SCOTTISH TERRIER, O PEQUENO GUERREIRO

SCOTTISH TERRIER, O PEQUENO GUERREIRO

CANÍDEOS

  Tupam Editores

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Numa época já distante, mais especificamente no início do século XIX, na pequena e simpática cidade escocesa de Aberdeen, viveu um cidadão de nome Van Best, considerado durante anos e anos o melhor criador de um cão terrier especial – o Scottish Terrier, ou Scottie.

O Scottish Terrier é uma das raças mais antigas e primitivas. Segundo os historiadores, faz parte da "paisagem" escocesa há tanto tempo, que leva os mais apaixonados a dizerem que "já existiam Scottishes nas Highlands quando a Europa ainda estava sob domínio romano".

A sua história confunde-se com a dos outros terriers escoceses: o Skye Terrier, o Cairn Terrier e o West Highland White Terrier. Estas três raças consideradas atualmente independentes, tiveram um passado comum, tendo sido conhecidas apenas como Aberdeen Terrier (assim designados por serem muito populares nesta cidade).

Até ao final do século XIX, os cães deste grupo eram de facto cruzados entre si, sendo que na mesma ninhada podiam encontrar-se os vários tipos de terrier. A única exigência dos donos na altura era que os cães cumprissem o seu papel de exterminadores de roedores.

A raça pertence ao grupo dos cães especializados na caça de pequenos animais (pequenas raposas, coelhos, esquilos e outros animais de pequeno porte) debaixo de terra – daí terem sido apelidados de Terriers –, ou que os afugentava das tocas para os seus donos, já que a caça, na época, era uma atividade primordial, respeitando ainda as exigências dos lordes, de não poderem possuir um grande cão caçador.

A luta pelo reconhecimento do Scottish Terrier como raça independente foi longa e polémica. Em 1879, os Scottish Terriers figuraram pela primeira vez sob esse nome numa exposição canina. Contudo, aquilo que parecia indicar que a raça estava no bom caminho, revelou-se um grande dissabor para os escoceses. Em 1887, foi fundado o primeiro clube da raça, ironicamente não na Escócia, mas em Inglaterra. Um ano mais tarde, em resposta ao "Scottish Club of England", os escoceses criaram o "Scottish Club of Scotland". Após décadas de discussões, os dois clubes finalmente entravam em acordo em relação ao padrão da raça e ao nome, Scottish Terrier, que foi aceite pelo United Kennel Club em 1930.

Não demorou muito após o aperfeiçoamento da raça, para que os Scotties se tornassem uma das raças mais famosas a nível mundial. Aliás, entre 1920 e 1940, a raça tornou-se popular ao ponto de ter a sua imagem estampada em rótulos de garrafas do whisky Black and White.

No pico da sua popularidade, os Scottish Terriers receberam a atenção de muitas figuras públicas. Entre os mais famosos donos de Scotties estão vários presidentes norte-americanos e estrelas de Hollywood: George W. Bush, Franklin Roosevelt, Ronald Reagan, Theodore Roosevelt, Humphrey Bogart, Bette Davis, Julie Andrews, Liza Minnelli e a Rainha Victoria de Inglaterra.

A sua popularidade na Europa também é muito grande, e um dos mais famosos Terriers figurou na animação "A Dama e o Vagabundo" (Lady and the Tramp) – um filme produzido pela Disney em 1955 –, através da personagem Joca, um amigo amável e leal, características simples de um animal que de pequeno, só tem o porte.

Características físicas do animal: o padrão oficial da raça

O Scottish Terrier é um cão compacto, robusto, de dimensões apropriadas para trabalhar junto ao solo e introduzir-se nas tocas. Atarracado e plantado sobre membros curtos em atitude de atenção, oferece uma imagem de grande potência e agilidade num volume reduzido.

Apesar dos membros curtos, a sua constituição é tal que lhe permite grande destreza e liberdade de movimentos: a sua andadura é fluida e desembaraçada, com os membros retos para a frente, livres nas articulações do ombro, do joelho e dos jarretes.

A cabeça – portada sobre um pescoço musculoso e de comprimento moderado, mostrando qualidade – dá impressão de ser longa para um cão da sua estatura. Os olhos são amendoados, castanho escuros, penetrantes e vivos, estão razoavelmente afastados, e com inserção profunda sob as sobrancelhas; as orelhas, não muito juntas, são bem desenhadas, grandes de base larga, eretas e pontiagudas dando-lhe um aspeto de estar preparado para tudo.

É detentor de uma boca com dentes grandes, com mordedura em tesoura, perfeita e regular, isto é, os incisivos superiores ultrapassam, tocando, com a face posterior, a face anterior dos incisivos inferiores.

