Tem sido sugerido que alterações na fisiologia cerebral durante o envelhecimento podem preceder o aparecimento de biomarcadores estruturais de neurodegeneração. A caracterização de tais alterações relacionadas com a idade é crucial para melhorar a nossa compreensão do envelhecimento típico versus atípico. No entanto, pouco se sabe sobre a relação entre a transição da menopausa e as alterações na fisiologia cerebral relacionadas à idade.

No novo estudo, apresentado recentemente na Reunião Anual da Menopause Society 2023, em Filadélfia, foram comparadas as diferenças no fluxo sanguíneo cerebral médio (a taxa de perfusão do sangue para o tecido cerebral) e no tempo de trânsito arterial (o tempo que o sangue marcado magneticamente ao nível do pescoço leva para chegar ao tecido cerebral) entre mulheres em cada fase da menopausa e homens da mesma idade, e os investigadores analisaram o papel da fase da menopausa na forma como o cérebro envelhece.

O estudo transversal incluiu 131 mulheres e 125 homens com idades entre os 40 e os 60 anos. Verificaram-se diferenças significativas generalizadas no fluxo sanguíneo cerebral médio e no tempo de trânsito arterial entre mulheres em cada estágio da menopausa e homens da mesma idade. Os investigadores observaram ainda distintas distribuições espaciais.

Ao contrário de trabalhos anteriores que sugeriam que o estágio da menopausa tem um efeito profundo na hemodinâmica cerebral, não se observaram diferenças estatisticamente significativas entre os estágios da menopausa. No entanto, homens e mulheres apresentaram diferenças tanto no fluxo sanguíneo cerebral médio quanto no tempo de trânsito arterial.

De referir que, em comparação com os homens, as mulheres na fase pré-menopausa apresentaram diferenças significativas no córtex temporal médio para o tempo de trânsito arterial e no córtex parietal inferior para o fluxo sanguíneo cerebral.

Ao comparar homens e mulheres na perimenopausa, identificaram-se diferenças significativas nos córtices parietal superior e frontal tanto para o tempo de trânsito arterial quanto para o fluxo sanguíneo cerebral. Também se encontraram diferenças significativas entre homens e mulheres na pós-menopausa nos córtices pré-frontal e parietal inferior. Estas diferenças entre os sexos foram, portanto, mais evidentes do que qualquer efeito da fase da menopausa.

Com base nos resultados, os especialistas presumem que podem existir mecanismos neuroprotetores fisiológicos durante a transição da menopausa em indivíduos tipicamente idosos. A validação destes resultados requer análises adicionais que, entre outras coisas, deverão investigar o impacto do estilo de vida, historial médico e o risco cardiometabólico.