O Jardim Zoológico e de Aclimação de Lisboa é um espaço multigeracional onde os visitantes podem passar um dia fantástico, de constante aprendizagem, através da observação dos diferentes animais, ao mesmo tempo que são sensibilizados para a problemática da deterioração dos habitats e do desaparecimento das espécies.
Tem por missão desenvolver e promover um parque, tanto zoológico e botânico, como um centro de conservação, reprodução e reintrodução no habitat natural de espécies em vias de extinção, através da investigação científica e de programas de enriquecimento. Além disso, aliar à educação uma forte componente de entretenimento e diversão.
Como membro das principais instituições internacionais dedicadas à conservação das espécies e dos seus habitats – Associação Europeia de Zoos e Aquários (EAZA), Associação Mundial de Aquários e Zoos (WAZA), entre muitas outras prestigiadas organizações, o Jardim Zoológico da capital, tem por objetivo alcançar e manter os mais altos padrões de bem-estar animal e de reprodução das espécies que mantém ao seu cuidado, enquanto em simultâneo dá a conhecer aos seus visitantes a importância da conservação da biodiversidade.
História
Instituição de referência e local de visita obrigatória dos lisboetas, o Zoo de Lisboa, que este ano completou 132 anos de existência, reúne atualmente um conjunto representativo de todo o planeta, com cerca de 2000 animais de 332 espécies diferentes, divididos por 114 mamíferos, 157 aves, 56 répteis, 5 anfíbios e 1 coleção de artrópodes.
Instalado inicialmente no Parque São Sebastião da Pedreira, em terrenos cedidos a título gratuito pelos seus proprietários, o Zoo de Lisboa foi o primeiro parque da Península Ibérica com fauna e flora, tendo como membros fundadores o Dr. Pedro Van der Laan, José Thomaz Sousa Martins e o Barão de Kessler, que entre várias outras personalidades, contaram com o apoio do Rei D. Fernando II e do zoólogo José Vicente Barboza do Bocage.
O parque do Jardim Zoológico foi mais tarde transferido para Palhavã e as novas e definitivas instalações na Quinta das Laranjeiras foram inauguradas a 28 de maio de 1905, tendo sido declarado Instituição de Utilidade Pública a 12 de março de 1913.
Ao longo dos anos, o Zoo de Lisboa beneficiou da contribuição de inúmeras e diversificadas remessas de animais exóticos oriundos de África e do Brasil, que contribuíram para o seu enriquecimento e diversificação, fazendo com que se formasse uma das coleções de animais mais vastas e diversificadas do mundo.
Após a queda do Estado Novo em 1974, e a consequente independência das antigas colónias em África, o apoio estatal prestado ao Jardim Zoológico pelas autoridades na diversificação e renovação da coleção animal caiu abruptamente, bem como o número de visitantes, e a instituição passou por situações críticas de sobrevivência.
Anos mais tarde, com a adaptação das regras de gestão a novos valores e necessidades da sociedade, a partir de 1990 foram desenvolvidas novas estratégias tendo por objetivo primeiro a modernização de instalações, serviços, melhoria do bem-estar animal, alimentação e cuidados médico-veterinários.
Simultaneamente, foram criados os serviços comerciais, marketing e relações públicas, por forma a privilegiar as relações de parceria com o universo das empresas, bem como um Centro Pedagógico, com vista a promover a educação e conservação das espécies junto dos visitantes.
Hoje o Jardim Zoológico deixou de ser a montra de animais que era no seus primórdios, assumindo-se como entidade protetora e de conservação da natureza de excelência, para o que em muito contribuiu a melhoria das instalações para os animais e do seu habitat, bem como a dedicação e o zelo dos cuidadores, condições que permitiram no seu conjunto, o aumento da taxa de natalidade de muitas espécies.
São hoje pilares da ação do Jardim Zoológico, a conservação das espécies, a vertente educacional e a investigação. Inaugurado em 2008, o seu Hospital Veterinário foi considerado pela EAZA, o melhor da Europa.
Função educacional e de conservação
Os Zoos modernos por todo o mundo, partilham hoje a importante função de educar e consciencializar as populações, particularmente as mais jovens, para os problemas de degradação ambiental acelerada que propiciam sérios riscos para a sobrevivência das espécies.
A adoção de novas técnicas e estratégias educativas, potencia a função educativa destes parques temáticos, visando garantir que um crescente número de pessoas desenvolva a consciência do valor insubstituível da Natureza, por todo o mundo.
