Dismorfia corporal na adolescência afeta especialmente meninas
Muitos adolescentes – especialmente meninas – são afetados pelo Transtorno Dismórfico Corporal (TDC), uma condição na qual ficam obcecados com falhas percebidas na sua aparência pessoal, revelou um novo estudo levado a cabo por investigadores da University College London.
Engana-se quem pensa que os conceitos e padrões de beleza são invenções modernas. Já na Grécia antiga existiam padrões de beleza muito bem estabelecidos. Estes modelos sofreram alterações ao longo dos tempos e homens e mulheres procuraram adaptar-se às mudanças para conseguir a aprovação das pessoas ao seu redor.
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De acordo com um relatório publicado recentemente no Journal of the American Academy of Child and Adolescent Psychiatry, o TDC afeta cerca de dois em cada 100 adolescentes (1,9%). O distúrbio é seis vezes mais comum em meninas do que em meninos, afetando 1,8% das meninas em comparação com 0,3% dos meninos.
Segundo a investigadora principal, Georgina Krebs, os números evidenciam a importância de os profissionais de saúde estarem atentos aos sinais da doença. Uma vez que os jovens com TDC tendem a não revelar espontaneamente os seus sintomas, a menos que sejam diretamente questionados, é crucial que os médicos utilizem ferramentas de rastreio do TDC e perguntem diretamente aos jovens sobre preocupações com a sua aparência.
Durante o estudo, foram analisados dados de mais de 7.600 crianças e adolescentes entre os 5 e os 19 anos de idade, que participaram da Investigação Saúde Mental de Crianças e Jovens na Inglaterra de 2017. Nesta investigação foi perguntado às crianças se alguma vez se preocupavam com a sua aparência. Aqueles que responderam “um pouco” ou “muito” foram submetidos a nova triagem para TDC.
Os especialistas descobriram que quase 70% dos jovens com TDC também preenchiam os critérios diagnósticos para pelo menos um outro transtorno psicológico, tendo-se verificado que os transtornos de ansiedade (59%) e a depressão (32%) eram os problemas de saúde mental mais comuns que ocorriam concomitantemente com o distúrbio. Além disso, quase metade (46%) dos jovens com TDC relatavam automutilação ou tentativas de suicídio, em comparação com 8% daqueles sem o transtorno.
Para Krebs, a triagem de TDC em jovens com transtornos de ansiedade e depressão – as comorbidades mais comuns –, provavelmente melhorará a deteção deste distúrbio.
O estudo permitiu concluir que os adolescentes que estavam excessivamente preocupados com a sua aparência, mas que não correspondiam ao padrão de diagnóstico para TDC, apresentavam igualmente padrões semelhantes de problemas de humor coexistentes.
Os investigadores realçam que o TDC e a preocupação com a aparência são relativamente comuns, especialmente entre meninas adolescentes, e estão associados a psicopatologia, risco e prejuízos substanciais concomitantes, sendo necessário aumentar a conscientização sobre o distúrbio, melhorar as práticas de triagem e reduzir as barreiras ao tratamento baseado em evidências.
