O SEU GATO ESTÁ GORDO? PONHA-O A MEXER!

O SEU GATO ESTÁ GORDO? PONHA-O A MEXER!

FELINOS

  Tupam Editores

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A obesidade não é um mal exclusivo da espécie humana. Definida como um excesso de gordura corporal, é a desordem nutricional mais comum nos nossos animais de companhia, com efeitos negativos diretos na sua qualidade de vida e redução da longevidade.

E a sua incidência é cada vez maior, especialmente entre os felinos e em áreas urbanas, resultado de um desequilíbrio entre a contribuição alimentar e o consumo energético do animal, que é baixo, uma vez que a maioria são gatos de interior, ou indoor. Atualmente, acredite ou não, os números ascendem a 40 por cento dos animais, sinal de que algo está errado.

Gato amarelo no sofã

Segundo um estudo realizado por uma equipa de investigadores da Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade Lusófona, o que se passa é que na grande maioria das vezes, os tutores subestimam a condição corporal dos seus gatos, havendo uma associação entre a subestimação e um índice de condição corporal acima do normal, o que sugere que a ausência de perceção por parte do tutor poderá estar envolvida no processo inicial de ganho excessivo de peso, assim como na manutenção e progressão da obesidade já estabelecida.

Mas a obesidade não é um problema que se possa subestimar, e é responsabilidade de um tutor que ama e cuida da saúde e bem-estar do seu gato impedir o seu desenvolvimento. Nem sempre é fácil, porém, saber quando um animal tem excesso de peso.

Como saber se o animal é obeso?

Considera-se excesso de peso quando o peso corporal do animal excede em 15 por cento o seu peso ideal (que pode ser conhecido de acordo com a sua raça, idade e sexo), e obesidade quando o peso corporal é superior a 30 por cento ao peso ideal.

A obesidade é uma doença que afeta a maioria dos órgãos e sistemas do organismo dos animais, produzindo neles efeitos nefastos e incompatíveis com uma boa qualidade de vida, como por exemplo irritabilidade, intolerância ao calor, depressão, dificuldades de citatrização e aumento da suscetibilidade a infeções; aumento do risco anestésico e cirúrgico, patologias ósseas e articulares, doença hepática, cansaço demasiado e sedentarismo, intolerância à glucose e maior risco de diabetes mellitus; diminuição na ingestão de água, o que poderá originar problemas renais, diminuição da sua limpeza corporal, o que poderá ocasionar patologias dermatológicas, e a nível reprodutor origina partos difíceis, cios irregulares e diminuição da eficiência reprodutora.

Se o tutor estiver ciente das consequências da doença, e de que forma ela vai afetar a qualidade de vida do seu animal, decerto atuará mais precocemente.

Para saber se um gato está gordo, e precisa de emagrecer, o tutor deve estar atento a alguns sintomas específicos, como por exemplo:
– As costelas do gato devem ser notadas facilmente, portanto, se ao tocar no dorso do animal para procurar estes ossos tiver dificuldade para os encontrar é porque há excesso de gordura, logo, ele está obeso;
– Os ossos da coluna também devem ser facilmente notados, assim, se ao apalpar esta área for difícil senti-los é porque há uma camada de gordura muito grossa;
– A barriga do animal também ajuda a detetar se este apresenta excesso de peso, se a forma do abdómen for similar à de um pêndulo, é porque há gordura acumulada que balança quando este se mexe;
– Quando o gato caminha o tutor deve ver a cintura, uma curvatura que deve estar marcada; se não se destacar é porque está totalmente arredondada devido ao excesso de gordura.

Se chegar à conclusão que o gato está obeso é essencial mudar os seus hábitos de vida, e para isso deve consultar um veterinário, que o ajudará nessa tarefa.

A visita ao veterinário e o programa de perda de peso

Tal como nos seres humanos, a maior causa da obesidade nos gatos é a alimentação inapropriada e a falta de exercício.

A teoria de que os gatos engordam porque foram castrados é um mito. É verdade que após a cirurgia os animais ficam menos ativos e por isso podem ganhar algum peso, mas a castração não é o fator que determina o peso do gato.

veterinário pesa gato

Tenha em mente que o excesso de peso é uma patologia, logo, todo o processo deve ser supervisionado por um veterinário. Existem vários métodos e escalas que quantificam a condição corporal dos gatos, no entanto, dada a variabilidade fisionómica entre as várias raças torna-se difícil determinar limites padrão que enquadrem todos os animais.

Assim, a identificação da obesidade clinicamente importante, é uma valorização subjetiva dos depósitos adiposos periféricos do animal.

A avaliação dos depósitos de gordura sobre as costelas e base da cauda, a medição do perímetro abdominal, a gordura subcutânea no abdómen ventral e o peso, são critérios que o veterinário avaliará, para determinar a condição corporal do animal.

A sua história alimentar, social, ambiental e médica serão igualmente exploradas pois também ajudam no diagnóstico da obesidade e no esclarecimento das causas da mesma.

Num animal ligeiramente obeso, uns minutos de conversa sobre maneio alimentar entre o tutor e o médico veterinário podem ser suficientes para que se faça o animal atingir o peso ideal, no entanto, um animal marcadamente obeso irá necessitar de um programa de perda de peso rigoroso e controlado.

