Abuso de opioides pode mudar o cérebro
As ressonâncias magnéticas de um grupo de indivíduos que fez parte de um estudo publicado recentemente no jornal Radiology permitiram concluir que os viciados em opioides experimentaram mudanças estruturais e funcionais em regiões específicas dos seus cérebros.
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De acordo com o Dr. Saloni Metha, da Escola de Medicina de Yale, o objetivo do estudo era entender melhor o que poderia ter causado essas alterações para desenvolver novos alvos de tratamento.
Na investigação, a equipa comparou exames cerebrais de pessoa viciadas em opioides com exames de pessoas não viciadas, tendo utilizado para o efeito exames realizados entre fevereiro de 2021 e maio de 2023. Foram analisadas ressonâncias magnéticas estruturais de 103 pessoas com dependência de opiáceos e de 105 não viciadas, e ressonâncias magnéticas funcionais de 74 viciados e de 100 controles.
As ressonâncias magnéticas funcionais podem medir a atividade cerebral através da deteção de alterações no fluxo sanguíneo, enquanto as ressonâncias magnéticas estruturais tiram fotografias do formato das diferentes regiões do cérebro.
Os exames mostraram alterações em regiões cerebrais que contêm grandes quantidades de receptores opioides. Algumas regiões, como o tálamo e o lobo temporal medial direito do cérebro, eram menores nos viciados em opioides, enquanto outras regiões, como o cerebelo e o tronco cerebral, eram maiores. Essas regiões do cérebro também pareciam ter aumentado a conectividade funcional entre elas.
Os resultados também mostraram algumas diferenças entre homens e mulheres no que diz respeito às alterações cerebrais ligadas ao vício em opiáceos. Os especialistas descobriram que os padrões de alteração no cortex pré-frontal medial – uma região central envolvida em muitos problemas de saúde mental –, eram diferentes entre os homens e as mulheres no grupo com transtorno por uso de opioides.
Perante a descoberta destas diferenças, os especialistas pretendem investigar o que significam e como podem influenciar o comportamento de uma pessoa. Também é necessário descobrir se essas alterações cerebrais são permanentes ou se diminuem após uma pessoa ter recebido tratamento para o seu vício.
O objetivo final é examinar como as alterações cerebrais em indivíduos com transtorno por uso de opioides podem estar ligadas às medidas dos resultados.