Quando um bebé está com fome, chora. Se a quantidade de leite ou comida oferecida for pequena, ele demonstra que está insatisfeito até que lhe dêem mais. Quando tem o estômago cheio, perde o interesse pelo que lhe oferecem e recusa-o. Já reparou como todo o processo é natural?
Nascemos capazes de regular a ingestão de comida de acordo com os sinais do nosso corpo, aqueles que nos mostram o “tamanho” da nossa fome. Então por que razão, com o passar do tempo, comer torna-se algo tão complicado?
A resposta até é simples. Conforme vamos crescendo somos “estimulados” a não seguir a nossa intuição, ou seja, passamos a seguir as “regras” impostas pelo meio em que vivemos (família, escola, etc.). Muitas dessas regras são crenças, sendo vistas como verdades absolutas pela grande maioria das pessoas. Resultado: deixamos de ter uma alimentação intuitiva.
O termo “intuição” refere-se à sensação de saber que algo é verdadeiro. A alimentação intuitiva consiste em decidir o que comer com base no que sabemos que é certo ou errado para o nosso corpo.
A alimentação intuitiva é: comer em resposta ao que o corpo nos pede, por exemplo, comer quando se tem fome e parar após ter comido o suficiente; e ter conhecimento dos alimentos de que se gosta ou dos que não se gosta e comer aqueles que são adequados. Ter percepção dos gostos de cada um torna o acto de comer mais aprazível.
Ao praticar a alimentação intuitiva, apercebemo-nos do que se sente ao comer cada alimento. Se algum alimento causa incómodo abdominal, a pessoa pode deixar simplesmente de o comer. Por exemplo, quem é intolerante à lactose vai lembrar-se da sensação causada após a ingestão de lacticínios, podendo optar por ingerir alimentos que contêm lactose ou não.
A forma como vemos a alimentação e os aspectos com ela relacionados diz muito sobre a nossa saúde física, mental e emocional. A maior parte de nós não tem consciência de como come e de que forma esse comportamento pode influenciar toda a nossa vida. Há, aliás, vários tipos de comedores: o cuidadoso, o profissional da dieta, o inconsciente, o caótico, o que não recusa, o que não desperdiça, o emocional e o intuitivo.
A pessoa até se pode identificar com mais de um tipo, mas existe seguramente destaque em um deles.
Comer de forma intuitiva requer tempo e prática. O modelo de uma alimentação intuitiva é composto por dez princípios básicos. Estes têm como objectivo a orientação de uma pessoa até à normalização da relação individual com a comida. Fique a saber quais são.
Os princípios da Alimentação Intuitiva
Está cansado de tantas dietas e da guerra constante com a balança, mas não desespere. A alimentação intuitiva vai resgatar a sua relação saudável com a comida.
O primeiro princípio é, precisamente, Rejeitar a mentalidade de “estar de dieta”. Existem vários estudos que demonstram que as dietas desregulam as funções fome, apetite e saciedade; causam ganho consecutivo de peso; aumentam a susceptibilidade aos exageros, e ainda potenciam compulsões alimentares.
Aqui não cabem os conceitos usados na dieta. É preciso deixar para trás a restrição, a culpa, o cardápio e a dieta da moda, por exemplo. Ao invés disso, o comer intuitivo procura que a alimentação seja harmoniosa, flexível, e prazerosa. Deve-se respeitar os sinais internos do corpo, ter confiança, satisfação, nutrição e liberdade ao comer. Portanto, a proposta não é fazer dieta e sim fazer as pazes com a comida.
O segundo princípio é Honrar a fome. Para honrar a fome, é preciso perceber os sinais de fome. Certamente tem consciência de alguns deles, no entanto, estes sinais fisiológicos podem manifestar-se de várias formas: perda de energia, desatenção, dor de cabeça, barriga a protestar, etc.
Não é adequado sentir-se com fome e ignorar esse sinal para emagrecer. É claro que existem momentos em que temos fome mas, por algum motivo, não podemos comer naquela altura. Nesse caso, o importante é não ficar faminto. Quando se está com muita fome é mais difícil entender os sinais de saciedade e mais fácil comer sem controle, ou “atacar” o frigorífico.
Um dos pilares centrais e um passo essencial da alimentação intuitiva é Fazer as pazes com a comida, ou seja, ter permissão incondicional para comer, algo muitas vezes mal compreendido pelas pessoas. Sim, porque isto não quer dizer que se deva comer o que quiser, a qualquer momento e sem nenhum critério para fazer escolhas alimentares.
Para se fazer as pazes com a comida é preciso não dar valor diferente aos alimentos, ou seja, não é apropriado classificá-los de “bons ou maus”, “mais ou menos saudáveis”, “que devem ser consumidos ou que não devem”.
Todos os alimentos devem ter o mesmo peso na balança, para que haja liberdade de escolher cada um no momento mais apropriado, conforme a preferência e necessidade. Nada é proibido quando existe flexibilidade e equilíbrio na alimentação.
O 4º princípio é “Desafiar o polícia alimentar”. Algumas pessoas possuem um “polícia” dentro da cabeça: aquela “vozinha” que avalia se as “regras” determinadas pela mentalidade de dieta estão ou não a ser cumpridas. Por exemplo, a voz diz que não pode comer doces pois são muito calóricos, assim, quando a pessoa os come, sente-se culpada. Esse comportamento não pode continuar. A pessoa não é melhor ou pior pelas suas escolhas alimentares.
