A primeira fase dos testes clínicos foi concluída em 2024, e a segunda fase já começou a demonstrar a sua eficácia como contracetivo masculino. A pílula, denominada YCT-529, atua sobre uma proteína chamada receptor alfa de ácido retinoico (RAR-alfa). Esse receptor interage com o ácido retinoico – um metabólito da vitamina A – para influenciar o crescimento celular, a formação de esperma e o desenvolvimento embrionário. O medicamento bloqueia o RAR-alfa e, por afetar só essa versão específica do receptor, tende a limitar os efeitos colaterais.

Uma das vantagens desta pílula é que ela não altera as hormonas do corpo, portanto não tem outros efeitos na saúde física ou emocional, algo que geralmente ocorre com os anticoncecionais femininos.

O estudo, publicado na revista Communications Medicine, foi realizado em ratinhos e primatas não humanos. Nos ratinhos machos, o anticoncecional começa a agir até um mês após o início do uso. O comprimido reduz as gestações nas parceiras fêmeas em 99%. Os macacos machos precisam de uma dosagem maior do medicamento, contudo, ele também provocou uma queda rápida na contagem de espermatozoides, sem efeitos colaterais expressivos.

Após a interrupção da administração do produto, os níveis de esperma dos animais retornaram ao normal dentro de 10 a 15 semanas. A substância também não causa alterações significativas em três hormonas importantes para a produção de esperma: testosterona, FSH e inibina B.

Segundo a química Gunda Georg, da Universidade do Minnesota, uma pílula masculina segura e eficaz oferecerá mais opções aos casais para o controle da natalidade. Além disso, vai permitir uma divisão mais justa da responsabilidade pelo planeamento familiar e dará autonomia reprodutiva aos homens.