O inverno está de novo à porta e com ele, a sazonal eclosão de infeções da gripe e outras doenças do aparelho respiratório, causadoras de milhares de horas de trabalho perdidas, além do tradicional agravamento da situação nas urgências hospitalares que tudo leva a crer coincida mais uma vez com um novo incremento no número de internamentos provocados por Covid-19.
A crer na declaração conjunta divulgada recentemente pela Organização Mundial da Saúde (OMS), Comissão Europeia (UE) e Centro Europeu de Prevenção e Controle de Doenças (ECDC) o número de casos tem vindo a subir, o que pode indiciar uma “nova vaga” de infeções por Covid-19 com a chegada do outono, lembrando que a pandemia ainda não terminou e apelando à necessidade de proteção através de todos os instrumentos disponíveis, incluindo o reforço da vacinação, especialmente entre os mais vulneráveis.
Doença muito contagiosa, a gripe resulta da infeção pelo vírus influenza, sendo potencialmente perigosa em crianças, pessoas imunodeprimidas e idosos. A sua cura ocorre geralmente de forma espontânea, mas em algumas pessoas mais idosas ou portadoras de doenças crónicas podem ocorrer complicações que poderão levar à necessidade de intervenção médica ou mesmo a hospitalização.
O vírus da gripe pertence a uma família de vírus RNA, que inclui sete géneros, sendo que quatro deles (influenzavirus A, B, C e D) causam gripe nos vertebrados, incluindo aves, humanos e outros mamíferos. O seu período normal de incubação é em média de dois dias, todavia a recuperação pode oscilar entre um período de alguns dias a cerca de duas semanas, durante o qual a infeção se manifesta com maior ou menor virulência através de febre elevada, arrepios e dor de cabeça, dor e rigidez musculares, garganta inflamada e tosse seca, nariz entupido e sintomas de fadiga acentuada.
Segundo estatísticas da Direção-Geral da Saúde, os picos de maior atividade gripal nos anos mais recentes, tem-se observado entre os meses de dezembro e fevereiro, com os vírus em constante mutação, obrigando a que a vacinação tenha de ser atualizada anualmente, pois a imunidade vacinal não é duradoura. Embora a gripe seja a doença mais frequente do adulto, a boa notícia é que ela pode ser prevenida pela vacinação.
Ainda com o vírus da Covid-19 em circulação, tornam-se inevitáveis as comparações com o vírus da gripe comum, dado ambos resultarem em doenças respiratórias, que se transmitem de pessoa para pessoa e têm sintomas semelhantes, o que pode dificultar a distinção. Comparativamente ao vírus da gripe, o coronavírus SARS-CoV-2 pode provocar uma infeção respiratória grave e consideravelmente mais contagiosa, como é o caso da pneumonia, além de ter um período de incubação mais prolongado. Estima-se que desde a exposição ao vírus até ao momento em que surgem os primeiros sintomas, possam decorrer entre um a 14 dias, embora a transmissão se possa dar antes do aparecimento de sintomas.
É inegável que tanto a gripe como a Covid-19 apresentam sintomas idênticos, senão mesmo iguais, sendo por isso difícil fazer a distinção imediata entre as duas doenças. Significa isto que em caso de dúvida é muito importante procurar aconselhamento médico para ter a indicação terapêutica correta, não devendo deixar-se cair no erro comum do autodiagnóstico ou da automedicação, que podem estar errados e colocar a sua saúde e dos outros em risco.
Contudo, considerando a situação atual, deverão ser evitadas as deslocações aos centros de saúde ou às urgências dos hospitais por iniciativa própria, devendo usar-se previamente a linha SNS 24, disponível através do telefone 808 24 24 24, a fim de obter ajuda na avaliação dos sintomas e fazendo o encaminhamento mais indicado, desde os autocuidados à eventual avaliação médica no centro de saúde ou hospital.
A melhor proteção contra as gripes, constipações e outros tipos de viroses é manter um sistema imunitário forte, devendo por isso descansar-se adequadamente, aprender a lidar com as situações de stresse, assegurar as necessidades nutricionais e seguir uma dieta equilibrada, que permita prover o sistema imunitário de todas as vitaminas e sais minerais essenciais para o seu bom funcionamento.
O Plano Nacional de Vacinação (PNV), prevê que a vacinação nos centros de saúde seja gratuita para toda a população que tenha indicação para ser vacinada. A toma da vacina contra a gripe é fortemente recomendada pela DGS para alguns grupos de pessoas, nomeadamente as que tenham 65 anos ou mais, doentes crónicos e imunodeprimidos, grávidas, profissionais de saúde e outros prestadores de cuidados. As pessoas não abrangidas pela vacinação gratuita, podem ainda assim adquirir as vacinas nas farmácias, sob prescrição médica, beneficiando de uma comparticipação de 37%.
Para prevenir as infeções respiratórias de forma mais eficaz, além da vacinação contra a gripe, é essencial que se criem algumas rotinas como a higienização das mãos, seguir a etiqueta respiratória, tossindo ou espirrando para um lenço descartável ou para o antebraço e, caso esteja infetado, praticar o distanciamento social.
Definir prioridades e organizar tarefas e compromissos evitando sobrecargas, estabelecendo limites de tempo de trabalho e negociando horários flexíveis, ao mesmo tempo que cuidamos do bem-estar mental...
A vacinação continua a ser o melhor meio de proteção contra o vírus, com uma proteção mais eficaz contra doenças mais graves, embora o seu efeito protetor diminua com o passar do tempo.