Espécie exótica (não-indígena) de caráter invasor, a vespa velutina é de origem asiática. A sua área de distribuição natural estende-se pelas regiões tropicais e subtropicais do norte da Índia ao leste da China, Indochina e arquipélago da Indonésia, ocorrendo normalmente nas zonas montanhosas e mais frescas da área de onde é originária, pelo que pode estar preadaptada para explorar ambientes temperados.
A subespécie introduzida na Europa é a Vespa velutina nigrithorax, designada vespa asiática, também conhecida por vespa das patas amarelas.
Ao que tudo indica, o meio de entrada da invasora deu-se através do comércio de produtos alimentares (e não só) dos países onde é nativa, para o porto de Bordéus – França, em 2004. A espécie rapidamente se reintroduziu, tendo Portugal registado o primeiro avistamento em 2011, no distrito de Viana do Castelo.
Durante alguns anos ficou no norte do país, mas tem vindo a ampliar a sua área de ocorrência e a deslocar-se para o sul do país, sendo que Lisboa, até agora, é o distrito mais a sul onde existe a sua presença.
Ao longo deste ano, os distritos onde se registaram mais denúncias foram no Porto (133), Braga (92), Viseu (60), Aveiro (53) e Coimbra (50).
A sua organização social é constituída por uma rainha, várias obreiras, machos e fundadoras. Pertencente à classe Hymenoptera, a vespa asiática possui cabeça preta com face laranja/amarelada.
O corpo é castanho-escuro ou preto, aveludado, delimitado por uma faixa fina amarela e com um único segmento abdominal amarelado-alaranjado na face dorsal, sendo difícil confundí-la com qualquer outra espécie. As asas são escuras e as patas castanhas com as extremidades amarelas, o que originou a designação de vespa das patas amarelas.
O seu tamanho varia de acordo com o alimento, o lugar e a temperatura, sendo, contudo, uma das maiores espécies de vespas. A rainha pode ter até 3,5 cm, as obreiras 2,5 cm e os zangões 3 cm.
Os seus ninhos, constituídos por fibras de celulose mastigadas, têm uma forma redonda ou em pera, com uma abertura semelhante a uma saída lateral, podendo atingir um metro de altura e cerca de 50-80 cm de diâmetro, e são geralmente construídos em árvores com alturas superiores a 5 metros.
Cada ninho pode albergar entre 2000 a 13000 vespas e mais de 150 fundadoras que, no ano seguinte, poderão vir a criar pelo menos seis novos ninhos.
Espécie carnívora, a vespa asiática é essencialmente um predador de outras vespas e de abelhas, mas tal como a vespa europeia (Vespa crabro), também se alimenta de uma grande variedade de outros insetos. Como as outras vespas, constitui uma das pragas da colmeia, mas não representa uma ameaça sanitária, por não ser fonte de transmissão de doenças às abelhas.
É uma espécie diurna, com um ciclo biológico anual, que tem máxima atividade durante o verão, quando atacam em massa as colmeias. É entre junho e setembro que se regista maior pressão de predação, associada ao crescimento dos ninhos, pelo que o crescimento exponencial da colónia no verão e outono está associado a ataques a apiários da abelha europeia (Apis mellifera).
Durante o inverno as rainhas fundadoras hibernam fora do ninho, principalmente em árvores, rochas ou no solo. Em fevereiro e março, as rainhas que sobreviveram ao inverno abandonam o local de hibernação para fundar a sua própria colónia (sendo, por isso, designadas de fundadoras).
Em seguida, inicia-se a postura e nascem as obreiras dos ovos fecundados, e então mudam-se para um segundo ninho (ninho secundário) construído frequentemente em locais altos (10 metros ou mais), sendo responsáveis pela alimentação das novas larvas, bem como da rainha. Com a saída das obreiras, o crescimento do ninho e da colónia é exponencial.
Os principais efeitos da presença desta espécie não indígena manifestam-se em várias vertentes.
Impacto da espécie e estratégias de controlo
A presença da vespa representa um risco sob diferentes pontos de vista:
Apicultura: o efeito sobre a população de abelhas é direto – pois há uma grande predação por parte das vespas –, e indireto, pela diminuição das atividades das abelhas perante a presença da vespa, que se traduz num enfraquecimento e eventualmente morte da colmeia. As consequências são uma menor produção de mel e produtos relacionados, e uma diminuição vegetal dada a importância das abelhas nesta função biológica.
Produção agrícola: principalmente pelo efeito indireto da diminuição da atividade polinizadora das abelhas. Além disso, a produção frutícola pode ser afetada, ao serem estas espécies vegetais fontes de hidratos de carbono na dieta da vespa, havendo relatos de estragos em pomares e vinhas de regiões invadidas.
Bem-estar e segurança dos cidadãos: embora não sejam individualmente agressivas para o ser humano, reagem de forma bastante agressiva às ameaças aos seus ninhos. Além disso, o grande tamanho que os ninhos podem atingir em zonas urbanas, resulta num maior risco para os cidadãos.
Ambiente: por ser uma espécie não indígena, predadora natural das abelhas e de outros insetos, o que pode eventualmente originar impactos significativos na biodiversidade.
A expansão desta espécie invasora pelo território nacional está a acontecer a um ritmo alucinante, tornando obrigatória a implementação de melhores medidas e estratégias no seu controlo e combate.
Em 2018, foi implementado o Plano de Ação para a Vigilância e Controlo da Vespa Asiática em Portugal, que visa a prevenção, vigilância e controlo destes insetos em todo o território nacional, com vista à segurança dos cidadãos, à proteção da atividade agrícola e do efetivo apícola, e para minimização dos impactos sobre a biodiversidade.
