CÃES GRANDES EM CASA

CÃES GRANDES EM CASA

CANÍDEOS

  Tupam Editores

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A redução do tamanho dos imóveis, para combinar com o novo formato das famílias, é um dos reflexos dos tempos modernos. Os apartamentos, tal como as casas, diminuíram de tamanho levando muitas pessoas a escolher para melhor amigo de quatro patas cães pequeninos como o Chihuahua, o Pinscher, ou o Pequinês… afinal, são raças de pequeno porte e, portanto, viáveis para ter em espaços reduzidos.

Mas será que um cão grande não pode viver num apartamento?
O genoma do cão parece ser quase infinitamente maleável, existindo atualmente cerca de 400 raças. Desde que o Homem começou a domesticar estes animais selecionou determinados traços da sua aparência e comportamento para que se adaptassem à forma como vivemos.

Algumas raças foram criadas especificamente para serem compatíveis com espaços pequenos, mas isso não significa que o animal seja pequeno.

No momento da escolha do seu futuro companheiro o tamanho não é o mais importante – deve, em vez disso, optar por uma raça que se sinta à vontade numa casa sem quintal, que seja calma e que não ladre de cada vez que alguém circular pelo edifício, até porque viver em propriedade horizontal implica “viver e deixar viver”.

Para ter animais num apartamento, os tutores devem salvaguardar regras básicas de boa vizinhança, sossego e higiene, e assegurar o bem-estar dos animais, respeitando as características e necessidades de cada espécie.

Entre todas as espécies, os cães são definitivamente uma das mais adaptáveis. Apesar dos traços genéticos, é o tutor que faz o cão. Existem imensos casos de sucesso de cães de grande porte que vivem tranquilamente em apartamentos. Se o tutor corresponder às suas necessidades, lhe der educação e estabelecer limites, terá um cão ótimo para viver num apartamento.

Objetivo: assegurar o bem-estar do animal

A frase “Lar, doce lar” não é válida apenas para os humanos. Os cães, neste caso os de grande porte, também precisam de um lar confortável e seguro, com condições que lhe permitam ter qualidade de vida.

Cão grande no sofã

Algumas raças necessitam de um espaço adequado ao seu perfil e condições físicas, mas todos precisam de uma área só deles no apartamento ou na casa, com os seus brinquedos, e de um sítio onde fazer as suas necessidades quando o tutor não tenha possibilidades de ir passear com ele.

Viver num apartamento significa ter vizinhos próximos. O ideal é ter um animal que seja tranquilo com estranhos. Além disso, há raças com maior tendência para se expressar com latidos, logo, devem ser educados desde pequeninos para não ladrarem desnecessariamente.

Mais do que a raça, é importante conhecer a linhagem do cão. Se os seus ascendentes forem tranquilos, é provável que o animal herde essa característica, no entanto, há alguns aspetos que o tutor deve levar em conta quando tem um cão grande em casa.

Convém adaptar o espaço ao cão, ou seja, os cães grandes são naturalmente desastrados nas brincadeiras e podem derrubar objetos ao balançar o rabo ou dar um salto um pouco mais vigoroso, por isso, evite ter peças de vidro ou outros objetos decorativos em locais baixos ou instáveis. Dê preferência a móveis mais resistentes às possíveis mordidas e unhadas do animal e opte por um chão mais poroso e antiderrapante.

Cão e tutor a brincar

Os cães são animais sociais e não foram criados para ficarem sozinhos por longos períodos de tempo, e não gostam quando isso acontece. Assim, sempre que o tutor tenha de sair deve deixar-lhe acesso livre às áreas de convívio da família para que, ao farejar o cheiro dos moradores, ele não sinta tanto a solidão.

Para evitar o desenvolvimento de problemas psicológicos, como o transtorno compulsivo, ou que, de tão entediado, ele se lamba ou morda até se aleijar convém ter em casa ossos recreativos, brinquedos e jogos que o exercitem mentalmente para se distrair durante a ausência da família.

É imperativo gastar energia. Um cão que não passeie, brinque ou gaste energia de alguma outra forma vai descobrir qualquer atividade para a desgastar. O resultado, geralmente, não é bom e eles acabam por destruir tudo o que aparece pela frente.

Retriever destrói almofadas

Com um cão grande em casa o tutor deve ter noção de que esta destruição será proporcional ao seu tamanho. Então, se um Chihuahua é capaz de estragar uma almofada, um Golden Retriever, por exemplo, poderá facilmente estragar um sofá.

