Autismo em crianças dos EUA aumentou 50% em 3 anos
Um novo estudo publicado recentemente no conceituado periódico médico-científico JAMA Pediatrics indica que uma em cada 30 crianças nos EUA é autista.
O estudo publicado pelo JAMA Pediatrics, envolvendo 12 554 pessoas, revelou um aumento de cerca de 50% de crianças e adolescentes americanos com autismo no período de 2017 a 2020 e uma prevalência de 1 autista por cada 30 crianças e adolescentes daquele país, entre 3 e 17 anos, com dados atualizados de 2019 e 2020.
A prevalência anterior, considerada uma das mais relevantes do mundo, divulgada em dezembro de 2021 pelo Centro de Controle e Prevenção de Doenças do governo dos EUA (CDC), era de 1 em 44, com dados referentes a 2018.
Liderados por Wenhan Yang, os pesquisadores usaram dados da National Health Interview Survey (pesquisa realizada anualmente pelo CDC) para mostrar que o número de diagnósticos de transtorno do espectro autista (TEA) em crianças e adolescentes americanos tem vindo a aumentar desde o início das pesquisas.
A diferença deve-se ao facto de o CDC ter avaliado crianças de 8 anos e, neste estudo, publicado em 05 de julho de 2022, terem sido considerados indivíduos de 3 a 17 anos. A prevalência em 2019 foi de 1 em 35; em 2020, 1 em 28. Considerando-se os dois anos, o número final foi de 410 autistas em 12 554 indivíduos, ou seja, de 1 em 30.
A relação entre meninos e meninas situa-se em 3,5 para 1, isto é, os rapazes dos EUA continuam a ser a maioria dos diagnósticos. Porém, o número verificado em estudos anteriores era de 4 para 1 (4 rapazes para cada menina), e este estudo vem demonstrar uma tendência de queda para 3,55 para 1, sendo que dos 410 diagnósticos avaliados no estudo, 320 eram rapazes e 90 eram raparigas.
Embora o novo estudo não tenha tido em conta as razões para o aumento do TEA entre as crianças americanas, os especialistas já vieram dizer que o incremento no número de diagnósticos pode ser atribuído a um aumento da consciencialização pelas famílias e médicos sobre o TEA. No entanto, como o CDC admite, o diagnóstico de TEA é difícil, pois não há exame médico específico para diagnosticar o distúrbio, como por exemplo num exame de sangue. Segundo o CDC, é com base na análise do histórico de desenvolvimento e no comportamento da criança que os médicos podem fazer um diagnóstico correto.
De acordo com o CDC, alguns dos sinais de autismo podem incluir: reações incomuns ao cheiro, gosto, aparência, toque ou som; dificuldade de adaptação às mudanças na rotina; incapacidade de repetir ou ecoar o que lhes é dito; dificuldade em expressar desejos usando palavras ou movimentos; incapacidade para discutir os seus próprios sentimentos ou os de outras pessoas; dificuldade em lidar com atos de afeto; preferir ficar sozinho e evitar contato visual; dificuldade em se relacionar com outras pessoas; incapacidade para apontar objetos ou olhar para eles quando outros lhos apontam.
Ainda de acordo com o relatório, os especialistas apontam como fatores de risco que favorecem o aparecimento do autismo, os pais mais velhos, exposição à poluição no útero, uma mãe obesa durante a gravidez e o uso de drogas como a cannabis, entre outros.