O tronco é composto por costelas bem arredondadas, achatando-se, para um peito profundo, e bem anguladas para trás e o dorso, proporcionalmente curto e muito musculado. Linha superior reta e nivelada. Lombo musculoso e profundo. O acoplamento muscular (coupling), das costelas com a garupa, é poderoso.

A cauda é de tamanho médio, conferindo o equilíbrio da forma geral, grossa na raiz, afinando para a ponta; de inserção alta e porte empinado ou levemente inclinada para a frente.

No que respeita aos membros anteriores, destaca-se um antepeito projetado à frente dos anteriores, de boa ossatura e metacarpos retos. Peito razoavelmente amplo, profundo entre os anteriores, sem interferir na movimentação, e uns cotovelos que trabalham bem ajustados, rente ao tórax e corretamente direcionados para a frente.

Os membros posteriores são notavelmente poderosos, para o talhe da raça. Culotes largos e grandes, coxas largas e joelhos bem angulados. Jarretes curtos, fortes e corretamente direcionados para a frente.

As patas são de bom tamanho, bem acolchoadas e com dedos bem arqueados e fechados; as posteriores ligeiramente menores que as patas anteriores, que lhe permitem uma movimentação suave e livre.

De acordo com o padrão da raça, o Scottie atinge uma altura na cernelha entre 25 a 28 cm, e os 8,5 a 10,5 kg de peso.

A sua pelagem colocou-o entre os cães com mais estilo. As cores aceites são o preto, trigueiro ou malhado, em qualquer tonalidade, e a pelagem é dupla, bem assente, densa, com textura de arame, e o subpelo curto, denso e suave, os quais, em conjunto, compõem uma manta resistente às intempéries. Preferem, aliás, os climas frios.

Com uma expectativa de vida entre 12 a 15 anos, são cães moderadamente ativos, perfeitamente adaptados a apartamentos, casas ou grandes propriedades, sendo necessário apenas um pouco de paciência para que aprendam as regras, e se adaptem à família.

Temperamento e comportamento do Scottish Terrier

Se o termo terrier não for suficiente para conhecer o temperamento deste Scottie, que tal dizer que a este pequeno cão foi dada a alcunha de "diehard", que significa "duro de roer". Pode mesmo dizer-se que o Scottie é um cão grande aprisionado num corpo pequeno.

Estes cães são destemidos, corajosos, determinados, com personalidade forte e independência mas, não sendo um modelo de obediência, sabem exatamente onde se situam os seus limites.

Apesar de serem bons cães de alerta, não servem como cães de guarda. O facto de serem destemidos torna-os, nalguns casos, agressivos com outros cães, que tendem a atacar quando irritados. Não são amigos dos outros cães, nem de estranhos, mas são bastante carinhosos com a sua família humana, com quem são muito amáveis e fieis companheiros. Geralmente escolhem o dono entre a família e costumam afeiçoar-se mais a essa pessoa.

O seu relacionamento com as crianças, contudo, pode ser complexo, pois apesar do tamanho e da sua aparência de peluche não são decididamente cãezinhos de "colo", não têm paciência para brincadeiras, nem apertos, e podem acabar por responder com uma dentada a alguma atividade mais violenta das crianças.

São teimosos, frios, arrogantes (ao ponto de serem um pouco difíceis de treinar), e eternos cavadores, assim, se morar num local com jardim eles certamente irão escavá-lo incessantemente, de maneira a extravasar a muita energia que possuem.

São animais bastante territoriais, sempre alerta, rápidos e às vezes mal-humorados, até mesmo mais do que os outros terrier. A raça é conhecida por ser ágil, brincalhona, inteligente, travessa, divertida, embora o seu temperamento tenda a mudar ao longo da vida, tonando-se mais reservados com o passar do tempo.

Mas não pense que os filhotes dos Scotties são diferentes dos adultos, pelo contrário, são um poço de energia e já possuem um temperamento forte e voluntarioso. Devido às suas origens, podem ser um tanto destruidores, uma vez que os instintos de "caçador" ainda não foram reprimidos. Esta é a melhor fase para o dono dar início a um programa de adestramento, com o objetivo de aproveitar a plena energia do filhote.

É fundamental ter bastante paciência e conheçer em detalhe as características psicológicas da raça. Pode ser muito difícil convencer um Scottish a mudar a sua maneira de agir, por isso, para treiná-lo é preciso uma mão firme mas gentil, ou ele irá rapidamente "tomar conta da casa".

Poucas raças caninas foram desenvolvidas com tanto cuidado na preservação das suas características quanto o Scottish Terrier, o que faz dele um cão muito especial e explica o elevado número de admiradores.

