Menopausa: novo medicamento pode acabar com os afrontamentos
A mulher passa cerca de metade a dois terços da sua vida na menopausa. Os sintomas vasomotores, vulgarmente designados de afrontamentos, são muito comuns e caracterizam-se por uma sensação de calor súbito e sudorese intensa que podem durar até cinco minutos. Nos casos mais graves, são acompanhados por palpitações ou ataques de ansiedade.
Grande parte dos medicamentos para os aliviar têm por base hormonas, de forma a repôr os níveis de estrogénio, no entanto, estes têm sido associados ao aumento do risco do cancro da mama – algo que não acontece com o novo medicamento. Em vez de um tratamento hormonal, este fármaco atua num certo tipo de neurónios, que são responsáveis por regular a temperatura do corpo.
Desenvolvido pela farmacêutica japonesa Astellas, o medicamento, denominado fezolinetant, é um antagonista seletivo do receptor de neuroquinina-3 e está neste momento a ser analisado pela FDA.
Durante um estudo randomizado controlado de fase 3 de 1 ano chamado Skylight 4 o fezolinetant mostrou segurança e tolerabilidade aceitáveis a longo prazo.
O tratamento com o medicamento foi examinado especialmente em termos de saúde endometrial. O objetivo era descobrir quão seguro seria para as mulheres a toma do fezolinetant a longo prazo (até 52 semanas). Para o efeito, foram analisados os efeitos colaterais das participantes enquanto na investigação.
Durante o estudo, cuja duração foi de 52 semanas, as participantes receberam doses baixas do medicamento (1 comprimido de fezolinetant e 1 comprimido de placebo) uma vez ao dia; uma dose alta (2 comprimidos de fezolinetant) uma vez ao dia, ou placebo (2 comprimidos) uma vez ao dia. As mulheres foram selecionadas para um dos três tratamentos aleatoriamente.
Os resultados revelaram-se bastante positivos. Após este período de tempo, grande parte das mulheres teve menos afrontamentos e com menor gravidade.
Até à data, o único tratamento não hormonal para os afrontamentos aprovado pela FDA é a paroxetina, que pertence à classe dos inibidores seletivos da recaptação da serotonina (ISRS).
Ainda não existem dados para comparar o fezolinetant com a paroxetina, no entanto, ter outra opção de tratamento não hormonal seria benéfico para as mulheres que procuram algum alívio, especialmente para aquelas que não podem ou não querem tomar a paroxetina.
O pedido para que o fezolinetant fique disponível no mercado foi entregue em agosto deste ano, prevendo-se que tal aconteça durante o próximo ano.