Mifepristona é esperança para tratamentos antienvelhecimento
Uma nova investigação de biólogos da Faculdade de Letras, Artes e Ciências da USC Dornsife, em Los Angeles, revelou que a mifepristona, um medicamento mais conhecido pelo seu uso na interrupção de gestações precoces, também pode aumentar a expectativa de vida – uma descoberta que pode abrir caminho para tratamentos antienvelhecimento.
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A substância, que também é utilizada no tratamento da doença de Cushing e certos tipos de cancro, chamou a atenção dos cientistas que exploram formas de promover vidas mais longas e saudáveis.
O estudo, publicado no jornal Fly, envolveu moscas-da-fruta (Drosophila melanogaster) e comparou os efeitos da mifepristona à rapamicina, um medicamento que demonstrou ter capacidade para aumentar a expectativa de vida de uma variedade de animais.
Os especialistas descobriram que ambos os medicamentos aumentaram independentemente a expectativa de vida das moscas-da-fruta. Curiosamente, a combinação dos dois medicamentos não ofereceu benefícios adicionais, aliás, reduziu ligeiramente a expectativa de vida, o que sugere que agem pela mesma via biológica.
Para compreender como a mifepristona e a rapamicina podem aumentar a expectativa de vida, a equipa concentrou-se na mitofagia, que é como um processo de “limpeza” celular onde as mitocôndrias danificadas ou disfuncionais – os produtores de energia da célula – são quebradas e recicladas.
A mitofagia prejudicada tem sido associada ao envelhecimento e a doenças relacionadas à idade, mas acredita-se que a mitofagia aumentada seja um fator nos efeitos de extensão da vida da rapamicina.
Pela primeira vez, os especialistas conseguiram medir a mitofagia de forma não invasiva em moscas-das-frutas, tendo descoberto que a mifepristona aumentou a mitofagia na mesma extensão que a rapamicina. Segundo John Tower, da USC Dornsife, o facto de a mifepristona poder aumentar a mitofagia revela o seu potencial como um tratamento antienvelhecimento.
Uma vez que isto já foi provado em investigações anteriores, o redirecionamento da mifepristona para ensaios clínicos antienvelhecimento poderá ser mais rápido, possivelmente acelerando o desenvolvimento de novas terapias de longevidade.
Os estudos realizados no futuro terão de determinar se os efeitos observados nas moscas-da-fruta podem ser replicados em humanos e, se assim for, a mifepristona poderá ser uma maneira relativamente acessível e segura de reduzir o declínio celular relacionado à idade, abrindo caminho para outras terapias que melhoram a saúde mitocondrial para dar suporte à longevidade.