Quantas vezes já ouviu dizer que o cão é o melhor amigo do homem? A afeição e companhia deste fiel animal são alguns dos motivos que deram origem à célebre frase – e a verdade é que não há registo de amizade tão forte e duradoura entre espécies distintas quanto a dos humanos e dos cães.
Já algum dia se perguntou, ao olhar para o seu cão, como um ser com um ímpeto de caçador pode, calmamente, permanecer ao seu lado durante horas ou, quando sozinho, como consegue ficar dentro de casa sem tirar as coisas do seu devido lugar?
Afinal, como nasceu o nosso vínculo com os cães? Como conseguimos domesticá-los? E como se deixaram eles domesticar?
A relação de amizade entre homem e cão é recente na história da humanidade, remontando a um período entre 27 e 40 mil anos atrás.
A descoberta deste marco temporal deve-se ao último ancestral de lobos e cães, a espécie Lobo Taimyr, que viveu na Sibéria há 35 mil anos.
Acredita-se que o cão tenha sido o primeiro animal domesticado pelo homem, mas não se sabe bem como se transformou um lobo selvagem no afetuoso animal que hoje vive connosco. Esse enigma ainda está longe de ser resolvido.
Uma das teorias mais recentes refere que as primeiras tentativas de domesticação de lobos selvagens aconteceram na Ásia, no entanto, embora os lobos domesticados tenham começado a ser mais socialveis, nesse primeiro momento foram usados para trabalhar e não como animais de companhia.
Segundo uma investigação realizada na Universidade de Azabu, no Japão, tanto os humanos como os cães possuem uma hormona que é ativada quando observamos os nossos filhos ou os nossos pais – a oxitocina. Esta hormona é segregada durante o parto e a lactação e quando a mãe e o bebé se olham nos olhos.
O mesmo estudo foi repetido entre homens e lobos, tendo-se verificado que estes animais afastavam o olhar e não havia alteração nos níveis de oxitocina. O facto levou os cientistas a concluir que a convivência entre as pessoas e os cães permitiu um desenvolvimento hormonal entre ambos. É por esse motivo que os cães são tão fieis aos seus tutores e os amam incondicionalmente.
Esta hormona dá uma sensação de felicidade e tem muita influência na nossa vida social. Sem a substância ninguém poderia ser altruísta, afetuoso e confiante. É por essa razão que se acredita que o cão tenha uma quantidade maior de oxitocina no organismo.
Razões que fazem do cão o melhor amigo do homem: as raças mais carinhosas
Não há animal mais fiel e carinhoso, e que necessite tanto do amor humano como o cão. Não queremos ferir suscetibilidades, ou magoar os amantes de outros animais, mas o cão é mesmo o melhor amigo do homem.
São brincalhões, atentos, presentes, dependentes e gostam tanto de nós como nós deles. Todos podem ser grandes companheiros, mas algumas raças ainda são mais carinhosas e apegadas aos seus tutores do que outras.
Estes animais são quase uma sombra do seu tutor, e não chega estar no mesmo espaço deste, gostam de estar deitados aos seus pés, no seu colo, ou com a cabeça apoiada nele para receberem carinhos. São raças que suportam com dificuldade a ausência da família.
Uma dessas raças é o Labrador. Conhecida pelo seu temperamento amoroso e companheiro, esta raça é muito usada como cão de terapia. O mesmo se pode dizer do Golden Retriever, muito amigável e carinhoso inclusive com estranhos.
Os terriers costumam ser muito independentes, mas o Bedlington Terrier, apesar de ser agitado, é muito carinhoso e adora estar no colo do seu tutor. Os Greyhounds são cães de corrida, mas preferem mil vezes estar no colo do tutor do que numa pista de corrida.
Os pastores também são cães bastante independentes, mas o Bearded Collie anda constantemente em busca da atenção do tutor, adora estar junto dele e tem sempre um “sorriso no rosto”. Um Cavalier King Charles Spaniel só está completamente feliz quando nos braços do seu tutor.
Outro cão que adora colo é o Bichon Frisé. É uma ótima opção para apartamentos pequenos e até pode ficar sozinho o dia todo. O Dogue Alemão é uma raça que não tem a mínima noção do seu tamanho. Adora estar com a cabeça apoiada nas pernas dos seus tutores e mesmo ao seu colo – o que pode ser complicado –, e está sempre a pedir atenção.
Um Griffon de Bruxelas nunca está plenamente feliz enquanto não receber a atenção de todos os que o rodeiam. Adora ser apaparicado e, claro, um colinho.
Independentemente da raça, as razões que fazem dos cães o melhor amigo do homem são várias, e uma delas é a sua memória. Os cães, ao contrário dos humanos, têm a memória curta. Isto significa que um minuto após os ter chamado a atenção ou repreendido por alguma “arte” que tenham feito, estão prontos para o encher de mimos, sem o menor ressentimento.
