Falta de nutrientes na infância danifica cérebro definitivamente
O desenvolvimento do cérebro consiste numa sequência de etapas coordenadas que são instruídas principalmente pelos nossos genes. Durante essas etapas o posicionamento e a funcionalidade adequados das células nervosas no cérebro (neurónios) são críticos – os neurónios não funcionais ou posicionados incorretamente podem levar a consequências neuropatológicas graves.
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As mutações nos genes que coordenam este programa estão frequentemente ligadas a distúrbios do neurodesenvolvimento, que são mecanismos intensamente estudados.
Mas os stressores ambientais, como a escassez de nutrientes ou a desnutrição também podem influenciar o desenvolvimento do cérebro. Contudo, a ciência ainda sabe muito pouco sobre a importância de nutrientes específicos e sobre o papel do metabolismo durante o desenvolvimento do cérebro.
Uma equipa de investigadores do Instituto de Ciência e Tecnologia da Áustria começou agora a esclarecer esse mistério do cérebro. Para isso traçaram detalhadamente o perfil do programa nutricional no cérebro de ratinhos, isolando o efeito da falta de nutrientes específicos.
Lisa Knaus, uma das investigadoras envolvidas no projeto, descobriu que um grupo de aminoácidos (os blocos de construção das proteínas) desempenha um papel fundamental em determinados estágios do desenvolvimento cerebral.
Quando se deixava as células nervosas sem o suprimento necessário desses aminoácidos os animais experimentavam efeitos graves após o nascimento, que perduraram durante a vida adulta. Constatou-se que os ratinhos desenvolveram mesmo microcefalia, uma redução no tamanho do cérebro, como a recentemente associada à infeção pelo vírus Zika.
Segundo os investigadores, entender como os nutrientes específicos podem influenciar a maturação do cérebro pode ser fundamental para prevenir ou corrigir aspetos de certas condições de desenvolvimento neurológico, como é o caso do autismo, por exemplo, para o qual ainda não há uma etiologia definida.
Knaus refere que este estudo veio provar que até as pequenas mudanças no metabolismo e na disponibilidade de nutrientes podem ter consequências graves para o desenvolvimento e a função do cérebro.