Os passeios diários – no mínimo dois por dia com duração de 30 minutos – são muito importantes para cães de grande porte que estejam confinados a um apartamento, e devem ser uma preocupação constante do tutor.

Ao correrem de um lado para o outro os animais aliviam o stress, previnem problemas como a ansiedade, o sedentarismo e o excesso de peso, e ainda desenvolvem a musculatura e mantêm a saúde das articulações. Além disso, há animais que preferem fazer as suas necessidades na rua, longe do ambiente onde vivem e dormem, principalmente se já foram “castigados” por as fazerem no local errado em casa.

Criar rotinas pode tornar tudo mais fácil: ter horários determinados para os passeios, para as brincadeiras e para a alimentação – um aspeto muito importante em cães de grande porte a viver em apartamentos.

Estes cães movimentam-se menos do que aqueles que têm quintais ou jardins onde podem correr sempre que lhes apeteça, logo, há maior tendência para o ganho de peso.

O tutor deve ter em atenção que só porque o animal é grande não tem de comer muito. Assim, é imprescindível que a sua alimentação seja controlada, e no caso de o animal ser castrado, os cuidados devem ser redobrados.

Algumas raças têm maior predisposição para desenvolver determinadas doenças do que outras, e particularmente as de grande porte, sendo necessária atenção e cuidado com o cão em todas as fases da vida.

No caso do Golden Retriever, como acontece com muitos cães de grande porte, pode acontecer displasia coxofemoral, e também desgaste da articulação do cotovelo; em São Bernardos, é comum a dilatação gástrica. O estômago distende pelo acúmulo de gases e pode causar uma torção em si mesmo, prejudicando o sistema digestivo.

Os Dálmatas são a raça mais atingida pela surdez. Segundo os especialistas, 30 por cento dos cães desta raça ficam surdos de um ouvido e 10 por cento ficam surdos dos dois. Quando maior e mais branco for um dálmata, mais hipóteses tem de ficar surdo; Pastores Alemães e outros cães grandes são mais facilmente atingidos por problemas nas articulações e com o tempo podem ficar sem a mobilidade das patas traseiras.

A expetativa de vida varia de acordo com o tamanho do animal. Cães de pequeno porte vivem, em média, 12 anos, mas cães gigantes possuem uma expetativa de vida entre 7-8 anos. Portanto, as doenças degenerativas, que avançam conforme os cães envelhecem, atingem animais grandes muito antes dos cães pequenos.

Se o tutor tiver em mente estes cuidados não há razão para não ter em casa um cão grande ou até “gigante”, e até há raças que têm todo o perfil para viver em apartamentos, por muito estranho que pareça.

Raças grandes que “gostam” de viver em apartamentos

Ter um cão grande num apartamento pode ser um desafio e, sem dúvida, implica uma maior entrega por parte do tutor, mas não é impossível. A maioria dos cães são tão apegados à família humana que preferem estar no interior da casa do que no exterior (quando têm essa possibilidade), desde que acompanhados.

Preparado para uma surpresa? Uma das raças que levantará algumas dúvidas aos futuros tutores será o Dogue Alemão, que muitos reconhecem como Scooby-Doo. Este gigante, contudo, adapta-se bem a espaços fechados, como os apartamentos, dando a sensação aos vizinhos de que não existem animais em casa.

 

Great Dane  DOGUE ALEMÃO
País de origem: Alemanha
Porte: Grande, Gigante
Peso médio / Altura: 45 – 55 kg / > 72 cm
Expetativa de vida: 10 anos
Características principais: Afetuoso e calmo
Nível energético: Baixo
Nível de brincadeira: Baixo
Nível de afeto: Elevado
Necessidade de exercício: Médio
Cuidados com a pelagem: Baixo

O Dogue Alemão quer estar onde a família estiver. Gosta muito de pessoas, incluindo de crianças e estranhos, e vai receber bem as visitas. É muito cuidadoso, super afável, dedicado e carinhoso, ou seja, um excelente cão de companhia. Precisa apenas de um bom passeio por dia para extravasar energias, ter um espaço para se deitar confortavelmente em cada divisão, e claro, muito mimo.

Ele adora estar ao colo do tutor no sofá, mas quando tiver 55 quilos a situação será viável? Tenha atenção que ele vai ocupar três lugares do sofá lá de casa, e uma vez habituado, é teimoso o suficiente para não largar os vícios.

O Golden Retriever é um ótimo membro da família pois é dócil e afetuoso, especialmente com crianças. Adapta-se bem a qualquer casa, seja um apartamento ou uma herdade, desde que possa estar perto dos seus donos e fazer parte da sua vida.

