Investigadores descobrem nova classe de antibióticos
Um estudo levado a cabo por uma equipa de investigadores da Universidade McMaster, em Hamilton, permitiu identificar um forte candidato para desafiar algumas das bactérias mais resistentes a medicamentos do planeta – uma nova molécula denominada lariocidina. As descobertas foram publicadas recentemente na revista Nature.

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A descoberta da nova classe de antibióticos vem dar resposta a uma necessidade crítica de novos medicamentos antimicrobianos, à medida que as bactérias e outros microrganismos desenvolvem novas formas de resistir aos medicamentos existentes. O fenómeno é chamado de resistência antimicrobiana, ou RAM, e, de acordo com a Organização Mundial da Saúde, é uma das principais ameaças globais à saúde pública.
Segundo Gerry Wright, líder do estudo, os medicamentos antigos estão a tornar-se cada vez menos eficazes à medida que as bactérias se tornam mais resistentes aos mesmos. Morrem anualmente cerca de 4,5 milhões de pessoas devido a infeções resistentes a antibióticos, e o problema continua a agravar-se.
Os especialistas descobriram que a nova molécula, um peptídeo lasso, tem um novo modo de ação. A lariocidina liga-se diretamente à maquinaria de síntese proteica de uma bactéria de uma forma completamente nova, inibindo a sua capacidade de crescer e sobreviver.
A lariocidina é produzida por um tipo de bactéria chamada Paenibacillus, que os investigadores recuperaram de uma amostra de solo recolhida num quintal em Hamilton. A equipa permitiu que as bactérias do solo crescessem no laboratório durante aproximadamente um ano – um método que ajudou a revelar até as espécies de crescimento lento que poderiam passar despercebidas.
Uma dessas bactérias, a Paenibacillus, estava a produzir uma nova substância que tinha forte atividade contra outras bactérias, incluindo as normalmente resistentes aos antibióticos.
Além do modo de ação único e da atividade contra as bactérias resistentes aos medicamentos, os especialistas estão otimistas em relação à lariocidina porque ela preenche muitos requisitos: não é tóxica para as células humanas, não é suscetível a mecanismos existentes de resistência a antibióticos e também funciona bem num modelo animal de infeção.
O objetivo dos investigadores agora é descobrir formas de modificar a molécula e produzi-la em quantidade suficiente para permitir o seu desenvolvimento clínico. Como esta nova molécula é produzida por bactérias – e as bactérias não estão interessadas em produzir novos medicamentos para nós –, muito tempo e recursos serão necessários antes que a lariocidina esteja pronta para o mercado.