Fármaco para diabéticos pode aliviar sintomas de IC
A insuficiência cardíaca (IC) é uma das doenças cardíacas mais comuns, afetando mais de 30 milhões de pessoas em todo o mundo. Há dois tipos de IC: cerca de metade dos pacientes tem a chamada fração de ejeção reduzida, em que o coração não bombeia adequadamente; a outra metade dos pacientes com IC tem um tipo chamado fração de ejeção preservada.
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Neste tipo o coração ainda parece estar a bombear bem, mas não consegue relaxar adequadamente entre cada batimento cardíaco – o que significa que ainda é incapaz de atender às exigências de oxigénio do corpo. Este tipo é mais difícil de diagnosticar.
Normalmente os pacientes com o primeiro tipo de insuficiência cardíaca recebem medicamentos que podem melhorar os sintomas e reduzir o risco de eventos cardíacos, como ataques cardíacos, hospitalizações ou morte.
Para os pacientes com fração de ejeção preservada os cientistas até agora não conseguiram encontrar um medicamento que pudesse melhorar o prognóstico e reduzir o risco de eventos cardíacos.
Recentemente, um estudo descobriu que um tipo comum de medicamento para a diabetes – os inibidores de SGLT2 – pode ajudar a melhorar a saúde de pacientes com este tipo de IC uma vez que revelou ser eficaz no alívio dos sintomas.
Os cientistas acreditam que os inibidores de SGLT2 podem ajudar a reduzir o risco de morte e o número de hospitalizações, porque promovem a diurese, o que ajuda o corpo a livrar-se de fluidos extras, melhoram a tensão arterial e aumentam a produção de glóbulos vermelhos, que ajudam a fornecer sangue e oxigénio aos principais órgãos do corpo.
O estudo, publicado na revista European Journal of Preventive Cardiology,
sugere ainda que o uso deste medicamento faz com que a formação de cicatrizes no músculo cardíaco seja menor.
Para conduzir este estudo os cientistas analisaram dados de quase 10.000 pacientes com insuficiência cardíaca e fração de ejeção preservada. Durante dois anos, metade foi tratada com um inibidor de SGLT2, e a outra metade recebeu um placebo.
Foi possível concluir que os pacientes que receberam inibidores de SGLT2 tinham 22% menos probabilidade de morrer de causas relacionadas com o coração ou de serem hospitalizadas por IC em comparação com aqueles que não os tomaram.
Atualmente os inibidores de SGLT2 são recomendados pela Sociedade Europeia de Cardiologia para o tratamento de pacientes com IC e fração de ejeção reduzida, com e sem diabetes. Este estudo é o primeiro a sugerir que também podem ser usados para melhorar substancialmente os resultados de pacientes com IC e fração de ejeção preservada.
Isto pode significar que pacientes com ambos os tipos de IC podem ter um tratamento que melhora a sua qualidade de vida, sintomas e prognóstico.