Os resultados da investigação tiveram por base a análise de amostras do tecido dos brônquios, ou seja, os dois tubos que guiam o ar da traqueia para o interior dos pulmões, retiradas durante cirurgias. Mas os cientistas alertam que estes dados devem ser interpretados com alguma cautela pois a severidade da Covid-19 não depende apenas do próprio vírus, mas também da resposta imunitária que cada indivíduo desenvolve contra ele.

Michael Chan Chi-wai, professor na Escola de Saúde Pública da Universidade de Hong Kong e principal autor do estudo, refere que a predisposição para desenvolver uma tempestade de citocinas - uma produção exacerbada das proteínas que sinalizam as células para desencadear uma resposta imune - pode conduzir à morte de uma pessoa com o SARS-CoV-2, mesmo que ela esteja infetada por uma variante menos letal.

Além disso, relembra que um vírus menos letal pode, ainda assim, provocar mais casos severos de Covid-19 e mais mortes do que outras mais perigosas, mas menos transmissíveis.
O cientista acrescenta ainda que estudos recentes demonstraram que a variante Ómicron “pode escapar parcialmente à imunidade das vacinas”.

Num relatório publicado recentemente, o Centro Europeu de Prevenção e Controlo de Doenças (ECDC) avisou que mesmo que a Covid-19 provocada pela variante Ómicron seja mais leve que a desencadeada pela Delta, o aumento da transmissibilidade e o crescimento exponencial resultante dos casos rapidamente irá superar quaisquer benefícios de uma gravidade potencialmente reduzida. Isto torna a ameaça geral desta variante muito significativa.