Sentir a saciedade é o 5º princípio da Alimentação Intuitiva. Sentir a saciedade envolve aprender a ouvir e reconhecer os sinais internos do corpo de que a fome já foi “ouvida” e posteriormente, entender o que é estar confortavelmente saciado. Deve tentar fazer uma pausa no meio da refeição e perceber o quanto está satisfeito e o quanto ainda precisa de comer ou não.
O 6º princípio é Descobrir o factor satisfação. Satisfação resume-se ao prazer que advém da realização daquilo que se ambiciona/deseja. Neste princípio, dois factos são levados em consideração:
- existem alimentos que nos deixam satisfeitos por mais tempo, ou seja, demoramos mais até sentir fome e pensar em comida;
- a comida também nos traz satisfação, assim, é preciso aprender a comer com prazer, e não apenas para suprir a fome e as necessidades nutricionais.
Descobrir e desfrutar da satisfação ao comer ajuda a evitar excessos, a comer menos. Por isso é importante saber o que realmente se quer comer, saborear a comida e prestar atenção às sensações que desperta (sabor, textura, aroma, temperatura e aparência). Assim, torna-se mais fácil aperceber-se de que está pleno, feliz ou empanturrado.
Lidar com as emoções sem usar a comida é o 7º princípio. Existe uma relação complexa entre comida, emoções e comportamento. As nossas emoções influenciam a forma como comemos. É normal comermos de forma diferente quando estamos felizes ou muito tristes. Algumas pessoas comem menos e outras comem de maneira exagerada. O problema é quando há um desequilíbrio e, ao não saber lidar com as emoções, a comida é usada para “tapar buracos” emocionais. É importante descobrir a maneira de se confortar, distrair e resolver as emoções sem usar a comida.
O 8º princípio é Respeitar o seu corpo. Isto é algo que começa com a aceitação genética, ou seja, abandonar a ideia de que o corpo é algo moldável. Cada um tem a sua forma e características próprias. Que tal apreciar e evidenciar as partes do corpo de que gosta, em vez das que não gosta?
Cada um tem um tipo corporal que precisa ser aceite, procurando sempre um peso equilibrado. Quando se é muito crítico em relação à forma e ao tamanho do corpo, torna-se muito difícil rejeitar a mentalidade de dieta.
Ter uma imagem corporal positiva aumenta a satisfação com a própria aparência, gera menos stress sobre a imagem, melhora a autoestima, optimismo e ajuda a lidar com a vida com maior aceitação.
Exercitar-se e Honrar a saúde são os dois últimos princípios da Alimentação Intuitiva.
Aqui o objectivo de se exercitar é promover o bem-estar e saúde, e não a queima de calorias. Não é saudável usar o exercício como punição ou obrigação ou como compensação por ter comido demais, por exemplo.
Ao exercitar-se deve sentir a forma como o seu corpo se movimenta e as sensações de bem-estar geradas pelo exercício. Quando a motivação são estas sensações, o exercício torna-se recompensador e agradável.
Honrará a sua saúde se tiver em mente que não precisa de uma dieta perfeita para ser saudável. Ninguém desenvolve uma deficiência nutricional ou ganha peso por ter comido um determinado alimento ou refeição. O importante é que haja um padrão alimentar saudável, ou seja, comer alimentos in natura na maior parte do dia, evitando alimentos ultra processados.
A nutrição e os seus conceitos não são postos de lado na alimentação intuitiva, no entanto, as escolhas são feitas tendo em consideração a saúde, paladar, bem-estar, o emocional e social das pessoas. E então, quer experimentar?
Como dar início à Alimentação Intuitiva
A alimentação intuitiva é mais fácil do que pensa. Claro que comer desta maneira varia de pessoa para pessoa. A vida, o corpo, os hábitos e o passado de cada um são diferentes, e por isso o que funciona para uma pessoa pode não funcionar para outra.
Comer intuitivamente é comer aquilo que o nosso corpo nos pede… Ainda que sinta que o alimento em questão não se encaixa na nova dieta da moda. Os desejos alimentares são sábios e ao nutrirmos o nosso corpo com os ingredientes certos, ele agradece e responde com mais energia, com uma pele macia e saudável, com mais clareza mental, entre outras coisas boas. Corpo, beleza e mente trabalham em conjunto.
A melhor forma de ter uma alimentação intuitiva é colocar em prática os dez princípios mencionados no dia a dia. Comece ao seu ritmo!
Coloque em prática um princípio por semana, por exemplo. Deve ter paciência e não se cobrar excessivamente, e aos poucos conseguirá identificar quais os princípios mais importantes para si e que hábitos e pensamentos sobre a comida deve alterar.
Quando começar a confiar nos seus instintos e a estar atento aos sinais do seu corpo, a sua relação com a comida vai mudar de uma maneira profunda, e isso acaba por se reflectir no seu corpo. Pronto para reprogramar o cérebro e recuperar a sua intuição?
Os sais minerais são substâncias inorgânicas contendo iões e catiões metálicos, indispensáveis ao organismo humano, sendo responsáveis pelo bom funcionamento do metabolismo.
Os carboidratos, também conhecidos como açúcares, glícidos ou hidratos de carbono, são macronutrientes, responsáveis por fornecer energia ao corpo humano.
A vacinação continua a ser o melhor meio de proteção contra o vírus, com uma proteção mais eficaz contra doenças mais graves, embora o seu efeito protetor diminua com o passar do tempo.