Certas frequências de microondas podem causar lesões cerebrais
Contrariamente ao que já chegou a ser uma crença popular, as microondas não provocam cancro, não existindo até ao momento nenhum indício nesse sentido com as observações realizadas.
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Os avanços na ciência, engenharia e tecnologia, mostraram-nos que as microondas são seguras, eficazes e eficientes, pelo menos as de baixa potência. Contudo, uma investigação levada a cabo recentemente por cientistas da Universidade A&M do Texas revelou que a exposição a certas frequências de microondas ou ondas rádio, em magnitude de potência extremamente altas têm o potencial de causar lesões cerebrais graves, eventualmente fatais.
No estudo, publicado na revista científica Science Advances, os cientistas começaram a investigar os efeitos de microondas pulsadas de alta potência no corpo humano. Mais commumente usadas para cozimento rápido, as microondas são um tipo de radiação eletromagnética que se situa entre o rádio e a luz infravermelha no espetro eletromagnético.
Usando modelagem computacional, a equipa fez uma abordagem sequencial que primeiro calculou a taxa de absorção específica (SAR: Specific Absorption Rate) de ondas eletromagnéticas planares num modelo 3D de um corpo humano.
Numa segunda etapa, os valores de SAR foram usados para calcular as mudanças de temperatura em toda a cabeça e cérebro. Essas mudanças de temperatura foram depois usadas para determinar como o tecido cerebral se altera fisicamente em resposta às microondas de alta intensidade.
Segundo explica Justin Wilkerson, coordenador da equipa, o aquecimento por microondas causa uma expansão térmica rápida e espacialmente variável que então induz ondas mecânicas que se propagam pelo cérebro. Os cientistas descobriram que se essas ondas interagem de maneira certa no centro do cérebro, as condições são ideais para induzir uma lesão cerebral traumática.
A investigação revelou que ao aplicar um pequeno aumento de temperatura num período muito curto de tempo (microssegundos) são criadas no cérebro ondas de stress potencialmente prejudiciais.
Isto não deve preocupar a população pois as simulações realizadas envolveram magnitudes de potência muito maiores do que qualquer coisa a que o ser humano será exposto.
De qualquer forma, a equipa de investigação também não estava preocupada com a segurança dos consumidores e da população. A ideia era precisamente o oposto do que se espera dos estudos científicos, neste caso, descobrir ondas que possam, de facto, ser nefastas.
Os investigadores usaram simulações de elementos finitos como parte da sua modelagem computacional – os mesmos modelos que foram usados para prever lesões cerebrais traumáticas em acidentes de viação, impactos no futebol e até explosões no campo de batalha. Ao aplicá-lo a uma nova deposição de energia, o microondas, Wilkerson abriu as portas a que mais estudos sejam realizados sobre as interações entre o corpo biológico e os campos eletromagnéticos e as suas aplicações.