Descoberta célula cerebral do “tipo GPS”
Cientistas internacionais descobriram um novo tipo de célula cerebral que ajudará a compreender como conseguimos lembrar onde deixamos objetos, como chaves do carro e telemóvel.
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A existência de células cerebrais do “tipo GPS”, que armazenam mapas dos lugares onde estivemos, como a nossa cozinha ou o hotel em que ficamos nas férias, já era amplamente conhecida.
Mas, agora, o investigador Steven Poulter e os seus colegas da Universidade Durham, no Reino Unido, descobriram que também existe um tipo de neurónio específico sensível à distância e à localização dos objetos, sendo capaz de armazenar essas localizações em mapas cerebrais.
A equipa descobriu que essas células, batizadas de “traço vetorial”, podem rastrear a distância que percorremos e lembrarem-se onde os objetos estão, dados que são adicionados ao nosso “mapa de memória” dos lugares onde estivemos.
“A descoberta das células traço vetorial é particularmente importante porque a área do cérebro em que se encontram é uma das primeiras a ser atacada por distúrbios cerebrais, como a doença de Alzheimer, o que pode explicar por que um sintoma comum e um sinal de alerta inicial importante é a perda ou extravio de objetos”, explicou Poulter.
As células cerebrais que constituem o equivalente biológico de um sistema de navegação por satélite foram descobertas pelos professores John OKeefe, Edvard Moser e May-Britt Moser.
Aquela descoberta lançou luz sobre um dos grandes mistérios da neurociência - como sabemos onde estamos no espaço - e valeu-lhes o Nobel da Medicina de 2014. Este novo estudo revela que o “GPS do cérebro” é um mecanismo mais complexo, formado por circuitos especializados em diferentes funções.
“Parece que as células traço vetorial se conectam a redes cerebrais criativas que nos ajudam a planear as nossas ações e a imaginar cenários complexos na nossa mente. As células vetoriais, que atuam juntas, provavelmente permitem-nos recriar as relações espaciais entre nós e os objetos, e entre os objetos num cenário, mesmo quando esses objetos não são visíveis”, concluiu o investigador Colin Lever, membro da equipa.