Estudo mostra que cigarros eletrónicos causam arritmias cardíacas
A exposição a aerossóis de cigarros eletrónicos pode causar arritmias cardíacas em modelos animais – tanto na forma de batimentos cardíacos prematuros quanto de falhas de batimentos cardíacos, apurou um estudo realizado por investigadores do Christina Lee Brown Envirome Institute, da Universidade de Louisville.
As arritmias são alterações no ritmo ou na frequência cardíaca, podendo esta acelerar-se, ser mais lenta ou tornar-se irregular.
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As descobertas sugerem que a exposição a produtos químicos específicos nos líquidos dos cigarros eletrónicos (e-líquidos) promovem arritmias e disfunção elétrica cardíaca. Esses efeitos podem aumentar o risco de fibrilação atrial ou ventricular e paragem cardíaca súbita
Durante o estudo, publicado recentemente na revista Nature Communications, a equipa testou os impactos cardíacos de aerossóis de cigarros eletrónicos inalados apenas a partir dos dois principais ingredientes dos e-líquidos (propilenoglicol sem nicotina e glicerina vegetal) ou de e-líquidos com sabor contendo nicotina.
Os especialistas descobriram que, para todos os aerossóis de cigarro eletrónico, a frequência cardíaca dos animais diminuiu durante as exposições ao sopro e acelerou depois, à medida que a variabilidade da frequência cardíaca diminuiu, indicando respostas ao stress de luta ou fuga. Além disso, as baforadas de cigarro eletrónico de um e-líquido com sabor a mentol ou de apenas propilenoglicol causaram arritmias ventriculares e outras irregularidades de condução no coração.
As descobertas deste estudo são importantes pois fornecem novas evidências de que o uso dos cigarros eletrónicos pode interferir nos ritmos cardíacos normais – algo que não se sabia anteriormente. O facto é altamente preocupante, dado o rápido crescimento do seu uso, principalmente entre os jovens.
À medida que o uso dos cigarros eletrónicos cresce, as potenciais vantagens e malefícios do vaping têm sido debatidas. Por não envolver combustão, expõe os utilizadores e os espetadores a pouco ou nenhum monóxido de carbono, alcatrão ou nitrosaminas cancerígenas em comparação com os cigarros convencionais.
No entanto, os cigarros eletrónicos podem fornecer aldeídos, partículas e nicotina em níveis comparáveis aos cigarros combustíveis. O vaping pode ajudar os fumadores a deixar de fumar cigarros combustíveis, mas a vontade e a dependência dos cigarros eletrónicos podem incentivar os jovens a fumar alheios a riscos desconhecidos de longo prazo, ou a começar a fumar. Mais de 25% dos alunos do ensino superior e 10% dos alunos do ensino médio nos EUA relataram fumar cigarros eletrónicos antes da pandemia.
Segundo Alex Carll, líder do estudo, a descoberta de que ingredientes específicos nos líquidos dos cigarros eletrónicos promovem arritmias vem acentuar a necessidade urgente de mais investigações sobre os efeitos cardíacos desses componentes em animais e humanos.
