Continua a ser frequente a pessoa comum interrogar-se sobre os sintomas que distinguem a atual pandemia de COVID-19 (SARS-COV-2) de outras viroses nossas velhas conhecidas como a gripe ou constipação, o que muitas vezes não é tarefa fácil.
A fim de podermos lidar adequadamente com os sintomas de cada uma destas patologias, muitas vezes confundidos devido à sua semelhança, particularmente no seu início, é essencial que tenhamos em consideração que se trata de doenças muito diferentes.
Embora todas elas sejam de origem viral, a sua transmissão é causada por vírus distintos, o que significa que os sintomas que cada uma destas doenças desencadeia e a forma como devemos atuar quando se manifestam é igualmente diferente. Por isso mesmo, se as pessoas continuarem a não saber distingui-las poderá levar a que também não consigam preveni-las, atenuar os seus efeitos, fazer o que é necessário para aliviar a sintomatologia ou obter a cura. Vamos por isso saber o que as distingue.
CONSTIPAÇÃO
Trata-se de uma infeção catarral da membrana mucosa das vias respiratórias superiores ligeira, com corrimento aquoso, provocada por qualquer uma das mais de 200 estirpes de vírus conhecidas, sendo as de rinovírus as mais comuns. A infeção é transmitida por via aérea em situações de proximidade com outras pessoas infetadas, ou de forma indireta através do contacto com objetos infetados contaminados e posterior transmissão para a boca ou nariz.
Os primeiros sinais e sintomas começam a manifestar-se cerca de 1-2 dias após a exposição ao vírus, sendo os mais comuns tosse e espirros, comichão e vermelhidão do nariz, garganta inflamada, congestão e corrimento nasal intenso, dor de cabeça ligeira e febre baixa, olhos lacrimejantes, diminuição ou perda de olfato e do paladar.
Os sintomas são causados pela resposta imunitária do organismo à infeção e não pela destruição de tecidos pelos vírus e as pessoas infetadas recuperam normalmente ao fim de 7-10 dias, embora alguns sintomas e possam permanecer durante mais 2-3 semanas. Tendem a atenuar-se com repouso, ingestão abundante de líquidos e a não exposição ao frio e a ambientes poluídos com fumo, sendo que pode ser útil o uso de soro fisiológico para aliviar a obstrução nasal.
A constipação é mais frequente durante o inverno, é considerada a doença infeciosa mais comum em seres humanos e atinge um adulto em média duas a cinco vezes por ano, enquanto que uma criança a contrai seis a dez vezes.
Muitas vezes confundida com gripe, devido à semelhança de sintomas, na realidade a probabilidade de a gripe causar muco nas vias nasais é muito baixa, além de que os sintomas se manifestam com muito mais virulência e com temperaturas mais elevadas.
Não existe vacina para a constipação e os principais métodos de prevenção passam pela lavagem frequente das mãos, tossir ou espirrar para um lenço descartável de papel ou para o antebraço. Para alívio das dores ou para baixar a febre, a toma de paracetamol pode ajudar.
Com o aproximar do inverno, é expectável o aparecimento das constipações e de gripes sazonais, às quais se junta este ano a pandemia da COVID-19 cujos contornos ainda não são totalmente conhecidos, mas cujos efeitos devastadores a humanidade está a experienciar. Embora com semelhante etiologia trata-se de três doenças diferentes, cujos sintomas são na sua grande maioria comuns, porém com prevalência diferente em cada uma delas.
GRIPE SAZONAL
A gripe é uma doença infeciosa viral aguda, provocada por diversos vírus ARN influenza dos subtipos A e B, que originam a chamada gripe sazonal (outono/inverno), que circulam todos os anos em diferentes proporções, e que afetam predominantemente as vias respiratórias.
Os sintomas mais comuns são calafrios, tremores, febre, rinorreia, dores musculares generalizadas, dores de garganta, dores de cabeça, tosse geralmente seca, fadiga e uma sensação geral de desconforto. Em crianças é frequente provocar dores abdominais e diarreia e embora seja frequentemente confundida com constipação, a gripe é uma doença muito mais grave provocada por um vírus de estirpe diferente.
De facto, nos primeiros estágios de infeção, pode ser difícil distinguir uma gripe de uma constipação, sendo que os principais sintomas diferenciadores nesta fase, são o aparecimento súbito de febre elevada (38-39º), calafrios e fadiga muito acentuada. A doença é geralmente caraterizada por ser uma mistura de sintomas de constipação e pneumonia, dores musculares, dores de cabeça e fadiga.
