Técnica inovadora torna tumores transparentes para biópsia 3D
A capacidade de visualizar os tumores cancerígenos e os tecidos metastáticos tridimensionalmente (3D) pode ajudar os médicos a diagnosticar o tipo e o estadio do tumor de forma precisa, além de ajudar a definir o melhor tratamento para o doente.
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A técnica de imagem por fluorescência 3D envolve a marcação de certas estruturas moleculares, como proteínas, para que cada tipo se torne fluorescente com cores diferentes. Os sinais brilhantes podem ser vistos numa variedade de amostras, desde organismos inteiros até ao nível celular. Numa imagem 2D convencional, esses sinais são fáceis de ver, mas uma biópsia comum exige que o tecido seja cortado em pequenos pedaços, o que impede a capacidade de visualizar toda a zona em 3D.
Já existe uma abordagem para tornar transparente os tecidos biológicos, conhecida como CLARITY, na qual os tecidos são incorporados em hidrogéis de poliacrilamida, as gorduras são removidas e o índice de refração do meio é ajustado para criar uma imagem volumétrica 3D. Mas o problema deste método é o facto de demorar até um mês para limpar totalmente um tecido cancerígeno, o que é demasiado.
Com o objetivo de reduzir esse tempo, o cientista Chie Kojima e os seus colegas da Universidade de Osaka, no Japão, descobriram agora que é possível usar outro material, denominado por hidrogel zwitteriónico, que possui moléculas com cargas equilibradas, mantendo a estrutura das amostras de tecido.
Adicionalmente, a equipa descobriu que os hidrogéis de polímero que imitam as moléculas de gordura no tecido são particularmente eficazes para limpar oticamente os tecidos tumorais com grande rapidez.
"As redes vasculares sanguíneas em tecidos cerebrais murinos, bem como tecidos tumorais metastáticos, podem ser visualizadas em 3D ao usar o nosso método”, afirmou Kojima.
Com recurso a nova técnica, foi possível visualizar os tecidos tumorais mais rapidamente do que em qualquer teste anterior: o que antes demorava um mês, agora pode ser feito numa semana.
"Nós estamos a procurar aplicar o nosso método em diagnósticos patológicos. Esperamos que seja possível diagnosticar uma amostra inteira de biópsia - em vez de pequenos pedaços - o que poderia evitar que pequenos tumores não fossem detetados", disse Kojima.