Dados preliminares de fármaco para Alzheimer encorajam cientistas
Os dados preliminares de um novo medicamento para Alzheimer revelaram que ele retardou o declínio cognitivo e funcional, sendo o primeiro a atingir esse objetivo.
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Estima-se que, actualmente, existam 20 milhões de pessoas, em todo o mundo, a sofrer de Alzheimer. A cada ano que passa, 4,6 milhões de pessoas são atingidas. LER MAIS
De acordo com os primeiros resultados anunciados pelos fabricantes Biogen e Eisai, o tratamento, denominado lecanemab, foi testado num ensaio clínico com quase 1.800 pessoas e diminuiu o declínio cognitivo em 27% num período de 18 meses.
Susan Kohlhaas, da Alzheimer Reino Unido, refere que este é o primeiro medicamento que demonstrou não apenas remover o acúmulo da proteína amilóide no cérebro, mas também ter um impacto pequeno, mas estatisticamente significativo, no declínio cognitivo em pessoas com a doença em estágio inicial.
Os especialistas alertam, contudo, que os seus comentários foram moderados pela natureza preliminar dos resultados, que foram anunciados por comunicado à imprensa antes da publicação num jornal revisto por pares, uma vez que as farmacêuticas querem disponibilizar o tratamento no mercado já em janeiro de 2023 nos Estados Unidos.
A Biogen já havia lançado no mercado outro medicamento para Alzheimer chamado Aduhelm, mas havia uma controvérsia significativa sobre as evidências de que funcionava, tendo a sua aprovação levado a três demissões de alto nível na Food and Drug Administration (FDA)
Os fabricantes do novo medicamento realçam que, além de retardar o declínio cognitivo, este tratamento também retardou o acúmulo da proteína amilóide no cérebro, que forma placas pegajosas e destroi as células cerebrais.
Os participantes do estudo foram divididos em dois grupos, um grupo de tratamento e um grupo placebo. Em ambos os grupos as pessoas tinham características semelhantes, incluindo uma ampla gama de condições subjacentes. Um quarto era hispânico ou afro-americano.
Os efeitos colaterais incluíram taxas mais altas de inchaço e hemorragia no cérebro no grupo que recebeu o tratamento, em comparação com o grupo que recebeu um placebo.
Os resultados do estudo dão aos doentes e às suas famílias esperança de que o lecanemab, se aprovado, possa potencialmente retardar a progressão da doença de Alzheimer.
Masud Husain, professor de neurologia da Universidade de Oxford, salienta que embora o resumo dos resultados pareça muito encorajador, há que ser cauteloso até que se possam rever os dados completamente.
É ainda importante ter em mente que os resultados do estudo se aplicam apenas a pessoas com doença de Alzheimer leve, e não a todos os doentes. Não se pode esquecer também que houve efeitos colaterais importantes da substância, incluindo hemorragias no cérebro.