Celebrado em vários países a 20 de março, o Dia Mundial Sem Carne surgiu em 1985 nos EUA através da ONG FARM, uma organização internacional sem fins lucrativos, que trabalha desde então para promover um estilo de vida vegan e os direitos dos animais por meio da educação pública e divulgação geral.
A data está hoje consagrada no calendário vegetariano em todo o mundo, com grupos de consciencialização a alertarem para os impactos que o consumo de carne provoca na saúde humana e ambiental e, por contraposição, os vários benefícios de uma alimentação baseada no consumo de verduras e legumes, vegetais, frutas e grãos.
Com uma visão abolicionista de um mundo onde os animais sejam livres de qualquer forma de exploração humana, incluindo para alimento e roupas, pesquisa e testes, entretenimento e caça, em 2011 a Organização assume por missão poupar do abate para a alimentação o maior número possível dos cerca de 98% de animais que são criados e abatidos para alimentação.
Por razões ambientais e de consciencialização ética, questões hoje muito valorizadas principalmente pelas sociedades ocidentais, já não constitui novidade que as pessoas estão hoje a caminhar no sentido de procurar alimentar-se melhor e de forma mais adequada aos recursos planetários que tendem a escassear, preocupando-se ao mesmo tempo com as agressões ao ambiente.
Nas sociedades modernas, as pessoas não estão só preocupadas consigo e com o seu organismo, mas também com o planeta e o mundo em que vivem, sendo provavelmente um dos assuntos mais discutidos na atualidade. É óbvio que parte dessa reflexão recai sobre os hábitos alimentares.
Nos tempos mais recentes tem vindo a acentuar-se significativamente a tendência dos portugueses e europeus para reduzirem ou excluírem a carne de suas dietas, o que tem levado algumas organizações e empresas do setor alimentar à realização de estudos de mercado com vista a terem uma perspetiva mais realista de quem são essas pessoas e das razões que as levam a tomar tais decisões.
Um desses estudos, realizado para o Centro Vegetariano em 2017, revelou que o número de vegetarianos em Portugal quadruplicou numa década, entre 2007 e 2017 e estudos mais recentes mostram que esses números continuam em crescimento. Os estudos realizados em 2021 vêm também revelar que cerca de 41% da população em geral, embora não seguindo uma alimentação vegetariana, está igualmente empenhada em reduzir o consumo de carne e pagar mais por um tipo de produção mais sustentável.
De acordo com estudos ainda mais recentes, em particular o The Green Revolution, estima-se que cerca de 10% da população portuguesa adulta, já tenha decidido adotar uma dieta maioritariamente à base de vegetais, grupo de pessoas que é designado por “população veggie”, que engloba o veganismo, vegetarianismo e flexitarianismo.
Segundo a American Dietetic Association, além de ajudar na redução do colesterol, pressão arterial e na manutenção de um peso saudável, uma saudável dieta vegan promove a saúde e reduz o risco de doenças cardíacas, derrames, cancro, diabetes e outras doenças crónicas que debilitam e matam milhões de pessoas anualmente por todo o mundo.
A ter em conta num regime alimentar sem carne
A carne é, segundo um estudo publicado pela prestigiada revista Science, uma boa fonte de energia e de vários nutrientes essenciais, como a proteína e micronutrientes como o ferro, zinco e vitamina B12.
O problema com a ingestão de carne pode surgir quando ela é processada, como no caso do fiambre, salsichas, presunto, bacon e enchidos de uma maneira geral, pois de acordo com dados da Agência Internacional para a Pesquisa em Cancro (AIPC), pelo menos 34 mil mortes por ano no mundo são atribuíveis a dietas com um elevado consumo de carnes processadas.
Este mesmo organismo adianta ainda que, se alguns indicadores forem confirmados, os regimes alimentares ricos em carne vermelha, podem subir até 50 mil, acrescentando também que o consumo de carne processada nos países ocidentais conduziu a um aumento de pelo menos 9% do risco de cancro colorretal.
Para compensar a ausência de proteína e micronutrientes, numa dieta maioritariamente à base de vegetais, a indústria alimentar e de suplementos, sempre atenta à tendência dos mercados e ao número crescente de pessoas que optam por uma das várias formas de vegetarianismo, continuam a desenvolver a produção de proteínas alternativas a partir de plantas, para responderem a um mercado com um potencial de crescimento estimado em cerca de 70% nos próximos seis anos.
No entanto, alguns especialistas em nutrição recomendam que a melhor forma de mudar gradualmente a alimentação de forma saudável, consiste em substituir a carne por ingredientes naturais, cozinhados ou não, que sejam ricos em proteínas, como por exemplo o feijão, grão-de-bico, lentilhas, soja, quinoa, linhaça, chia, nozes, óleo de canola, aveia e brócolis, entre outros alimentos integrais e leguminosas.
O mundo está a mudar e os portugueses não fogem à regra. Porém, será que a tendência de transição para o vegetarianismo é passageira ou uma nova realidade que veio para ficar? A generalidade dos especialistas é praticamente unânime em afirmar que mais que uma moda ou tendência, esta é já uma realidade social consolidada, sobretudo entre as camadas mais jovens, atentas que estão às problemáticas ambientais e de saúde.
Por isso não perca tempo! Ganhe mais e melhor saúde e acompanhe a transição.
Os carboidratos, também conhecidos como açúcares, glícidos ou hidratos de carbono, são macronutrientes, responsáveis por fornecer energia ao corpo humano.
A vacinação continua a ser o melhor meio de proteção contra o vírus, com uma proteção mais eficaz contra doenças mais graves, embora o seu efeito protetor diminua com o passar do tempo.