Cães podem ser treinados para detetar vírus da Covid-19
Os cães podem ser treinados em semanas para detetar uma infeção por Covid-19, com um grau de precisão comparável a um teste de zaragatoa de nariz e garganta, apurou uma investigação realizada por cientistas da Universidade de Helsínquia, na Finlândia.
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Segundo os especialistas os cães podem ser treinados durante semanas para detetar o coronavírus com uma taxa de precisão de 92 por cento, o que torna esta habilidade uma mais-valia caso surja uma nova pandemia.
Para o estudo, publicado na revista BMJ Global Health, foram treinados quatro cães para farejar o vírus na primavera de 2020. Estes animais, previamente treinados para detetar drogas, produtos perigosos ou cancro, farejaram amostras de pele de 114 pessoas que testaram positivo para o vírus e de 306 que testaram negativo. Os cães conseguiram detetar o vírus com 92 por cento de precisão.
Os mesmo animais participaram ainda num teste em que cheiraram amostras de 303 passageiros que chegaram ao Aeroporto Internacional de Helsinque-Vantaa entre setembro de 2020 e abril de 2021. Eles identificaram corretamente 296 amostras negativas, num total de 300 testes negativos, tendo apenas errado em três casos positivos que apontaram como negativos.
De entre os vários estudos que analisam a capacidade dos cães para detetar o Covid-19, uma clínica na Alemanha treinou cães para detetar o vírus na saliva humana, enquanto um estudo na Tailândia treinou cães para detetar um composto orgânico volátil secretado no suor dos doentes.
Importa referir que os animais tiveram menos sucesso na identificação da variante alfa pois haviam sido treinados para detetar o tipo selvagem. Uma observação que os cientistas consideraram notável por ter vindo provar o forte poder discriminatório dos cães farejadores.
Isto significa que as amostras de treino devem cobrir todas as variantes epidemiologicamente relevantes. Isto porque as observações preliminares sugerem que os animais treinados para um tipo de vírus podem ser treinados novamente, em poucas horas, para detetar as suas variantes.
Os cientistas afirmam que não só é útil ter cães para farejar um vírus no início de uma pandemia, como para ajudar a conter uma já existente, sugerindo que os animais poderiam ser usados tanto em locais de alta prevalência de Sars-CoV-2, como em hospitais (para pré-triagem de pacientes e funcionários) e em locais como aeroportos ou portos (para pré-selecionar passageiros).