Metformina reduz envelhecimento de órgãos em macacos machos
Uma equipa de biólogos de várias instituições da China, em conjunto com um colega dos EUA, descobriu que dar a macacos cynomolgus o medicamento para a diabetes metformina pode reduzir o envelhecimento em vários órgãos, incluindo o cérebro.
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Investigações anteriores haviam sugerido que a metformina, que tem sido administrada para ajudar a tratar pacientes com diabetes tipo 2, tem algum grau de componente antienvelhecimento.
Estudos que envolveram a administração do medicamento a roedores, moscas e vermes encontraram indícios de rejuvenescimento, e as pessoas que tomam metformina durante longos períodos também relatam que se sentem mais jovens quanto maior o tempo de toma.
O estudo, publicado no periódico Cell, teve a duração de 40 meses e foi desenvolvido especificamente para descobrir mais sobre o impacto do medicamento na idade biológica dos mamíferos. Ao longo deste período de tempo, o medicamento foi administrado diariamente a 12 macacos cynomolgus machos idosos e a 18 outros macacos cynomolgus.
Antes, e periodicamente durante o estudo, os especialistas recolheram amostras de tecido de vários órgãos, fizeram imagens dos cérebros dos macacos e conduziram testes físicos e mentais para monitorizar quaisquer alterações na sua idade biológica até ao nível celular.
Foram descobertas evidências de uma desaceleração no envelhecimento biológico em muitos dos órgãos, incluindo rins, pulmões e pele, mas o órgão que parecia beneficiar mais era o cérebro. A metformina exerce um efeito neuroprotetor substancial, preservando a estrutura cerebral e melhorando a capacidade cognitiva.
Os resultados destacaram uma desaceleração significativa dos indicadores de envelhecimento, notavelmente uma regressão de aproximadamente seis anos no envelhecimento cerebral.
Numa análise mais detalhada de como o medicamento pode ajudar a retardar o declínio cerebral relacionado à idade, a equipa descobriu que os efeitos geroprotetores nos neurónios dos primatas foram parcialmente mediados pela ativação do Nrf2, um fator de transcrição com capacidades antioxidantes.
Os investigadores reconhecem as limitações deste estudo, nomeadamente um único género e a duração e o número de macacos envolvidos, pelo que sugerem a realização de uma investigação muito maior, mais longa e, acima de tudo, que inclua testes em humanos.