No estudo, publicado na revista Nature, os especialistas descobriram que a imobilidade de certas células-tronco nos folículos capilares impede a regeneração do pigmento, o que causa os cabelos grisalhos.

A investigação concentrou-se nas células-tronco dos melanócitos (McSCs), que são responsáveis pela pigmentação do cabelo. Através de experiências em ratinhos, a equipa identificou que, em condições normais, essas células se movimentam entre diferentes compartimentos do folículo piloso. Esse movimento permite que eles amadureçam e adquiram a proteína necessária para gerar o pigmento, mantendo assim a cor do cabelo.

Porém, quando essas células ficam presas num compartimento específico, perdem a capacidade de se regenerar e, consequentemente, o cabelo fica branco. De acordo com a Dra Mayumi Ito, investigadora principal do estudo, a chave para prevenir o envelhecimento pode estar na restauração da mobilidade dessas células-tronco. Se se conseguir fazer com que as células presas se movam novamente, o envelhecimento pode ser revertido.

Apurou-se ainda que, com o tempo, o acúmulo de células-tronco dos melanócitos imóveis numa determinada área do folículo piloso aumentou, representando até 50% do número total dessas células. Por outro lado, as células que mantiveram a mobilidade continuaram a produzir pigmento, o que sugere que o envelhecimento e o stress apenas aceleram o processo de imobilização, mas não o iniciam.

Investigações anteriores sugeriram que o stress desempenha um papel fundamental no envelhecimento dos cabelos. Um estudo independente conduzido em Harvard descobriu que o stress pode acelerar o envelhecimento dos folículos capilares ao aumentar a taxa de crescimento do cabelo, fazendo com que as MCSCs se esgotem mais rapidamente. No entanto, as novas descobertas da Universidade de Nova York reforçam a teoria de que o envelhecimento é principalmente resultado da falta de mobilidade dessas células-tronco.

Por razões que ainda se desconhecem, o sistema de células-tronco dos melanócitos falha mais cedo do que outras populações de células-tronco adultas, originando cabelos grisalhos na maioria dos humanos e ratinhos.

O próximo passo dos especialistas é desenvolver estratégias para reativar o movimento das células presas. Entre as possíveis soluções está a manipulação da proteína WNT, que desempenha um papel crucial na regeneração celular.
Estão ainda a ser exploradas terapias genéticas e medicamentos que podem estimular a motilidade do McSC. Se for bem-sucedida, essa investigação poderá inaugurar uma era em que os cabelos grisalhos serão coisa do passado.