Relativamente ao plano de ação, a GNR, através do SEPNA (Serviço de Proteção da Natureza e do Ambiente), tem participado nas ações de vigilância, controlo e destruição, assim como nas ações de formação e divulgação, além de efetuar o tratamento e encaminhamento de todas as denúncias recebidas através linha SOS Ambiente e Território.
Ainda que a destruição dos ninhos da vespa seja considerado o melhor método de limitar localmente o impacto das mesmas sobre abelhas, outros insetos e eventualmente pessoas, os cidadãos devem evitar fazê-lo.
A destruição dos ninhos deverá ser efetuada apenas por entidades ou agentes habilitados para o efeito, com equipamento de proteção e seguindo as orientações constantes no Plano de Ação.
Nunca se deve usar armas de fogo (armas de caça), mesmo no caso de difícil acesso aos ninhos, pois este método só provoca a destruição parcial do ninho e contribui para a dispersão e disseminação da vespa asiática por constituição de novos ninhos.
A verdade é que ainda não existe nenhum método de controlo que seja considerado eficaz na eliminação da vespa asiática, por isso deve ter-se em atenção que a instalação descontrolada de armadilhas e a destruição de ninhos de outras espécies de vespas é prejudicial para a biodiversidade, principalmente de insetos polinizadores.
Existem armadilhas, que são utilizadas atualmente, já com alguma seletividade para a vespa, logo, é importante que sejam colocadas aquando do aparecimento das fundadoras.
Mas os cidadãos também podem ajudar. A deteção ou a suspeita da existência de ninho ou de exemplares de vespa asiática deverá ser comunicada através de um dos seguintes meios:
inserção/georreferenciação online do ninho ou dos exemplares de vespa, e preenchimento online de um formulário com informação sobre os mesmos disponível no portal www.sos.vespa.pt, acessível a partir dos portais da Direção Geral de Veterinária e Alimentação, do Instituto Nacional de Investigação Agrária e Veterinária, do Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas, das Direções Regionais de Agricultura e Pescas, do SEPNA/Guarda Nacional Republicana e das Câmaras Municipais respetivas;
preenchimento de um formulário (Anexo 4) e envio para a Câmara Municipal da área onde ocorreu a observação;
preenchimento via Smartphone disponível no portal www.sosvespa.pt;
contactar a linha SOS Ambiente. Neste caso o observador será informado do procedimento a seguir para a efetiva comunicação da suspeita;
poderá também solicitar a colaboração da junta de freguesia mais próxima do local de deteção/suspeita, para o preenchimento do formulário (Anexo 4).
Sempre que possível deve anexar-se uma fotografia da vespa ou do ninho para possibilitar a identificação.
Sabe como agir se for picado por uma vespa asiática?
Geralmente a picada da vespa provoca apenas uma reação local, com dor, comichão, vermelhidão e inchaço no local da picada, podendo, na maior parte dos casos, ser tratada em casa.
Um dos cuidados que deve ter é a extração do ferrão da vespa ou parte do inseto que possa ainda estar cravado na pele, e lavar o local da picada abundantemente com água fria.
Em caso de sentir dor, pode tomar um analgésico, como paracetamol ou ibuprofeno. Deve seguir sempre as indicações do folheto e tomar a dose recomendada. Se sentir comichão, pode aplicar gelo ou uma pomada de venda-livre comprada na farmácia para aliviar o sintoma. Outra opção passa por tomar um anti-histamínico. A aplicação de gelo na lesão também ajuda a diminuir o edema.
Nos casos de reação alérgica grave (anafilaxia), os sintomas surgem alguns minutos após a picada e têm vários graus de gravidade:
Reação cutânea – urticária, angiodema;
Sintomas digestivos – náuseas, vómitos, diarreia, dor abdominal;
Respiratórios – pieira, estridor, falta de ar;
Cardiovasculares – taquicardia, tonturas, confusão, sensação de desmaio;
Choque anafilático com paragem cardiorrespiratória.
Os doentes com historial de reações alérgicas devem ser portadores de um estojo de emergência com adrenalina para auto-administração. Devem também ir a um Centro de Imunoalergologia, para avaliação e eventual indicação para vacina anti-alergénica com extrato de veneno em ambiente hospitalar.
Mas, independentemente de ser alérgico ou não, para reduzir o risco de ser picado por uma vespa, nada melhor do que prevenir. Acima de tudo, nunca perturbe os seus ninhos. É importante manter-se calmo e movimentar-se devagar. Nada de agitar os braços, ou enxotar os insetos.
Deve cobrir a pele exposta usando mangas compridas e calças nos momentos do dia em que estes estão mais ativos – como o nascer e o pôr do sol –, e calçar sapatos fechados enquanto estiver na rua.
Aplique repelente de insetos – com entre 20 a 30 por cento de DEET (dietiltoluamida) –, na pele exposta e por cima da roupa. Se vai aplicar protetor solar, faça-o antes de aplicar o repelente.
Mantenha os alimentos e bebidas tapados enquanto estiver a consumi-los ao ar livre, especialmente os doces. Em zonas de risco, mantenha as portas e janelas da casa e do carro fechadas, sobretudo no final do dia, ou coloque uma rede mosquiteira para prevenir a entrada de insetos.
Se seguir estes conselhos, conseguirá escapar ao ferrão da vespa asiática. Já as abelhas melíferas e outros insetos polinizadores não têm tido a mesma sorte, existindo, neste momento, uma necessidade de intervenção urgente para combater esta predadora.
Os prebióticos foram introduzidos na alimentação dos cavalos por se acreditar que eram benéficos, mas afinal, estes suplementos alimentares não são tão benéficos quanto se pensava.
Os detentores de animais de companhia, não podem provocar dor ou exercer maus-tratos que resultem em sofrimento, abandono ou morte, estando legalmente obrigados a assegurar o respeito por cada espécie...