Identificado novo tipo de processo de memória humana
Um professor de psicologia do Instituto de Tecnologia da Flórida, que passou mais de uma década a investigar a memória episódica – o processo cognitivo que envolve o processamento e a recuperação da memória de longo prazo – conseguiu identificar um novo tipo de processo de memória humana.
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De forma razoavelmente simplificada, a memória humana pode ser definida como a capacidade inata do cérebro para obter, armazenar e evocar informações disponíveis no cérebro – a chamada memória biológica interna –, ou em dispositivos artificiais externos designados por memória artificial. LER MAIS
De acordo com o professor Richard Addante, a estrutura atual no campo da psicologia para esse processo divide a memória episódica em dois ramos diferentes: a recordação, que é a nossa capacidade de recordar uma memória na sua totalidade; e a familiaridade, que é a recordação parcial de uma memória – lembrar detalhes específicos, mas não lembrar elementos contextuais mais amplos.
No estudo, publicado recentemente na iScience, o investigador desafia essa estrutura com evidências de um terceiro processo distinto de memória episódica, que denomina de “familiaridade com o contexto”. Esse processo diz respeito a instâncias em que se podem recuperar apenas os elementos contextuais de uma memória, e se esquecem os detalhes específicos, um processo que não é bem contabilizado na estrutura existente.
O que Addante propõe é um novo modelo para a memória episódica, que divide em três ramos: recordação (lembrar tudo de uma memória); familiaridade com o item (lembrar de detalhes/esquecer o contexto); e familiaridade com o contexto (lembrar do contexto/esquecer os detalhes).
Os resultados do estudo têm várias implicações: não só mudam a forma como a memória humana é aprendida e estudada, mas também podem melhorar a maneira como os défices de memória são diagnosticados clinicamente, como no caso de doentes com amnésia, demência e com lesão cerebral traumática.
O especialista acredita que um modelo mais preciso para a memória permitirá desenvolver melhores ferramentas de diagnóstico e dará origem a diagnósticos mais precisos.