Uma apresentação realizada na Conferência Internacional AACR-NCI-EORTC revelou dados relativos a um ensaio clínico de Fase I que mostraram que mais de um quarto de pacientes com glioma recorrente de alto grau, um tipo de cancro cerebral, continuava vivo após três anos de tratamento.

O estudo, realizado pela Universidade do Minnesota, nos Estados Unidos, contou com 56 pacientes e foi dividido em duas etapas: primeiro, os pacientes foram injetados com Toca 511, um vírus replicante que só infeta ativamente a divisão de células tumorais; uma vez dentro da célula cancerígena, o vírus “entrega” um gene a uma enzima, a citosina desaminase, repetindo este processo enquanto se replica e espalha a outras células.

De seguida, os pacientes receberam Toca FC, um composto inerte que, uma vez dentro da célula cancerígena, é convertido pela citosina desaminase num fármaco anticancerígeno, 5-fluorouracilo, que elimina a célula cancerígena.

Além de destruir este tipo de células, o fármaco também elimina algumas células mieloides imunossupressoras, o que fortaleceu o sistema imune dos pacientes fazendo-o reconhecer e atacar as células cancerígenas.

Segundo os investigadores, dada a natureza mortal desta doença, cuja sobrevivência de três anos raramente é relatada, é “notável que o benefício de sobrevivência tenha sido observado numa variedade de pacientes e não apenas em pacientes com mutações genéticas específicas".

Cinco pacientes experimentaram uma resposta completa durável com uma mediana de, pelo menos, 35,7 meses; num subgrupo de 23 pacientes cinco obtiveram um resultado de doença estável, uma sobrevivência que é quase o dobro dos dados históricos até agora, de acordo com os cientistas.