Ao receberem anualmente muitos milhões de visitantes, os Zoos de todo o mundo têm particular obrigação de fazerem passar a mensagem de conservação aos visitantes em geral e ao público escolar em particular, por forma a garantir que as futuras gerações apostem e acreditem na importância da conservação da biodiversidade do Planeta.
A partir de 1992 iniciou-se a atividade educativa, através de um programa de Visitas Guiadas, com as quais se pretendia proporcionar às escolas um maior apoio e aproveitamento educativo das visitas dos alunos ao Zoo, projeto que serviu para o melhorar e que acabou por dar origem à criação dos Serviços Pedagógicos em 1994, e que culminou com a construção do Centro Pedagógico em 1996, aberto ao público no mesmo ano, um espaço direcionado para as crianças e onde se privilegia a interação com animais domésticos, espaço entretanto renovado em 2004.
O programa de educação promovido pelo Jardim Zoológico em maio de 2009, na sua vertente dirigida às escolas, obteve o reconhecimento de Utilidade Educativa pelo Ministério de Educação por desempenhar um papel importante no âmbito da educação ambiental na educação pré-escolar e nos ensinos básico e secundário.
Atualmente o Centro Pedagógico oferece dois tipos de programa distintos, para públicos e períodos diferentes, com diversos programas opcionais a funcionar durante os períodos letivos. Faculta ainda apoio técnico especializado aos alunos do ensino secundário, politécnico ou superior, através do seu Centro de Documentação.
A rápida expansão das populações humanas, que tem vindo a provocar a destruição e fragmentação de muitos ecossistemas, por utilização intensiva dos recursos, tem como consequência a devastação da biodiversidade, pelo que os Zoos são hoje, pelas ações que desenvolvem em prol da conservação das espécies em vias de extinção, autênticas Arcas-de-Noé que urge preservar e acarinhar.
Juntos, podem contribuir para a preservação "fora do habitat natural" de algumas espécies, para a proteção dos habitats selvagens, para a preservação "no habitat natural" e para a reintrodução de espécies.
Devido às caraterísticas do clima e às boas taxas de reprodução geralmente alcançadas, o Jardim Zoológico de Lisboa tem um papel concreto a desempenhar no plano da conservação das espécies, fatores que ajudaram o Zoo a contribuir de forma muito positiva para a árdua tarefa da conservação.
Reintrodução de espécies
Segundo Laura Dourado, responsável pela recuperação de habitats naturais, conservação da biodiversidade e valorização da vida animal do Jardim Zoológico e de Aclimação de Lisboa, o trabalho de reintrodução de espécies só é possível através da constante remodelação das instalações dos diferentes animais.
As instalações antigas deram lugar a instalações naturalistas, com substratos naturais, plantas, cursos de água e estruturas que incentivam os animais a desenvolver comportamentos naturais.
No entanto, o campo de atuação do Jardim Zoológico não se limita ao perímetro de Sete Rios, sendo desenvolvido um importante trabalho nos locais de proveniência das espécies.
Esse trabalho passa por estabelecer um esforço conjunto com as autoridades e instituições locais chegando mais perto das populações, educando e sensibilizando para a preservação. Um exemplo desse esforço conjunto é o "Programa de Reintrodução de Leopardos-da-pérsia no Cáucaso".
Leopardos-da-pérsia "A Vitória da Reintrodução"
Em 2012, o Jardim Zoológico foi convidado para coordenar o programa de Reintrodução de Leopardos-da-pérsia no Cáucaso Russo, uma vez que o casal reprodutor que habitava no Parque, apresentava uma alta taxa de natalidade, mas também pela experiência dos técnicos portugueses relativamente a esta espécie.
A adaptação do casal ao Centro de Reprodução foi rápida, tendo-se reproduzido logo em 2013. As crias desta ninhada fizeram história ao serem as primeiras a nascer na região do Cáucaso, nos últimos 50 anos.
Neste espaço, os pequenos leopardos atingem a idade reprodutiva e recebem um treino especialmente estruturado com o objetivo de os tornar independentes para a sobrevivência na natureza. Coleiras satélite foram colocadas nos animais de forma a permitir que os cientistas obtenham informações sobre os seus movimentos após a reintrodução.
