A investigação, publicada no Journal of Vision, revelou novas perceções sobre a relação entre imagens visuais e integração multissensorial em pessoas com afantasia. Também referida como imaginação cega, a afantasia é uma condição mental caracterizada pela incapacidade de visualizar voluntariamente imagens mentais.

Quando olhamos para algo, as informações são transmitidas dos nossos olhos para uma parte do cérebro chamada córtex visual. Além da sua entrada do mundo externo, que é chamada de informação feedforward, o córtex visual também recebe informações de feedback de outras partes do cérebro.
Essas informações de feedback são cruciais para nos ajudar a contextualizar e entender o que estamos a ver, mas também nos podem permitir experimentar coisas que não estão no mundo externo, como acontece com as imagens visuais.

Embora as causas da afantasia estejam em debate, as evidências mostram que pode ser causada por uma redução do feedback para o sistema visual, e é o que os investigadores procuraram descobrir no estudo.

No estudo, participantes afantásicos vendados ouviram cenas auditivas. Trabalhos realizados anteriormente pelos investigadores mostraram que as cenas auditivas não são apenas processadas no córtex auditivo, mas também são representadas nas áreas visuais do cérebro em participantes vendados e em cegos congénitos.

Mas os participantes afantásicos referem uma representação reduzida do conteúdo sonoro nas suas áreas visuais. Este padrão de resultados sugere que os sinais de feedback para o sistema visual podem ser mais fracos na afantasia, o que por sua vez pode estar ligado à ausência de imagens visuais.

Para o professor Lars Muckli, da Escola de Psicologia e Neurociência da Universidade, entender que indivíduos com afantasia são cegos para o olho da mente é intrigante. O estudo ajuda a descobrir que a afantasia pode acompanhar o feedback reduzido para o córtex visual inicial.