Saúde da visão é solução para reduzir risco de queda
As recomendações de intervenções da Organização Mundial de Saúde (OMS) apontam estratégias para prevenir quedas ao longo da vida, e reforçam a importância de uma boa visão para diminuir o risco de quedas. No entanto, a Associação de Profissionais Licenciados de Optometria (APLO) lembra que, em Portugal, continua a não haver uma estratégia para os cuidados da saúde da visão.
MATURIDADE E REFORMA
QUEDAS NO IDOSO
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Neste sentido, o presidente da APLO, Raúl de Sousa, voltou a manifestar ao Ministério da Saúde e à Assembleia da República a sua preocupação pelo facto de Portugal não ter uma estratégia para os Cuidados Primários para a Saúde da Visão.
A corroborar a urgência da definição de soluções para os problemas de visão dos portugueses estão, no entender da associação, os dados e as conclusões de um estudo publicado recentemente pela OMS.
De acordo com o trabalho “Passos em Segurança: Estratégias para Prevenir e Gerir Quedas ao Longo da Vida” da OMS, as quedas são responsáveis, todos os anos, por 684 mil mortes e por 172 milhões de pessoas com limitações físicas, em todo o mundo. Um número que, com o envelhecimento populacional, a maior urbanização e os estilos de vida sedentários, terá tendência a aumentar drasticamente nas próximas décadas, concluiu esta entidade.
No conjunto de intervenções proposto pela OMS encontra-se a implementação de serviços optométricos, com identificação e correção de problemas da visão na comunidade, conforme explica Raúl de Sousa: “a evidência resultante do estudo demonstra que o grupo de idosos que tiveram intervenções para a saúde da visão não sofreram quedas nem fraturas e melhoraram o seu equilíbrio, melhorando também os indicadores de qualidade de vida. Por oposição, os residentes que recusaram intervenções na visão sofreram quedas, fraturas e mortes associadas às fraturas”.
Para o presidente da APLO, esta é uma realidade particularmente presente no caso português: “somos um dos três países do mundo com a população mais idosa, e onde as quedas e as consequentes limitações de mobilidade e autonomia implicam degradação da qualidade de vida, peso adicional sobre o agregado familiar e/ou serviços de apoio social, comorbilidades e eventualmente morte. Paralelamente, as limitações da visão, com implicações para a mobilidade, afetam uma em cada duas pessoas maiores de 65 anos e estão associadas a uma probabilidade três vezes maior de risco de queda”, refere.
A APLO considera “inaceitável que Portugal persista em não implementar cuidados primários para a saúde da visão e as recomendações da Organização Mundial da Saúde, e em não cumprir as resoluções aprovadas por unanimidade pela Assembleia da República, em 2012 e 2013, para a regulamentação da profissão de Optometrista, como especialista dos cuidados primários para a saúde da visão”.
Uma “inércia governamental” que, de acordo com a Associação, resulta em centenas de milhares de portugueses com deficiência visual e cegueira evitável, assim como deficiência física, perda de qualidade de vida, peso adicional para as famílias, apoio social e morte prematura evitável.