Gato obeso e maçã

O fundamento principal de um programa de peso é: gastar mais calorias, e consumir menos que o gasto, para chegar a um peso ideal e posteriormente, igualar o consumo ao gasto de forma a manter o peso pretendido.

Um programa completo de perda de peso pressupõe três aspetos: a educação do tutor, a diminuição do aporte calórico e o aumento da atividade física do animal.

É muito importante que o tutor compreenda as consequências da obesidade e tenha consciência do objetivo final do programa (peso ideal) assim como das ações que terá que cumprir, como seja fornecer ao gato única e exclusivamente a alimentação prescrita pelo veterinário, nas doses recomendadas.

Qualquer tipo de alimento não incluído na dieta recomendada é totalmente contraindicado, devendo o tutor pôr fim a velhos hábitos, errados desde sempre (por ex. dar guloseimas e restos da mesa).

O animal deverá ainda ser pesado com regularidade, para avaliar a eficácia do programa dietético e fazer possíveis ajustes.

Para existir mobilização da gordura corporal acumulada, a quantidade de energia ingerida pelo gato deve ser inferior à energia total necessária, no entanto, a atividade física também desempenha um papel fulcral na perda de peso – outro aspeto em que o tutor deverá participar ativamente.

A dieta e o exercício: Ponha-o a mexer!

Um correto programa de redução de peso requer pelo menos 8 a 12 semanas (podendo chegar a 1 ano), devendo o animal comer várias refeições por dia (até atingir a quantidade total de ração diária recomendada). Se perder 100 a 450 gr por semana (1 a 2 por cento do peso corporal) significa que o programa de redução de peso é adequado e está a funcionar!

Gato gordo em dieta

Uma dieta de emagrecimento nunca deve consistir na redução da porção do alimento habitual do gato pois, com o mesmo, reduzir-se-ia também o fornecimento de todos os nutrientes, o que poderia provocar um défice nutricional.

Hoje em dia existem diversas rações disponíveis no mercado com todos os nutrientes imprescindíveis à vida saudável dos animais, mas com baixo teor energético, ou seja, específicas para o emagrecimento.

Este tipo de alimentos deve cumprir vários requisitos: facilitar um consumo energético menor (reduzida quantidade de gorduras) e incluir L-carnitina (que ajuda a queimar gordura). Costuma-se ainda aumentar a quantidade de proteínas (são menos energéticas que as gorduras e permitem manter a massa muscular) e a quantidade de fibra, pois é a que menos energia fornece e aumenta a sensação de saciedade.

Um bom alimento para o controlo da obesidade deve ser o mais apetitoso possível, pois os gatos obesos estão acostumados a comer todo o tipo de alimentos suculentos.

O organismo obtém a energia que necessita a partir dos alimentos. Quando estes não fornecem energia suficiente são mobilizados e gastos os depósitos energéticos (a gordura), para a obtenção da energia total necessária.

A melhor forma de aumentar a energia total utilizada pelo organismo, é aumentando a parcela que mais facilmente se consegue controlar: a atividade física.

Fomentar o exercício num gato é mais difícil do que num cão, é verdade, mas não é impossível. Os gatos são animais com um estilo de vida muito particular, não podemos querer que um felino sedentário de repente passe muitas horas a fazer exercício porque lhe comprou um arranhador com uma bola – o gato para se mexer precisa de ser motivado.

O tutor deve dedicar cerca de 20 minutos por dia a exercitar o seu amigo de quatro patas para começar a notar os resultados em um ou dois meses. Deve ser cauteloso e não se exceder, e as atividades devem ser divertidas e atrativas para o gato.

Para começar, pode usar a alimentação. Pode colocar, por exemplo, ração no interior de uma bola especial de alimentação com a qual ele tem de brincar para conseguir libertar os alimentos. Se existirem escadas em casa pode repartir a sua alimentação em duas situando as porções em cada um dos extremos das escadas, deste forma ele terá de subir e descer para se alimentar.

Também lhe pode estimular o instinto de caça, por exemplo, fornecendo-lhe brinquedos que simulem presas – pequenos objetos presos a um cordel, ou ratinhos de peluche – e distraí-lo durante mais tempo quando está acordado.

Brinquedos para gato

Outra brincadeira que pode por em prática é faze-lo “apanhar” uma luz. Pode apontar uma lanterna de luz branca para a parede e verá como se diverte… e se mexe!

As torres de arranhar são outra boa opção, para além de tornarem o ambiente do animal mais agradável também o encorajam a fazer exercício. E sabia que existem rodas de exercícios para gatos? Além de ser uma atividade que faz gastar muita energia, ainda relaxa e ajuda a eliminar o stress.

E que tal levá-lo a passear na rua? Existem trelas específicas para gatos nas lojas de animais. Além de lhe proporcionar novos estímulos, ele iria fazer exercício de forma diferente e muito mais ativa do que pode fazer dentro de casa. Incentive-o a saltar e a brincar com “brinquedos” naturais, como montes de folhas – o importante é pô-lo a mexer.

Estas são apenas algumas ideias para ajudar o seu gato a alcançar um peso correto e mais saúde e qualidade de vida. Tenha em mente que a perda de peso deve ser lenta e gradual e pode levar meses para que seja bem sucedida.

Seja paciente e, acima de tudo, siga os conselhos do veterinário. Vai ver que vai compensar!

Autor:
Tupam Editores

Última revisão:
09 de Abril de 2024

Referências Externas:

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