A equipa, que incluiu especialistas da Faculdade de Medicina da Universidade de Yan'an e do Hospital Afiliado da Universidade de Yan'an, comparou as taxas de aborto espontâneo e as estatísticas de poluição do ar num período de dois anos numa cidade na China.

Foram estudados os dados recolhidos por estações de monitorização da qualidade do ar na cidade de Baoji, conhecida pelos níveis elevados de poluição do ar, principalmente porque as pessoas queimam carvão nas suas habitações para se aquecerem no inverno.

Devido às condições climáticas, os níveis de poluição mudam drasticamente ao longo do ano. Queima-se muito mais carvão no inverno e na primavera do que durante o verão e o outono, o que torna esta cidade a candidata ideal para avaliar a relação do aborto espontâneo com a poluição do ar.

Foram obtidos os números de abortos espontâneos desta cidade dos anos de 2017 a 2019. Os especialistas verificaram que, de 770 gravidezes em mulheres entre os 19 e os 44 anos de idade, 154 resultaram em aborto espontâneo. Constatou-se ainda que havia muito mais abortos espontâneos durante o inverno e a primavera, quando a poluição do ar estava no seu pior, do que durante o verão e o outono.

Apesar de não conseguirem explicar por que razão a poluição do ar pode levar a um aborto espontâneo, os investigadores aperceberam-se de que estudos anteriores haviam mostrado que alguns tipos de poluição do ar podem levar à inflamação.
Além disso, a poluição do ar em Baoji tem níveis elevados de de dióxido de enxofre, partículas finas e dióxido de nitrogénio. Estudos realizados anteriormente mostraram que a exposição a estes poluentes pode levar a uma vida mais curta, assim como a doenças cardíacas e pulmonares.

Os investigadores suspeitam que as partículas finas no ar – conhecidas por causar inflamação e danos aos tecidos – são as responsáveis pelo aumento de abortos espontâneos.