tropicais com acesso a bastante água e vegetação, da qual se alimentam, mas também conseguem viver em climas frios e atravessar invernos rigorosos.
Esta facilidade de adaptação tornou simples a sua criação e reprodução, tanto em cativeiro quanto em parques zoológicos, contudo, a presença de humanos e de outros animais deixa a ave agitada.
De origem asiática, o pavão aparece em maior número em terras da Índia, do Sri Lanka, Estados Unidos, México, Honduras, Colômbia, Guianas, Suriname, Brasil, Uruguai, Argentina, África do Sul, Indonésia, Papua-Guiné, Austrália, Croácia e alguns lugares da Europa, como Portugal e França.
E ainda que a sua distribuição geográfica seja alargada, não acontece o mesmo com a espécie.
As várias espécies de pavões
Existem somente três espécies ou tipos de pavão: o Pavão Azul (ou Indiano), o Pavão Verde (ou Javanês), e o Pavão do Congo. Os únicos tipos de pavões que possuem a extravagente cauda de penas coloridas são os machos das espécies azul e verde.
Também conhecido como pavão comum, o pavão azul – de nome científico Pavo cristatus –, é a ave nacional da Índia, de onde é nativo, assim como do Sri Lanka e de outras partes do leste da Ásia.
A plumagem dos machos possui um tom de azul esverdeado, sendo as penas superiores da sua cobertura bastante longas e com caráter ornamental.
Possui uma cauda muito grande, pesada e espalhafatosa repleta de estruturas coloridas chamadas ocelos – a palavra deriva do latim “oculus”, que significa olho –, redondos e brilhantes. São esses pontos iridescentes que dão a dimensão exótica às suas plumas.
Os machos podem medir em torno de 2,2 metros com as suas penas de acasalamento, e sem a plumagem em torno de 107 cm, e pesam por volta dos 5 kg. Já as fêmeas da espécie podem chegar a medir em torno de 86 cm de comprimento e ter um peso aproximado de 3,4 kg.
O pavão verde (Pavo muticus), é comumente encontrado no Sudoeste da Ásia, em países como a Indochina, Bangladesh, Nordeste da Índia, Malásia Ocidental, Tailândia, Sul da China e Java. Apresenta plumagem brilhante, com um brilho metálico característico.
O comprimento do corpo do macho mede em torno de 1,8 a 3 metros; e pode pesar até 5 quilos. A fêmea tem metade do tamanho do macho, e pode apresentar 4 vezes menos massa. Em relação à coloração, o dimorfismo sexual não é tão aparente.
Na parte superior da cabeça, a coloração é azul metálico, cinza ao redor dos olhos, preta no bico, e verde-ouro ao longo do pescoço.
O peito e as costas apresentam variações entre o azul e verde, com pequenas manchas em tons de vermelho ou amarelo. As asas tem cor verde-escuro, com algumas penas de voo em coloração castanha, com manchas pretas e cinzas.
O pavão do Congo ou, cientificamente falando, Afropavo congensis, é o único tipo de pavão que é nativo da África.
Semelhantes a faisões, os pavões do Congo são de pequena estatura e sem as impressionantes penas da cauda. O seu revestimento possui tonalidades azul esverdeadas e penas esverdeadas nas asas.
Este pavão é muito diferente de seus parentes indianos. É menor, atingindo um comprimento total de apenas 70 cm, nos machos, e os 60 a 64 cm nas fêmeas, e um peso corporal de até 1,5 kg em machos e 1,2 kg em fêmeas.
Tem uma cauda muito mais curta, com apenas 23 a 25 cm sem ocelos, possui uma extensão variável de pele vermelha nua no pescoço, e a crista vertical na cabeça é branca na frente com algumas penas escuras atrás. A fêmea desta espécie também é muito diferente da pavoa asiática. Possui o peito castanho brilhante, partes inferiores e testa, enquanto a parte de trás é verde metálico.