Embora a diarreia possa ser um sintoma frequente em crianças, em adultos não é normalmente considerado um sintoma de gripe, muito embora tenha sido observada durante a última crise de gripe aviária (H5N1) de origem asiática em 1997, ano em que o vírus foi isolado pela primeira vez em humanos.
Segundo os especialistas, com a provável ocorrência de uma segunda vaga de COVID-19 neste outono, a confluência das três doenças poderá provocar um afluxo anormal de doentes às urgências hospitalares, colocando sob grande pressão os serviços de saúde já de certa forma saturados, devido à pandemia em curso.
Através de medidas simples de higienização como lavagem frequente das mãos com água e sabão, evitar ajuntamentos e o contacto com pessoas com tosse, e protegendo-se do frio, o contágio da gripe pode ser em grande parte evitada.
No entanto, a melhor arma para a prevenção da gripe é a vacinação. Ela deve ser efetuada anualmente, de preferência durante os meses de outubro/novembro, já que o pico da atividade gripal ocorre habitualmente entre novembro e fevereiro.
A Direção-Geral da Saúde (DGS), recomenda que as pessoas portadoras de risco mais elevado de ter complicações associadas à doença tais como, idade igual ou superior a 65 anos, sofra de doenças crónicas dos pulmões, fígado ou rins, os diabéticos ou portadoras de outras patologias que reduzam a resistência às infeções, sejam vacinadas.
Todavia, recomenda-se também que as pessoas com historial de reação alérgica anterior grave a uma dose de vacina, ou com alergia severa ao ovo, não devem voltar a ser vacinadas.
Para aliviar as queixas nas pessoas infetadas, recomenda-se o repouso em casa, a toma de paracetamol para baixar a febre, o uso de soro fisiológico para diminuir a congestão nasal e ingerir bastantes líquidos. Caso os sintomas persistam, deve recorrer-se ao médico assistente.
COVID-19
Os coronavírus são uma grande família de vírus que podem causar doenças em animais ou seres humanos. Em humanos, vários coronavírus são conhecidos por causar infeções respiratórias que vão desde o resfriado comum a doenças mais graves, como a Síndrome Respiratória do Oriente Médio (MERS) e a Síndrome Respiratória Aguda Grave (SARS). O coronavírus descoberto mais recentemente causa a doença designada por COVID-19.
Dado que os sintomas da gripe e do COVID-19 são semelhantes, embora com prevalências diferentes, é por vezes difícil distinguir as doenças, sendo por isso necessários testes que ajudem a confirmar o diagnóstico.
De acordo com o Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), os pacientes infetados com COVID-19 têm vindo a revelar uma ampla variedade de sintomas, que podem ir da sua forma mais ligeira, praticamente assintomáticos, até uma manifestação severa, e podem ocorrer normalmente entre dois a 14 dias após a exposição ao vírus.
Os sintomas mais comummente observados são febre elevada e calafrios, tosse seca e fadiga sem razão aparente. Outros sintomas menos comuns que podem afetar alguns pacientes, incluem dificuldades respiratórias ou falta de ar, dor generalizada no corpo, músculos, garganta e cabeça, perda de paladar ou olfato, congestão nasal, náuseas ou vómitos e diarreia.
Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), cerca de 80% das pessoas infetadas com COVID-19, recupera da doença sem necessitar de tratamento hospitalar, cerca de uma em cada 5 fica gravemente doente e desenvolve dificuldade para respirar, sendo os idosos e os pacientes com patologias subjacentes, como problemas cardíacos e pulmonares, diabetes, hipertensão e doenças oncológicas os que correm maiores riscos, não significando isso que qualquer outra pessoa aparentemente saudável não possa ficar gravemente doente.
Nestas circunstâncias, qualquer pessoa de qualquer idade que apresente febre de forma inesperada e/ou tosse associada, dificuldade em respirar, falta de ar, dor e/ou pressão no peito, dificuldades de movimento ou falar, deve procurar atendimento médico de imediato, através dos meios disponibilizados pelo Serviço Nacional de Saúde (SNS), nomeadamente a Linha SNS24 (covid-19), a fim de ser encaminhado para o local de tratamento mais adequado.
Faça download da tabela comparativa de sintomas aqui.