Cientistas investigam porque nos lembramos de certas coisas
Um novo estudo realizado por psicólogos da Universidade Rice, no Texas, permitiu descobrir que certas experiências são mais lembradas pela maioria das pessoas, enquanto outras, como, por exemplo, se fechámos a porta da garagem, são mais facilmente esquecidas.
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MEMÓRIA, BASE DO CONHECIMENTO - O que é e como funciona?
De forma razoavelmente simplificada, a memória humana pode ser definida como a capacidade inata do cérebro para obter, armazenar e evocar informações disponíveis no cérebro – a chamada memória biológica interna –, ou em dispositivos artificiais externos designados por memória artificial. LER MAIS
Segundo as investigadoras Fernanda Morales-Calva e Stephanie Leal, os humanos tendem a concentrar-se em recordar certos aspetos de uma experiência mais do que outros, ou seja, o panorama geral do que aconteceu e não os detalhes.
O estudo, publicado na revista Neurobiology of Learning and Memory, tinha como objetivo compreender melhor como funciona a memória humana, pois há muito ainda por descobrir.
Investigações anteriores haviam descoberto que as experiências memoráveis para uma pessoa são muito provavelmente memoráveis para outra pessoa, como festas de aniversário, morte de um ente querido, entre outros acontecimentos. Essas são muitas vezes experiências positivas ou negativas. Esse conhecimento ajudou os especialistas a desenvolver estudos que analisam o desempenho da memória.
A fim de avaliar a memória dos participantes, os investigadores mostraram-lhes fotos. Durante um teste de memória, algumas dessas imagens foram repetidas, algumas eram totalmente novas, enquanto outras eram muito semelhantes e difíceis de distinguir umas das outras. As imagens semelhantes pretendiam interferir na memória, como experiências diárias semelhantes, como tentar lembrar se a porta estava fechada. Imagens memoráveis foram identificadas como aquelas que os participantes tinham maior probabilidade de recordar.
As especialistas chegaram à conclusão que, embora os participantes se lembrassem corretamente das imagens mais memoráveis, esse efeito perdia-se após 24 horas. Isto foi especialmente verdadeiro quando se lembravam de experiências positivas, o que sugere que estas experiências são memoráveis no início, mas também mais propensas a ser esquecidas.
Para Morales-Calva, até podemos achar que sabemos que tipo de experiências são memoráveis, mas na verdade não sabemos que características de uma memória são melhor lembradas a longo prazo.
Se é uma das muitas pessoas que não se consegue lembrar se há cinco minutos atrás fechou a porta da garagem ou se já tomou o medicamento, não se preocupe. O nosso cérebro não se consegue lembrar de tudo o que vivenciamos e, por isso, temos de esquecer um pouco seletivamente as informações que não são tão importantes.
Este estudo ajuda a entender melhor porque nos lembramos do que lembramos, e as investigadoras esperam que as suas descobertas ofereçam novas perceções sobre como a memória funciona e por que algumas coisas são memoráveis para nós e outras não.