No estudo, publicado online na revista Scientific Reports, a equipa de investigação examinou os riscos de complicações metabólicas, malignidade, resultados a longo prazo e alterações histopatológicas da bexiga nativa e do intestino aumentado após uma CA em 22 pacientes pediátricos com bexiga neurogénica.

Os especialistas verificaram que a taxa de continência urinária melhorou de 22,7% para 81,8% no pós-operatório. Em 17 dos 19 pacientes, a hidronefrose foi resolvida. Em 16 e sete das unidades ureterais em refluxo, o refluxo vesicoureteral foi resolvido e reduzido (64,0% e 28,0%, respetivamente). Após a CA foram observadas melhorias significativas nos graus de hidronefrose e refluxo.

Observou-se ainda um aumento significativo na taxa de filtração glomerular estimada. A complicação tardia mais frequente foi a formação de cálculos no trato urinário (8 pacientes; 36,4%). Um paciente apresentou perfuração espontânea da bexiga com risco de vida.

Não houve casos de mortalidade, acidose metabólica sintomática de início recente ou alterações nos eletrólitos séricos após um acompanhamento médio de 13,4 ± 5,9 anos. Não se observou nenhum caso de malignidade ou alterações metaplásicas na bexiga nativa ou no epitélio intestinal aumentado entre os 17 pacientes acompanhados durante mais de 10 anos.

Segundo os autores, a CA é uma opção de tratamento altamente confiável para a bexiga neurogénica refratária em crianças. O procedimento aumenta com sucesso a capacidade e compliance da bexiga, preserva a função renal, melhora a deterioração anatómica do trato urinário superior e proporciona continência urinária.

A bexiga neurogénica consiste na perda do funcionamento normal da bexiga provocada por lesões de uma parte do sistema nervoso. A bexiga neurogénica pode ter origem numa doença, num trauma ou num defeito de nascença que afete o cérebro, a espinal medula ou os nervos que se dirigem para a bexiga, para o seu esfíncter ou para ambos.