Covid-19: saiba como recuperar o olfato depois da infeção
Cerca de 65% das pessoas infetadas com o novo coronavírus experimentam alteração no paladar ou no olfato, que tende a ser repentina e severa. De facto, a anosmia (perda do olfato por completo) e a parosmia (distorção do sentido do olfado) são dos sintomas mais comuns de Covid-19, e podem interferir na capacidade que temos de saborear os alimentos.
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Ainda não se sabe exatamente de que forma a Covid-19 pode afetar estes sentidos, mas parece estar relacionado com o facto de que o SARS-CoV-2, assim como outros vírus semelhantes, causa inflamação no interior do nosso nariz, o que leva à perda de neurónios olfativos. Os cientistas constataram que a expressão dos recetores celulares a que o novo coronavírus se liga é superior na cavidade nasal e nas células do tecido envolvido no olfato, o que pode explicar a forma como a Covid-19 afeta paladar e olfato.
Segundo o otorrinolaringologista Alexandre Colombini, as perdas olfativas a longo prazo acontecem porque, durante a infeção, o vírus penetra no bulbo olfativo, a zona do cérebro responsável pelo reconhecimento dos cheiros.
A boa notícia é que existem técnicas para recuperar este sentido, que assume grande responsabilidade na nossa qualidade de vida, não só na perceção do cheiro dos alimentos e do ambiente, mas também no seu papel de alerta para vários perigos como o fumo, o gás ou a comida estragada.
Para reverter a situação, o especialista recomenda o treino olfativo. O método, que já obteve sucesso na recuperação da perda de olfato causada por contaminações virais, traumas e/ou envelhecimento, também tem apresentado resultados positivos em casos relacionados ao novo coronavírus.
A técnica é simples e deve ser realizada duas vezes por dia, durante, pelo menos, três meses. O paciente deve começar pela preparação do “kit”, que será composto por alguns frascos de vidro onde serão introduzidos alimentos específicos como: pó de café, mel, cravo, vinagre balsâmico, essência de baunilha, sumo de tangerina e pasta de dentes.
Duas vezes por dia, o paciente deve cheirar cada um dos frascos durante 10 segundos, fazendo intervalos de cerca de 15 segundos entre um frasco e outro. O ideal é que cada pessoa tenha o seu próprio kit, caso haja mais pacientes na mesma casa/família.
O especialista alerta que, na maioria dos casos, a ausência de olfato nos pacientes tem durado, em geral, de quatro a seis semanas. Por isso, é importante trabalhar e estimular a capacidade olfativa e mental. Convém lembrar que este treino não substitui a consulta médica, pois apesar de menos comum, as gripes, constipações, doenças como rinites e sinusites crónicas e até neurológicas também podem afetar o nervo olfativo.