Segundo os últimos dados oficiais divulgados pela Direção-Geral da Saúde (DGS), a situação epidemiológica em Portugal devido a infeção pelo novo coronavírus SARS-Cov-2, continua a agravar-se, não havendo sinais de abrandamento. Bem pelo contrário, a preocupação está bem estampada nos rostos dos governantes que têm a difícil missão de informar diariamente os portugueses da evolução da doença e das suas consequências, além da torrente de notícias que desde há mais de 8 meses inundam permanentemente os nossos sentidos através dos media.
Neste panorama, a única saída para conseguirmos manter a sanidade mental, é aprendermos a criar novas rotinas no isolamento a que estamos sujeitos, em benefício do bem comum, e para preservarmos minimamente o princípio universal de dignidade da pessoa humana, que começa a ser ignorado.
Há já quem afirme, que apesar de ainda estarmos longe de apurar as consequências da pandemia ao nível da saúde mental, verifica-se que os problemas de ansiedade, incluindo ideação suicida por medo de enfrentar o futuro, dispararam, havendo cada vez mais pessoas com dificuldade em encontrar soluções para os “estragos” que a progressão da pandemia vai fazendo a nível da vida afetiva, sobrevivência financeira das famílias devido ao desemprego e incerteza da manutenção dos seus postos de trabalho.
O “pico” máximo de 1516 infeções por COVID-19 atingido em Portugal em 10 de abril foi ultrapassado a 22 de outubro com 3270 casos confirmados (o pior dia de sempre em números absolutos), tendência de subida que se tem vindo a manter, com médias diárias a ultrapassar as 2000 pessoas, e que as autoridades de saúde perspetivam venham a crescer ainda mais, coincidindo com a tradicional época das gripes.
Entretanto, nas últimas 24 horas morreram mais 16 pessoas e foram confirmados mais 3270 casos de infeção pelo coronavírus SARS-Cov-2, o que perfaz um total – desde que a pandemia foi detetada no país em Março último –, de 109541 infetados, 64531 recuperados e 2245 vítimas mortais. Há, ainda, a registar 42765 doentes ativos, que estão a ser acompanhados pelas autoridades de saúde.
Tal como no resto da europa e de uma maneira geral por todo o mundo, as medidas de contenção levadas a cabo pelo executivo nacional com vista a travar a pandemia, ainda que de geometria variável e navegação à vista, parece não estarem a resultar e começam a surgir vozes a exigir medidas mais eficazes, com mais e melhor planeamento, prevenção atempada, investimento e também melhor comunicação.
Após o verão, antes do atual agravamento da pandemia, a grande maioria dos países, com particular destaque para aos europeus, já haviam dado início aos seus planos de desconfinamento, numa tentativa de recuperar a economia e regressar à atividade normal que a COVID-19 havia subtraído. Todavia, os países que o fizeram estão agora obrigados a recuar, acabando por implementar novas medidas restritivas de bloqueio, na sequência do aparecimento de múltiplos focos de infeção que têm vindo a provocar o aumento exponencial de contágios.
Perante o preocupante panorama, é urgente repensar estratégias e procedimentos. Assim, e particularmente no país, o Conselho de Ministros decretou o aumento das restrições, tendo apresentado novas medidas como tentativa para combater a pandemia.
Para além de ter determinado regras de confinamento muito restritivas e específicas para três concelhos do Norte do país, onde se vive uma situação epidémica complexa, com o número de contágios muito elevado, a opção tomada foi elevar o nível de alerta da situação de contingência para o estado de calamidade em todo o território nacional, habilitando o Governo a adotar, sempre que necessário, as medidas que se justifiquem, como por exemplo as restrições à circulação;
Ao abrigo do estado de calamidade, em vigor até 30 de outubro, são proibidos os ajuntamentos na via pública de mais de cinco pessoas sendo também esta a limitação que se aplica a espaços de natureza comercial e à restauração;
Limitar os eventos de natureza familiar como casamentos e batizados a um máximo de 50 participantes, sendo que todos terão de cumprir as normas de afastamento físico e uso de máscara;
Proibir nos estabelecimentos de ensino, nomeadamente nas universidades e nos politécnicos, todas as festividades académicos e atividades de carácter não letivo ou científico, designadamente as cerimónias de receção ao caloiro, que há que evitar a todo o custo para não repetir circunstâncias que já se verificaram de contaminação em eventos deste tipo.