E mesmo que o proiba de fazer coisas que ele gostaria, como não lhe permitir que coma da sua comida, deixá-lo sozinho para ir trabalhar, impedí-lo de roer os seus chinelos, entre outras atitudes, ele vai continuar a agir da mesma forma consigo.
A sua memória recente até pode ser má, mas a afetiva é infalível. Mesmo que estejam afastados dos seus tutores por longos períodos de tempo nunca esquecem a ligação que têm com eles. Recebem sempre as pessoas de que gostam com muitas lambidelas, pulinhos, e abanadelas de rabo. Não deixam dúvidas da sua amizade.
O carinho e a devoção dos cães à família é algo impressionante. Quando eles amam fazem qualquer coisa pelos seus entes queridos. Algumas raças possuem, naturalmente, o instinto de proteção mais aguçado que outras, mas todos os cães são protetores.
Por mais dóceis que sejam, estão sempre atentos para poderem proteger o seu tutor de qualquer coisa que acreditem ser uma ameaça. Os cães de raças maiores, como o Pastor Alemão, por exemplo, desempenham na perfeição um papel de segurança nas habitações. Mas as raças de pequeno porte, consideradas apenas animais de companhia, também têm este instinto, mesmo que não consigam deter um invasor.
Conhece aquela intuição que sentimos por vezes, a que costumamos chamar de sexto sentido? Pois é, por serem animais muito sensíveis, parece que ela também se manifesta nos nossos melhores amigos.
A intuição dos cães é forte ao ponto de se aperceberem das emoções humanas sem que seja necessário dizer palavra alguma, conseguindo diferenciar expressões felizes ou furiosas nos rostos dos seus tutores.
O cão tem a incrível capacidade de perceber se o tutor está de bom humor ou não. Normalmente o comportamento dele seguirá o mesmo estado de espírito: se o tutor estiver de bom humor ele ficará mais agitado e alegre, se estiver de mau humor, ele também se mostrará triste e estressado.
O mesmo acontece quando o tutor ou alguém próximo adoece. Os animais tendem a apresentar comportamentos de inquietação e tristeza, e alguns mostram desejo de permanecer sempre ao lado de quem está debilitado. Em alguns casos, ficam tão abatidos ao nível de adoecer também ou ficarem prostrados. Estes são os reflexos do que o cão sente pela sua família e a sua forma de demonstrar carinho, afeto e companheirismo.
O faro dos cães quase nunca se engana! Eles também conseguem perceber quando alguém está a mentir ou quando uma pessoa não é merecidamente confiável. Aqui, contudo, há que ter atenção pois a antipatia de um cão por determinada pessoa pode dever-se ao cheiro de outro animal (um gato, por exemplo) nas suas roupas, alguma característica física, o tom de voz, etc. Há casos, porém, em que os cães realmente se apercebem do lado menos bom da personalidade de alguém. Por isso, esteja atento!
Os cães são companheiros que nunca o dececionam ou cancelam planos, e ainda motivam a prática de exercícios físicos. Por mais preguiça que o tutor tenha de sair, ao pensar na alegria que lhe dará ao ir passear, vai ganhar energia e manter afastado o sedentarismo.
Os cães são bons companheiros de caminhadas, e estarão sempre felizes e animados por estar com o tutor fazendo com que este se divirta. Aproveite!
Com um cão também nunca terá de comer sozinho. Uma queixa comum entre pessoas que moram sozinhas é o facto de ter de fazer as refeições sem companhia. Quem tem um cão em casa nunca terá este problema, pois ele irá adorar estar ao lado do tutor enquanto este almoça, janta, ou lancha. Entretanto, o problema passa a ser outro, pois ele irá querer comer tudo o que está na mesa.
Um cão é a melhor companhia para ver TV. O facto de nenhum dos amigos do tutor gostar do mesmo tipo de programas e filmes não tem importância pois o cão irá adorar ficar deitado junto deste a ver TV, enquanto recebe carinho. Outra vantagem é que o cão nunca irá contar o fim do filme ou tecer comentários desnecessários durante a sua exibição. Quer melhor companhia?
Estas são apenas algumas das características que fazem destes animais, realmente, os nossos melhores amigos. Mas, numa relação de amizade tem de haver reciprocidade.
Se não tem um cão e está a pensar adquirir um, saiba que além de todo o amor, alegria, e carinho que ele trará para a sua vida, também lhe vai dar algum trabalho. É preciso saber respeitar a sua natureza e cuidar dele como se cuida de um filho: dar-lhe comida, água, banho, passear, brincar, dar medicamentos quando necessário e, acima de tudo, muito amor.
Ter um cão é ter o privilégio de lidar com um amor incondicional, com um sentimento verdadeiro que vai além da compreensão humana. Sabemos que o cão é o melhor amigo do homem, mas seremos nós amigos de verdade dos cães?