Através de uma reprodução seletiva e de mutações sofridas com o passar do tempo, existem pavões com colorações diferentes das do pavão indiano e verde. O pavão branco não é um albino, mas sim um produto do leucismo que confere a cor branca a animais que geralmente são coloridos, e é totalmente branco. Outras variações de reprodução incluem pavões amarelos, pretos, castanhos e roxos. Todos eles são variações simples ou mutações dos pavões verdes ou indianos.
Características e comportamento das aves
A maioria de nós viu pavões nos parques zoológicos ou caminhando livremente em jardins bem cuidados de antigos palácios, mas raras são as pessoas que os viram em voo. Sabia que podem voar?
Apesar de serem aves terrestres com pouca capacidade de voo eles conseguem voar, ainda que só o façam em caso de perigo. Quando aparece um predador, os pavões levantam vôo e, surpreendentemente, as suas longas caudas não são impedimento para a descolagem. Embora as suas distâncias de vôo sejam limitadas, podem atingir até aos 16 km/h.
Os pavões selvagens procuram a sua comida de manhã cedo ou ao anoitecer. Durante a parte mais quente do dia retiram-se para a sombra e segurança da floresta. Estas aves comem com o seu bico quase tudo o que puderem digerir, mas ingerem principalmente partes de plantas, pétalas de flores, sementes, insetos e outros artrópodes, répteis e anfíbios.
Outra curiosidade destas aves é o facto de passarem a noite no topo das árvores, e quando se sentem ameaçados pelos seus predadores – felinos selvagens como tigres, leopardos, mas também os mangustos e até cães selvagens e gatos –, é para lá que fogem.
São aves territorialistas, ou seja, não aceitam a presença de outros animais, sobretudo se forem machos da mesma espécie. Nesse caso, o pavão macho que teve o seu território invadido por outro macho luta com o adversário até que o estranho saia de sua área.
Se perder, o pavão retira-se do território que até então era seu, e vai em busca de outro território. Quando irritados, destroem arbustos e flores.
O acasalamento dos pavões não passa despercebido a quem esteja pelos arredores do seu território, pois nessa fase as aves gritam dia e a noite. Durante este período os pavões realizam um complicado ritual onde a extravagante cauda desempanha o papel principal.
A cauda tem a função de mostrar às fêmeas o quanto os machos são saudáveis, sendo que o tamanho desta é proporcional à saúde física e genética de cada um dos animais. O macho agita-se diante da fêmea para chamar a sua atenção realizando vários movimentos rodando e principalmente abrindo a cauda em leque e emitindo gritos como sinal de que quer acasalar.
Consumado o fato, a fêmea põe, num ninho construído por ela no solo, entre 4 e 8 ovos – um por dia, e normalmente à tarde –, que levam entre 28 a 30 dias a eclodir. As crias abandonam o ninho precocemente, começam logo a alimentar-se sozinhas, mas seguem a progenitora até serem independentes.
A maturidade sexual chega para os machos a partir dos três anos de vida, quando a plumagem da cauda atinge o tamanho máximo, já as fêmeas estão prontas para a reprodução um ano antes.
O macho não auxilia no cuidado com os ovos, e é polígamo. Na época da nidificação formam-se haréns constituídos por um macho e três ou quatro fêmeas.
Estes são apenas alguns factos curiosos sobre uma ave cuja cauda é uma arte viva, e que é considerada a ave do paraíso. Pela impressionante harmonia das suas formas e pela exuberância das suas cores, o pavão é um animal associado à beleza e à perfeição.
Na Índia já foi considerado um animal sagrado: quem matasse um seria seria condenado à morte.
Durante o inverno, as penas do pavão caem para que nasçam outras novas, recuperando o seu esplendor na primavera. Por essa razão, a ave tornou-se símbolo de renovação e mudanças favoráveis, da imortalidade e do renascimento. Na China é sinal de fertilidade e prosperidade.
Repleto de simbologia, o pavão seduz e encanta quem o vê. Se ainda não teve essa oportunidade não espere mais, vá até ao Jardim Zoológico de Lisboa e sacie a sua curiosidade. Não se arrependerá!
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