Determinar às forças de segurança e à ASAE o reforço da fiscalização destas regras, quer na via pública, quer nos estabelecimentos comerciais e de restauração;
Agravar até 10 mil euros as multas às pessoas coletivas e aos estabelecimentos comerciais e de restauração que não assegurem o escrupuloso cumprimento das regras em vigor quanto à lotação e ao afastamento que é necessário assegurar nos estabelecimentos;
Recomendar vivamente a todos os cidadãos o uso de máscara comunitária na via pública e sempre que haja outras pessoas na via pública e a utilização da App StayAway Covid, assim como a comunicar através da referida App sempre que haja um teste positivo;
Com caráter de urgência, apresentar à Assembleia da República (AR) uma proposta de lei no sentido de tornar obrigatório o uso da máscara na via pública sob determinadas condições, e que regule a utilização da aplicação StayAwayCovid em contexto laboral, escolar e académico, nas Forças Armadas e de Segurança bem como na administração pública em geral, isto para além de outras medidas relativas aos períodos de confinamento.
Aquando da comunicação das novas medidas o primeiro-ministro realçou que a evolução da pandemia em Portugal é considerada "grave", razão pela qual a situação de calamidade será reavaliada a cada quinze dias.
O país retrocedeu para o estado de calamidade e pode evoluir para outros estados mais gravosos se as circunstâncias assim o impuserem – para o evitar é necessário um esforço coletivo acrescido. Nesse sentido, o primeiro-ministro apelou para que todos adotem as regras e os comportamentos individuais estabelecidos pela DGS, designadamente a lavagem frequente das mãos, o uso de máscara e o distanciamento físico.
A pandemia irá, possivelmente, manter-se entre nós por longos períodos de tempo. Se as regras de prevenção forem cumpridas e a sua expansão mantida sob controlo, iremos dominar esta batalha até que, finalmente, um tratamento eficaz ou a sempre anunciada “vacina milagrosa” nos venha libertar dos medos e da desconfiança em que vivemos.
As vacinas para combate à COVID-19
Ensaios clínicos para terapêutica da COVID-19 estão a ser conduzidos por todo o mundo, em tempo recorde, em grande parte graças a uma combinação massiva de recursos na comunidade científica.
Resultados preliminares para as 4 terapêuticas selecionadas para os ensaios “solidarity” da Organização Mundial da Saúde (OMS) no início da pandemia, agora disponibilizados, vêm revelar a utilidade dos fármacos em causa como profiláticos ou em algumas fases da doença, mas aparentam têm pouco ou nenhum efeito na mortalidade, sendo no entanto necessários mais estudos para o confirmar.
É por isso prematuro afirmar-se que foi encontrada uma solução em causa para debelar a pandemia. Permanecem assim contraditórias, e por isso pouco credíveis, as informações relativas a uma data provável para acesso a uma vacina eficaz e segura para a COVID-19. Ainda assim, o director-geral da OMS, Tedros Ghebreyesus, admitiu recentemente “ter esperança” de que uma vacina contra a doença possa estar pronta até final deste ano.
Entretanto, a Comissão Europeia já apresentou a estratégia de vacinação para a pandemia, garantindo que, quando esta estiver disponível, todos os Estados-membros terão acesso, num critério baseado na população. O plano de distribuição da futura vacina prevê que todos os Estados-membros a recebam ao mesmo tempo, com base na dimensão populacional. Na estratégia, Bruxelas prevê que cada país tenha serviços de vacinação com capacidade para a distribuição, incluindo recursos humanos, equipamento médico, de proteção, de transporte e armazenamento e facilite o acesso das vacinas à população alvo.
Os grupos prioritários para a vacinação também são definidos: trabalhadores de estabelecimentos de saúde e de cuidados prolongados, pessoas com mais de 60 anos de idade, pessoas cujo estado de saúde as coloque particularmente em risco, trabalhadores essenciais, pessoas que não podem distanciar-se socialmente e grupos socioeconómicos mais desfavorecidos.
A Comissão Europeia prevê ainda que as doses de vacinas sejam disponibilizadas em quantidades limitadas numa primeira fase, antes de a produção arrancar em pleno. O governo português já assegurou doses de vacinas para a COVID-19 necessárias, através de contratos com empresas farmacêuticas, em nome dos países da União Europeia.
A COVID-19 a nível Global
Segundo o site worldometers, que aglutina a informação disponibilizada pela OMS e pelos principais Centros de Controle e Prevenção de Doenças em todo o mundo, desde 31 de Dezembro de 2019 até hoje, dia 23 de Outubro de 2020, foram notificados em todo o mundo 41 723 053 casos de doença, incluindo 1 139482 mortes e 31 056 682 recuperados, números que não param de crescer, designadamente a nível das fatalidades.
Embora com tendência ligeiramente decrescente, o continente americano continua a ser o mais fustigado, com o número de infetados a ultrapassar 19 469 777, seguido da Ásia com mais de 12 477 434 casos, da Europa que continua a crescer e já ultrapassa os 7 652 137 e de África que também cresce ligeiramente para 1 671 402 casos.
