CHUC inicia programa de doação de órgãos em paragem circulatória
Foi realizada, dia 12 de julho, pela primeira vez no Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC), a colheita de dois rins provenientes de um dador de órgãos em paragem circulatória.
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Esta foi a primeira colheita efetuada no CHUC nesta tipologia de dadores de órgãos. As colheitas de órgãos em dadores em morte cerebral são uma prática corrente no CHUC sendo esta instituição, há vários anos consecutivos, líder nacional.
Recorde-se que a doação de órgãos em paragem circulatória foi iniciada em Portugal no final do ano de 2016, no Centro Hospitalar Universitário de São João, com extensão do programa ao Centro Hospitalar Universitário Lisboa Norte e Lisboa Central em 2017. O CHUC integrou esta rede no início do ano de 2020, mas a sua implementação sofreu atrasos em consequência da pandemia de COVID-19.
Trata-se de uma atividade que assenta na interação de várias equipas sendo imperiosamente um processo multidisciplinar. “Tudo começa com as equipas da medicina pré-hospitalar, da responsabilidade do INEM, que alertam as equipas de serviço no CHUC perante um caso potencialmente elegível. Após a admissão no Serviço de Urgência os casos são avaliados e validados pela equipa multidisciplinar.
Em todo o processo participam profissionais do Serviço de Urgência, Medicina Intensiva, Equipa de ECMO, Anestesiologia, Cirurgiões das equipas de colheitas de órgãos e transplantação, Serviço de Sangue e Medicina Transfusional, Serviço de Patologia Clínica e Gabinete Coordenador de Colheitas e Transplantação”, refere o médico intensivista Eduardo Sousa, Coordenador Hospitalar de Doação.
Eduardo Sousa prossegue dando nota de que há peças fundamentais na viabilização dos órgãos como “a utilização de equipamentos de oxigenação por circulação extracorporal, habitualmente utilizados no suporte de doentes que necessitam de ECMO. O CHUC dispõe desta tecnologia há alguns anos e tem equipas organizadas para dar resposta às solicitações cujo pico se verificou durante a pandemia de COVID-19”.
Eduardo Sousa refere ainda que “perante a escassez de órgãos para transplante face às necessidades, o investimento neste tipo de doação de órgãos pode constituir um acréscimo de oferta e um contributo para que mais vidas possam ser salvas”.