O treino é facilitado pela sua inteligência e vontade de agradar ao tutor. Apesar do seu tamanho, é um cão muito sensível que não suporta nem injustiças nem maus-tratos, podendo mesmo ficar amuado.

Cão Golden retriever  GOLDEN RETRIEVER
País de origem: Grã-Bretanha
Porte: Médio, Grande
Peso médio / Altura: 27 – 36 kg / 51 – 61 cm
Expetativa de vida: 15 anos
Características principais: Obediente e dócil
Nível energético: Médio
Nível de brincadeira: Elevado
Nível de afeto: Elevado
Necessidade de exercício: Médio
Cuidados com a pelagem: Médio

Se pensa adotar um Retriever tenha em mente que este não deve ter um tipo de vida sedentária, pelo contrário, para se manter saudável física e psicologicamente deve fazer exercício diário.

O Galgo Inglês, ou Greyhound, é considerado por muitos o cão mais rápido do mundo, conseguindo alcançar velocidades que podem atingir os 72 km/h. É gentil, carinhoso, corajoso e extremamente devoto ao seu tutor, sendo um bom cão de companhia até para um apartamento. Revela pouca tendência para ladrar, o que é outra característica positiva.

É um pouco reservado e por isso não é um bom cão de guarda, pois tende a afastar-se quando se sente ameaçado ou importundado. Esta característica revela-se positiva no convívio com crianças, o seu temperamento tolerante permite que aguente as suas brincadeiras, no entanto, se for demasiado importunado simplesmente afasta-se.

Treinar um galgo inglês é relativamente fácil pois ele é um cão inteligente, no entanto, o facto de ser independente faz com que seja um pouco teimoso. Não ceda, seja paciente e eduque-o com consistência.

Galgo Inglês a ver TV  GALGO INGLÊS
País de origem: Grã-Bretanha
Porte: Grande, Gigante
Peso médio / Altura: 27 – 32 kg / 69 – 76 cm
Expetativa de vida: 10 a 12 anos
Características principais: Inteligente e amigavel
Nível energético: Baixo
Nível de brincadeira: Médio
Nível de afeto: Médio
Necessidade de exercício: Médio
Cuidados com a pelagem: Baixo

Por ser um cão enérgico, o seu exercício não deve ser descurado. Recomendam-se passeios longos e em que o cão possa correr livremente.

Outra raça que poderá surpreender é o cão Pastor Alemão. Este cão de grande porte é corajoso, inteligente e fiel ao tutor. Sempre em alerta, ele o defenderá furiosamente ao menor sinal de perigo. A sua atitude de guardião é um destaque da raça, mas a sua tolerância também é notável: não só aceita as brincadeiras mais atrevidas das crianças como recebe pacificamente os desconhecidos que o tutor convida para casa.

Cão Pastor Alemão  PASTOR ALEMÃO
País de origem: Alemanha
Porte: Grande
Peso médio / Altura: 22 – 40 kg / 55 – 65 cm
Expetativa de vida: 12 anos
Características principais: Inteligente e atento
Nível energético: Médio
Nível de brincadeira: Médio
Nível de afeto: Médio
Necessidade de exercício: Elevado
Cuidados com a pelagem: Baixo, Médio

É um “aluno disciplinado”, obediente, e por isso facilmente treinável. É importante dar-lhe, desde cedo, uma educação firme e consistente para que perceba o seu lugar na hierarquia da família. Uma vez as regras estabelecidas ele não irá desafiar as ordens do líder nem desobedecer às mesmas na ausência dos familiares.

Considerado em todo o mundo como o “cão dos sete ofícios”, este cão de ação precisa desesperadamente de exercitar o seu corpo (corrida, jogos, brincadeiras) e a sua mente (exercícios de treinamento, como obediência), devendo as saídas ser frequentes – três a quatro vezes vezes por dia durante períodos de, pelo menos, meia hora – para compensar o facto de viver num apartamento.

Para além das mencionadas existem outras raças de cães grandes que podem viver num apartamento sem problemas, como o American Pit Bull Terrier, Akita, Boxer, Chow Chow, Doberman, Husky Siberiano, Labrador, e até o São Bernardo. Todos precisam, contudo, de alguns cuidados especiais, do empenho de toda a família e de uma grande dose de paciência e de perseverança.

Se achava que para viver num apartamento o tamanho do cão era muito importante então vai ter de repensar o assunto!

Autor:
Tupam Editores

Última revisão:
24 de Abril de 2024

Referências Externas:

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