Na europa, segundo o European Centre for Disease Prevention and Control (ECDC), o número acumulado de fatalidades por 100 000 nos últimos 14 dias continua a acelerar, em particular em Espanha (34 521), França (34 210), Reino Unido (44 347), Itália (36 978), República Checa (1 845) e Bélgica (10 588).
Muito preocupante é também o número acumulado de infeções por 100 000, nos últimos 14 dias, que tem vindo a crescer a um ritmo exponencial em países como República Checa (223 065), Roménia (196 004), Hungria (54 278), Bélgica (270 038), Espanha (1 026 281), Polónia (214685), Reino Unido (810 467), entre outros. Entre 31 países europeus analisados, Portugal situa-se em 12º lugar com 109 541 contágios.
A experiência de outras pandemias que eclodiram no passado recomendam precaução. A COVID-19 não dá tréguas! Todos os cuidados são poucos! A incerteza quanto ao evoluir da doença mantém-se, designadamente quanto à possibilidade de eclosão de novas vagas no futuro.
Caraterização do novo vírus COVID-19
Os coronavírus são uma família de vírus de RNA que geralmente provocam doença respiratória leve em humanos, semelhante a uma gripe comum. Porém, algumas estirpes podem apresentar-se como doença mais grave, como o síndrome respiratório do Médio Oriente (MERS) e o síndrome respiratório agudo severo (SARS-CoV-2).
Um novo coronavírus (COVID-19) foi identificado em Wuhan, China, em final de dezembro de 2019 e alastrou por outras regiões, acabando por contaminar todo o planeta e tendo originado a atual pandemia.
Diferença entre epidemia e pandemia
A palavra pandemia, deriva do grego “pandemias” (todos + demos=povo), para identificar uma epidemia de doença infeciosa que se espalha quase simultaneamente entre a população de uma vasta região geográfica como continentes ou mesmo pelo planeta.
Metodologia de atualização de dados
A atual situação epidémica é acompanhada diariamente pela OMS, ECDC, DGS e outras Entidades de Saúde Regionais que divulgam os principais indicadores relativos ao número de casos atingidos pela doença bem como o número de mortes diretamente atribuídos ao COVID-19. Não obstante estes números estarem a mudar a cada minuto que passa, o quadro abaixo reflete os últimos dados conhecidos, sendo nossa intenção mostrar uma panorâmica a nível global que ajude a uma tomada de consciência das pessoas, tão realista quanto nos é possível.
Situação Mundial da pandemia a 23 de Outubro, segundo a OMS:
RECOMENDAÇÕES DA ECDC
Como se espalha o COVID-19?
As pessoas podem ser infetadas pelo COVID-19 através de outras pessoas portadoras do vírus inalando pequenas gotículas infectadas ao tossirem ou espirrarem ou ao tocar superfícies contaminadas e em seguida tocarem o nariz, a boca ou os olhos.
Quais são os sintomas da doença?
A maioria das pessoas infetadas experimenta uma doença leve e recuperam naturalmente, mas para muitas outras pode ser mais grave. Os sintomas principais incluem uma combinação de:
– Febre
– Tosse
– Dificuldade para respirar
– Dor muscular
– Cansaço anormal
Surto de doença, O que precisa saber?
Se já esteve em áreas afetadas pelo COVID-19 com risco de exposição ou entrou em contacto com pessoa infetada com o COVID-19 e se, no espaço de 14 dias, desenvolve tosse, febre ou falta de ar:
– Fique em casa e não vá para o trabalho ou escola.
– Ligue de imediato para o número de saúde do país em que deseja obter informações; certifique-se de que menciona os sintomas, histórico de viagens e os contactos tidos.
– Não vá ao médico ou hospital. Lembre-se que pode infetar outras pessoas. Se precisar de entrar em contacto com seu médico ou visitar o serviço de emergência hospitalar, ligue com antecedência; indique sempre os seus sintomas, o histórico de viagens ou contactos.
Como pode proteger-se e aos outros da infeção
- Evite o contacto próximo com pessoas doentes, especialmente as que tossem ou espirram.
- Tussa e espirre no cotovelo ou num lenço de papel, NÃO na mão. Descarte o lenço usado imediatamente num contentor do lixo fechado e lave as mãos com água e sabão.
- Evite tocar nos olhos, nariz e boca antes de lavar as mãos.
- Lave regularmente as mãos com água e sabão, pelo menos durante 20 segundos ou use um desinfetante à base de álcool após tossir / espirrar, antes de comer e preparar alimentos, depois do uso do WC e após tocar superfícies em locais públicos.
- Pratique o distanciamento social: mantenha-se pelo menos a 1 metro de distância dos outros, especialmente de quem estiver a tossir ou espirrar.
Linha de apoio em Portugal (SAÚDE 24): (+351) 808 24 24 24