Hipócrates (460 a.C. a 370 a.C.) considerado como uma das figuras mais importantes da história da Medicina e frequentemente indicado como o “pai da medicina”, dizia que “somos o que comemos” e “que o vosso alimento, seja o vosso medicamento”, frases que ainda hoje fazem todo o sentido já que os nossos hábitos alimentares, a par do exercício físico, continuam a ter um enorme impacto na nossa saúde e bem-estar.
A maioria de todos nós, temos hoje a noção clara de que uma alimentação balanceada e rica em nutrientes é fundamental para a manutenção de uma boa saúde e bem-estar nas várias etapas da vida. Todavia, que nutrientes são esses que não podem faltar em nenhuma circunstância, sob pena do nosso estado de saúde começar a degradar-se, acelerando o envelhecimento? Será que existe alguma fórmula universal a ser seguida por todos? Como poderemos potencializar a alimentação a partir dos 50 anos?
O melhor é esquecer as fórmulas inovadoras e receitas mágicas anunciadas. Somente a avaliação de um bom nutricionista poderá garantir uma prescrição e uma conduta dietoterápica personalizada para cada indivíduo, segundo especialistas da área, que aconselham sejam evitados produtos industrializados e processados, nas refeições, dando sempre preferência a todos os grupos de alimentos naturais.
Está mais que provado que o equilíbrio entre os alimentos favorece a digestão e a absorção dos nutrientes de forma mais eficaz do que consumir esses nutrientes isoladamente, sob a forma de suplementos.
A prática continuada de uma boa e regrada alimentação ao longo da vida, permite que se viva melhor e de forma mais saudável durante mais tempo, o que é um fator essencial para garantir uma maior longevidade. Além disso, é inegável que o investimento em alimentos naturais como legumes, verduras, tubérculos e frutas é bem menor que em outras alternativas. Por isso, conciliar o investimento em uma vida saudável com as melhores opções financeiras nas suas refeições diárias, é um dos fatores que pode conduzir ao equilíbrio da saúde e do orçamento, em particular quando já entrámos a casa dos 50.
A garantia de um envelhecimento saudável, com boa qualidade de vida, depende principalmente de uma alimentação balanceada e saudável, daí que os cuidados com a alimentação a partir dessa idade devem ser redobrados uma vez que o organismo passa a ter uma capacidade mais reduzida para absorver nutrientes e determinadas substâncias químicas, o que pode comprometer a saúde das pessoas. No caso particular das mulheres, que na faixa etária de 50 anos é caraterizada pela chegada da menopausa, condição que traz muitas modificações físicas e psicológicas, enquanto os homens nessa faixa etária são menos afetados, e geralmente só mais tarde surgirão alguns impactos, principalmente em relação à composição corporal.
Segundo os especialistas, alguns dos problemas mais comuns nos homens, nesta faixa etária, são a desidratação, devido à diminuição da ingestão de água; diminuição da densidade mineral óssea bem como o aumento da acumulação de gordura corporal, própria do processo de envelhecimento e redução da atividade física; diminuição da função cognitiva e da memória; problemas oftalmológicos; diminuição da atividade física e da massa muscular; alterações na mastigação, deglutição e digestão; alterações no trato gastrintestinal incluindo no paladar e olfato e maior dificuldade de absorção dos nutrientes dos alimentos.
O aparecimento de doenças crónicas não transmissíveis como a obesidade, diabetes mellitus tipo II, hipertensão arterial, doenças coronárias e dislipidemias, que normalmente acompanham o avanço da idade, a par da diminuição da atividade física e hábitos alimentares inadequados para a idade, são igualmente fatores que podem contribuir para elevar o risco de desenvolvimento dessas doenças.
Por isso, os especialistas em nutrição são unânimes em afirmar que a alimentação depois dos 50 anos, requer cuidados especiais, quer na seleção dos alimentos que ingerimos, quer nas atividades a desenvolver e na suplementação necessária, em alguns casos particulares.
A preparação para um envelhecimento saudável ativo, requer planeamento atempado. Quanto mais cedo nos focarmos na necessidade de manter um bom estado de saúde, escolhendo os melhores alimentos, praticando exercício físico adequado à idade e visitando o médico regularmente, menor será a probabilidade do aparecimento de disfunções no futuro e consequentemente menos gastos para reverter eventuais problemas de saúde, ou seja, não cuidar da saúde enquanto novos, pode pesar na carteira após os 50 anos.
Simultaneamente, a generalidade dos nutricionistas alerta para a necessidade de não poderem faltar, depois dos 50 anos, alguns alimentos considerados essenciais para manter uma boa saúde, com particular destaque para a água. A hidratação é fundamental para a manutenção da saúde, recomendando-se a ingestão diária de pelo menos 2 litros diários, que irão permitir a regulação do funcionamento intestinal, uma melhor absorção dos nutrientes e ajudar a desintoxicar o organismo, além de regular a temperatura corporal, entre outas funções.
Adicionalmente são recomendados alimentos fonte de proteínas de alto valor biológico como carne bovina com baixo teor de gordura, aves, ovos, leite e derivados ou de baixo valor biológico como o feijão, arroz e ervilhas; alimentos ricos em carboidratos complexos, de preferência integrais, como os pães de farinha de trigo integral, massas de farinha e arroz integral, a par de outros alimentos como aveia, linhaça, chia e frutos naturais que ajudam na regulação do trânsito intestinal; alimentos fonte de vitaminas, especialmente antioxidantes que promovem proteção contra o envelhecimento celular, como os multivitamínicos contendo vitamina C, E, A e D, com destaque para o limão e laranja, gema de ovo e vegetais como o espinafre, abóbora e cenoura e frutas como o mamão e a manga, além de peixes de água salgada; alimentos fonte de minerais, especialmente cálcio, selénio, ferro e zinco, elementos considerados essenciais e que podem ser encontrados no leite e seus derivados, vegetais de cor verde como o espinafre, brócolos e couve, por exemplo.
Mesmo com todos os cuidados com a alimentação, existem necessidades que ultrapassam a mera ingestão de alimentos, sendo algumas vezes necessário suplementá-la com medicamentos, em particular depois dos 50 anos, não havendo nada de errado nisso. Em contesto de pandemia, por exemplo, em que a maioria das pessoas permaneceu em isolamento social, sem a indispensável exposição à luz solar, essa atitude aparentemente inofensiva, pode provocar a diminuição da produção de vitamina D, o que resulta na diminuição dos níveis de imunidade.