Os leopardos reintroduzidos serão monitorizados diariamente e, em caso de emergência, uma unidade de resposta móvel terá o equipamento necessário para localizar o animal afetado a fim de agir convenientemente.
O programa foi implementado pelo Ministério do Ambiente e dos Recursos Naturais da Federação Russa, com a participação do Parque Nacional de Sochi, da Reserva Natural do Estado do Cáucaso, do Instituto Severtsov de Ecologia e Evolução, do Jardim Zoológico de Moscovo e da WWF Rússia com o apoio da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN) e da Associação Europeia de Zoos e Aquários (EAZA), destacando-se dentro desta, o Jardim Zoológico de Lisboa pela coordenação do projeto.
No momento da reintrodução estiveram presentes Igor Chestin, CEO da WWF Russa e o vice-primeiro-ministro Alexander Khloponin, que foram os responsáveis pela abertura das caixas de transporte.
Aniversário em 2016
De entre os vários eventos levados a cabo ao longo do ano, para celebração do seu 132º aniversário, o Zoo contou com a presença especial dos Angry Birds, tendo sido também dado particular destaque ao Flamingo-rubro.
A espécie, de aspeto inconfundível, apresenta uma plumagem em vários tons de cor carmim e com a extremidades das asas negra, sendo igualmente negra a extremidade do seu enorme bico em forma de gancho.
Alimenta-se principalmente de algas, crustáceos e moluscos entre outras espécies aquáticas, muitas vezes mergulhada na água, filtrando o alimento com as lamelas no interior do bico e as crias são alimentadas com "leite de papo", uma substância rica em nutrientes produzida por ambos os progenitores.
O Flamingo-rubro nidifica em colónias e os rituais de acasalamento são executados em grupo, com ambos os elementos do casal a incubar os ovos e a cuidar das crias.
Ave pernalta, da família das Phoenicopteridae e género Phoenicopterus ruber, está distribuída pelas margens de lagos de água salgada, lagunas rasas de águas salobras sem vegetação, à beira-mar e pântanos, praticamente em todos os países do mundo.
Incluída no apêndice II da Convenção sobre o Comércio Internacional de Espécies da Fauna e da Flora Selvagem Ameaçadas de Extinção (CITIES), a sua conservação é por enquanto pouco preocupante, mas a pressão que se tem vindo a exercer nos seus habitats, em particular na zona das Caraíbas, devido à captura intensa para o tráfico de animais e sua domesticação, são um sinal preocupante.
A concluir
Além de mamíferos, aves, répteis, anfíbios e artrópodes, no parque do Jardim Zoológico de Lisboa, podem também ser observadas algumas plantas exóticas como a escova-de-garrafa, originária da Austrália ou a cica do Japão, entre outras.
O Zoo pode ser apoiado através do apadrinhamento de animais favoritos, por empresas ou particulares, através de doações, proporcionando aos padrinhos descontos nas entradas, nos programas de férias e atelieres, festas de aniversário e nas lojas do Zoo, além de poder ter o nome na Pérgola dos Padrinhos, um convite para o Dia do Padrinho, um Diploma e informação sobre o afilhado, além de outros benefícios, e saber que está a contribuir para o bem-estar do animal selecionado e para a preservação e conservação das espécies.
O Zoo dispõe ainda de um Pet Hotel onde poderão ser hospedados animais de estimação como cães, gatos, roedores, répteis, aves e outros pequenos animais, bem como de um cemitério para as mesmas espécies.
Localizado no centro da cidade, o jardim Zoológico oferece ainda um espaço único de lazer, entretenimento e para a realização de eventos empresariais, para promover empresas ou marcas junto de mais de 800 mil pessoas que o visitam anualmente, tendo sempre presente que nessa opção há uma forte componente contributiva para a sobrevivência e manutenção da biodiversidade animal.
Foi com grande alegria que o Jardim Zoológico de Lisboa anunciou o nascimento de uma cria de Mainá-do-bali (Leucopsar rothschildi), uma ave em perigo de extinção.
A Fundação Oceano Azul e o Oceanário de Lisboa relançaram a campanha “O que não acaba no lixo acaba no mar” – uma iniciativa que pretende sensibilizar os portugueses para o papel ativo que cada um dev...
Os detentores de animais de companhia, não podem provocar dor ou exercer maus-tratos que resultem em sofrimento, abandono ou morte, estando legalmente obrigados a assegurar o respeito por cada espécie...