Coração tem um mecanismo oculto para se reparar
Até agora acreditava-se que a insuficiência cardíaca podia ser tratada mas não podia ser curada porque o coração apenas se regenera, no entanto, um estudo realizado no Instituto Karolinska, na Suécia, descobriu que o coração se pode reparar com o procedimento adequado.
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O coração, como qualquer outro músculo, aos trinta anos não tem a mesma capacidade que aos setenta. A diferença é que uma pessoa pode ter boa qualidade de vida mesmo se o seu bíceps não responde da mesma forma, o que não acontece com o coração. Fica-se mais cansado e sufoca-se porque o sangue não transporta oxigénio com a mesma eficiência para as células.
As células musculares do coração são chamadas de miócitos e são muito menos renovadas do que noutras partes do corpo, porque são muito especializadas. Além disso, têm um ciclo celular diferente: em vez de se duplicarem, essas células possuem outras células-tronco satélites que as ajudam a reparar, no entanto, trata-se de uma reparação limitada.
Perante uma insuficiência, a primeira solução é administrar medicamentos. Alguns para tornar os vasos sanguíneos mais flexíveis (para que ofereçam menos resistência) e os diuréticos, para controlar a quantidade de líquido no sangue para que não seja tão difícil bombear.
Outra opção é instalar uma bomba externa – um modelo sofisticado de pacemaker que estimula as diferentes câmaras do coração para que se organizem de forma síncrona e funcionem de forma coordenada.
A equipa de especialistas descobriu que nos corações danificados, com insuficiência cardíaca grave, a capacidade de renovação celular é ainda pior do que num coração saudável. Assim, não tem força para bombear bem o sangue, e as células também não têm aquela capacidade mínima para se regenerarem, o que agrava o problema.
Mas quando o dispositivo auxiliar – a bomba externa –, foi implantada, não só a capacidade de impulso do coração melhorou, como melhorou o número de miócitos regenerados.
De acordo com o Dr. Olaf Bergmann, um dos autores do estudo, os resultados sugerem que pode haver uma chave oculta que ativa o mecanismo de autorreparação do coração. Com o pacemaker, as células regeneram-se até seis vezes mais do que num coração saudável.
A razão deste impulso regenerativo é o mistério que fica deste estudo. Os investigadores não têm explicação mas realçam que, seja qual for o motivo, a descoberta abre portas para o desenvolvimento de novas terapias.
Poderia ser uma opção especialmente para aqueles pacientes cuja única solução é um transplante de coração, mas também renova as esperanças de recuperação para pessoas que sofreram um ataque cardíaco e têm o coração muito danificado.