Segundo o Programa Nacional de Promoção da Alimentação Saudável (PNPAS) da Direção Geral da Saúde (DGS), uma alimentação saudável pressupõe que esta seja completa, variada e equilibrada, proporcionando energia adequada e bem-estar físico ao longo do dia, estando a sua prática associada à prevenção de doenças crónicas.
Acrescenta ainda que os alimentos ricos em fibras, como produtos hortícolas, frutos, cereais e leguminosas, vitaminas, sais minerais e com baixo teor de gordura devem ser os alimentos-base do quotidiano para uma alimentação saudável hoje e no futuro próximo. Porém, com a degradação ambiental em curso acelerado e o crescimento demográfico imparável, persiste a dúvida sobre a viabilidade de manutenção desses parâmetros alimentares.
De acordo com dados mais recentes da Organização das Nações Unidas (ONU), nas próxima décadas, a humanidade vai ser confrontada com o enorme desafio de ter de assegurar uma alimentação saudável, sustentável e sobretudo acessível para a totalidade dos 10 mil milhões de habitantes que se prevê venham a ocupar o Planeta em meados do século XXI.
Haverá alimentos para todos em 2050? Ainda de acordo com a ONU, para alimentarmos toda a humanidade, estima-se que a produção de alimentos tenha de aumentar cerca de 70%. Trata-se portanto de um formidável desafio para os próximos 30 anos, que terá de ser encarado segundo óticas distintas de saúde e sustentabilidade, porém complementares.
A indústria alimentar já está a trabalhar em novas formas de enfrentar esse desafio e criar novos alimentos, desde insetos, microalgas e até carne artificial, que gradualmente irão estar disponíveis nos supermercados e outros estabelecimentos comerciais similares.
Contudo, um estudo da Organização das Nações Unidas para a Alimentação (FAO), aponta para o facto de que “há evidências crescentes e preocupantes de que a biodiversidade que sustenta os nossos sistemas alimentares estão a desaparecer, colocando o futuro dos alimentos em sério risco”. De facto, perante a ameaça persistente da insegurança alimentar que paira no horizonte, agravada pelas alterações climáticas, guerras e tumultos sociais um pouco por todo o mundo, é natural que surjam dúvidas acerca do que a população mundial irá comer nas próximas décadas.
Numa ótica quantitativa, o objetivo é saber se o sistema alimentar mundial terá capacidade para vir a produzir nos próximos 30 anos, a quantidade de alimentos necessários para satisfazer as necessidades alimentares de mais cerca de 3 mil milhões de pessoas; numa ótica qualitativa, avaliar em que condições é que o equilíbrio a alcançar entre a oferta e a procura de alimentos, a nível global, poderá vir a ser obtido assegurando dietas saudáveis e acessíveis a todos, baseadas em modelos de produção agrícola e alimentar ambientalmente sustentáveis, equilibradas e economicamente viáveis.
Visando inspirar o pensamento estratégico e as ações para transformar os sistemas agroalimentares a nível mundial, em direção a um futuro sustentável, resiliente e inclusivo, em recente relatório, a FAO identifica e analisa um conjunto de fatores que podem impulsionar uma evolução futura dos sistemas alimentares, explorando tendências que podem determinar futuros alternativos de sistemas agroalimentares, socioeconómicos e ambientais, bem como as principais mudanças que são necessárias para o efeito.
De entre os muitos fatores indicados naquele documento, são de salientar, o crescimento, urbanização e envelhecimentos da população; as alterações climáticas, a concorrência internacional no uso dos recursos naturais; a produtividade e inovação agrícola; perdas e desperdícios alimentares.
A futura dinâmica populacional, caraterizada por assimetrias entre as várias regiões do Globo e entre as economias mais desenvolvidas e em desenvolvimento irá ser acompanhada não só por uma crescente urbanização e envelhecimento, como por uma melhoria no nível médio de vida do rendimento disponível das famílias, causando necessariamente um impacto muito significativo nos padrões de consumo.
Há pouco mais de 35 anos, mais de 60% da população mundial ainda vivia em zonas rurais, mas desde então a situação foi-se alterando paulatinamente e hoje, mais de 54% vive em zonas urbanas, com as projeções da ONU a apontarem para que em 2050, mais de dois terços da população mundial viva em aglomerados urbanos, o que irá provocar um consequente aumento na utilização dos recursos naturais.
Apesar da produção agrícola à escala mundial se ter tornado tecnologicamente mais eficiente nas últimas décadas, segundo a FAO, a crescente procura de alimentos e a significativa alteração dos padrões de consumo alimentar, levaram a um significativo acréscimo na concorrência pelos recursos de terra e água, de que resulta a degradação dos solos, a desflorestação e a escassez de água, estimando-se que atualmente cerca de 33% das terras aráveis se encontram degradadas, o que contribui significativamente para a cada vez maior dificuldade de expansão de áreas produtivas.
Por outro lado, é hoje consensual que a Terra está a atravessar um processo de alterações climáticas, caraterizado por um aumento da temperatura média da atmosfera, uma crescente irregularidade pluviométrica e uma maior intensidade e frequência dos fenómenos meteorológicos extremos, o que vai obrigar a maiores investimentos nas tecnologias e práticas agrícolas tendentes a minorar os efeitos dessas alterações por forma a garantir a segurança alimentar da população mundial baseada em sistemas de produção sustentáveis.
A produtividade agrícola, a inovação tecnológica e o aproveitamento de desperdícios são outros dos fatores a ter em conta no futuro próximo, por forma a contribuir para o aumento da produção de alimentos com uma utilização menor dos recursos disponíveis e um mais racional aproveitamento dos desperdícios alimentares que segundo a FAO representarão mais de 1/3 da produção total de alimentos à escala mundial.
Os carboidratos, também conhecidos como açúcares, glícidos ou hidratos de carbono, são macronutrientes, responsáveis por fornecer energia ao corpo humano.
A vacinação continua a ser o melhor meio de proteção contra o vírus, com uma proteção mais eficaz contra doenças mais graves, embora o seu efeito protetor diminua com o passar do tempo.