Num artigo publicado na revista eLife, cientistas da Faculdade de Medicina da Universidade Johns Hopkins, nos Estados Unidos, descobriram duas proteínas que controlam o aparecimento das células ciliadas no ouvido de mamíferos e que podem ser a chave para a recuperação da audição perdida definitivamente.

Nos mamíferos, a audição processa-se através de dois tipos de células ciliadas localizadas na cóclea que recebem as ondas sonoras e transmitem a informação ao cérebro.

Há muito que os cientistas se debruçam sobre os sinalizadores moleculares que despoletam a formação das células ciliadas que captam e transmitem o som. “Estas células têm um grande papel na perda de audição e saber mais sobre como se desenvolvem vai ajudar-nos a criar formas de substituir as células danificadas”, explica a cientista Angelika Doetzlhofer.

Ao contrário de outros mamíferos, as células ciliadas humanas não têm a capacidade de se regenerar. Quando existem danos nestas células, a perda de audição é definitiva.

Dentro da cóclea, células percursoras vão-se transformando em células ciliadas ao longo da espiral, progressivamente. No âmbito desse processo de desenvolvimento, foram encontradas duas proteínas em destaque.

A proteína activina A era mais preponderante nos locais onde as células precursoras já se estavam a transformar em ciliadas enquanto que, no sentido oposto, a proteína folistatina se encontrava em maior quantidade na zona onde as células precursoras ainda não tinham começado a sua transformação.

Os investigadores testaram em ratinhos o efeito da presença destas proteínas de forma desregulada e perceberam que os efeitos passavam por atrasos ou defeitos no desenvolvimento das células ao longo da cóclea, levando a perturbações na audição.

“A ação da activina A e da folistatina é cronometrada com tanta precisão durante o desenvolvimento que qualquer perturbação pode afetar negativamente a organização da cóclea”, destacou Doetzholfer.