Risco de suicídio não é maior nos utilizadores de isotretinoína
A acne é uma condição comum que está associada a uma morbidade considerável, particularmente de ordem psiquiátrica e psicológica. Embora estejam disponíveis vários tratamentos, a isotretinoína é o único medicamento que é altamente eficaz e que pode originar uma melhoria duradoura desta doença de pele.
Mas a isotretinoína pode estar associada a uma variedade de efeitos colaterais, incluindo ressecamento mucocutâneo, fotossensibilidade e sintomas musculoesqueléticos, entre outros. Existem ainda preocupações e controvérsias sobre se está associada à morbidade psiquiátrica, incluindo ao suicídio.
Mas, de acordo com um estudo realizado por investigadores da Escola de Medicina da Universidade Nacional de Singapura, os utilizadores de isotretinoína não têm um risco aumentado de suicídio ou de transtornos psiquiátricos e podem ter menor risco de tentar o suicídio.
A equipa esclareceu os riscos absolutos e relativos e os fatores de risco associados ao suicídio e distúrbios psiquiátricos entre os utilizadores de isotretinoína numa revisão sistemática de ensaios randomizados e estudos observacionais. Foram incluídos na revisão 25 estudos, com 1.625.891 participantes; e a metanálise incluiu 24 estudos.
O estudo, publicado recentemente no JAMA Dermatology, permitiu descobrir que o risco absoluto agrupado num ano de suicídio consumado, tentativa de suicídio, ideação suicida e automutilação foi inferior a 0,5% em dois a oito estudos, enquanto o de depressão foi de 3,83% em 11 estudos.
A probabilidade de tentativa de suicídio dois, três e quatro anos após o tratamento foi menor entre os utilizadores de isotretinoína versus os não utilizadores.
Não se observou nenhuma associação entre a isotretinoína e o risco de todos os transtornos psiquiátricos. Estudos com participantes de idade mais avançada revelaram um risco absoluto menor de depressão num ano, já um risco absoluto maior de suicídio consumado num ano foi observado em estudos com uma percentagem maior de participantes do sexo masculino.
Para Nicole Kye Wen Tan, uma das investigadoras envolvidas, apesar de as descobertas serem tranquilizadoras os médicos devem continuar a praticar cuidados psicodermatológicos holísticos e monitorizar os pacientes quanto a sinais de sofrimento mental durante o tratamento com este medicamento.