Cientistas identificam sinais precoces de transtorno bipolar
Os transtornos bipolares são doenças mentais graves. Um estudo conjunto de investigadores da Universidade de Manchester e da Universidade de Keele permitiu concluir que a existência de diagnósticos de doenças mentais, a toma de medicamentos psicotrópicos prescritos para tratar essas doenças e padrões específicos de utilização de serviços de saúde são fortes indicadores de perturbação bipolar.
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As descobertas, publicadas no British Journal of General Practice, permitirão aos médicos realizar um encaminhamento, avaliação e tratamento mais célere desta condição debilitante que costumava ser conhecida como depressão maníaca.
Os primeiros sinais de alerta, identificáveis ao longo de vários anos antes do diagnóstico, incluem episódios depressivos anteriores, distúrbios do sono, uso indevido de substâncias, toma de três ou mais tipos diferentes de medicamentos psicotrópicos num ano, episódios crescentes de automutilação, consultas de clínica geral frequentes e ausência de consultas agendadas.
Para o estudo, a equipa baseou-se nas NIHR Greater Manchester Patient Safety Research Collaborations. Os investigadores analisaram dados eletrónicos de cuidados de saúde primários recolhidos rotineiramente entre Janeiro de 2010 e Julho de 2017, tendo sido identificadas 2.366 pessoas com e 47.138 pessoas sem diagnóstico de transtorno bipolar na Inglaterra.
No Reino Unido até 3% da população sofre de transtorno bipolar em algum momento das suas vidas. Muitas pessoas afetadas que não são diagnosticadas experimentam problemas a nível social e de saúde, que incluem ajustamento social deficiente, múltiplos internamentos hospitalares, problemas de saúde física, violência interpessoal e aumento do risco de automutilação e suicídio.
Segundo Catharine Morgan, investigadora da Universidade de Manchester, os transtornos bipolares são doenças mentais graves caracterizadas pela instabilidade do humor. O tratamento precoce pode ser crucial para evitar anos de dificuldades e riscos elevados para os pacientes.
Este estudo dá informações cruciais que podem ajudar os médicos de clínica geral a considerar um diagnóstico de bipolaridade muito mais cedo, para permitir um tratamento eficaz e oportuno e o encaminhamento para avaliação especializada.
Para Carolyn Chew-Graham, da Universidade de Keele, são necessários urgentemente melhores vias de encaminhamento do atendimento primário ao especializado, tanto para os pacientes como para os médicos de clínica geral, quando há suspeita de um diagnóstico de bipolaridade, e se o paciente quiser receber a ajuda oportuna de que precisa.
Existem evidências de que um atraso no diagnóstico de transtorno bipolar pode chegar aos nove anos, e um terço das pessoas que eventualmente são diagnosticadas com o transtorno já terão tentado tirar a própria vida devido à angústia que sentem e pela demora em obter o tratamento adequado.