Saúde, cuidados e necessidades básicas

O Scottie é uma raça geralmente saudável que precisa de estimulação física e mental regular, a fim de permanecer feliz e bem proporcionado. Todas as raças têm algumas preocupações específicas de saúde, e esta não é exceção.

A dieta é especialmente importante para os Scotties devido à sua propensão para sofrer de alergias e doenças do fígado, entre outras moléstias animal.

É preciso ter um cuidado especial com a alimentação do Scottish Terrier. Por gostar muito de comer, e assim engordar com alguma facilidade, a sua alimentação deve ser equilibrada, e sem excessos, para que mantenha o peso adequado. Se possível, dar preferência a uma ração de boa qualidade proteica, à qual o cão se adapte bem, como por exemplo as rações de tipo Super Premium (rações de primeira qualidade e alta digestibilidade).

Os dentes do cão também não devem ser descurados. Aposte na higiene bucal: o uso de pequenos ossos e biscoitos próprios para cães diminui a incidência de tártaros, assim como a escovação diária dos dentes com escova e pasta próprias. A presença de tártaro só deverá ser removida por um médico veterinário.

Vermifugações periódicas – dependendo da exposição do cão, semestralmente será suficiente –, e o reforço anual das vacinas são cuidados a manter, tal como o controle de ectoparasitas, como pulgas e carraças – já existem produtos que podem ser aplicados mensalmente e previnem ambas as infestações, inclusive em filhotes e cadelas prenhes.

Outros cuidados como não submeter o cão a stress, impedir que ele tenha um contacto direto com produtos de limpeza e não dar muitos banhos evitam vários problemas, como as dermatites.

Aliás a escovagem, o banho, e a tosa são indispensáveis para manter a saúde do cão. De forma geral o banho deve ser semanal, devendo ser aproveitada a oportunidade para limpar os ouvidos e, quando necessário, aparar as unhas – as quais (como em todos os caninos) têm sangue e só devem ser cortadas por alguém com experiência –, e a escovagem é uma tarefa contínua e uma responsabilidade importante, uma vez que os seus pelos caem continuamente.

O propósito de se tosar um Scottish terrier consiste em acentuar sua aparência vigorosa, forte e truculenta que os diferencia de todas as outras raças. Esta deve ser frequente, no mínimo a cada três meses, de acordo com o padrão da raça.

O pescoço, ombros, laterais e costas podem ser tosadas à máquina, mantendo-se os pelos bem curtos. Já a tosa higiénica (aparam-se os pelos ao redor do ânus, da genitália, entre os dedos e em volta dos pés) deve ser feita, e retocada a cada 15 a 30 dias.

A reprodução da raça é outro assunto que exige alguns cuidados. As fêmeas têm o início da vida reprodutiva caracterizado pelo cio (que ocorre a cada seis a oito meses e dura, em média, de 8 a 15 dias) durante o qual a fêmea fica recetiva a ser coberta por um macho. Apesar do advento do 1º cio ter uma grande variação entre as cadelas, dá-se normalmente entre os oito e os dez meses de idade. Não se deve, contudo, deixar cobrir uma fêmea no 1º cio, sendo preferível avaliar o seu estado corporal antes de decidir acasalá-la.

No que diz respeito aos machos, apesar de estes iniciarem a vida reprodutiva em torno dos oito meses de idade, só devem ter a sua primeira cobertura a partir de um ano de idade.

A nível de saúde, embora sejam bastante resistentes, estes cães têm alguma propensão para desenvolver alguns tipos de cancro como o da bexiga, intestinos, estômago, da pele, e da mama. Além disso, apresentam predisposição genética para algumas doenças para as quais convém estar atento, como é o caso da paralisia do Scottish que, apesar de ser um problema hereditário típico da raça, talvez seja o menos grave do ponto de vista do animal; A doença de Von Willebrand – uma deficiência de coagulação sanguínea; a síndrome de Cushing – doença endócrina que se caracteriza por uma produção excessiva de cortisol pelas glândulas suprarrenais; hipotiroidismo – baixa produção de hormonas da tiroide; epilepsia; osteopatia craniomandibular – um problema genético que se caracteriza pelo crescimento anormal dos ossos da mandíbula; e a catarata juvenil.

Para além de todos os cuidados e exigências anteriormente mencionadas, o cão da raça Scottish Terrier necessita de bastante exercício para se manter saudável. Longas caminhadas diárias são o exercício perfeito para ele, mas atenção, jamais o deixe solto, sem a guia, pois é um cão que irá atrás de qualquer gato ou rato que se atravesse no seu caminho. E não se deixe enganar pelo seu tamanho… pode ser difícil dominá-lo!

Autor:
Tupam Editores

Última revisão:
28 de Novembro de 2024

Referências Externas:

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