Pandemia teve “claro impacto” nas hepatites virais
A diretora do Programa Nacional para as Hepatites Virais (PNHV), Isabel Aldir, afirmou que houve um impacto da COVID-19 no diagnóstico destas doenças sendo necessário fazer mais rastreios e retomar os tratamentos.
“As equipas de rastreio que estavam no terreno tiveram que suspender a sua atividade”, as consultas de saúde primários também reduziram muito e “houve certamente diagnósticos que não aconteceram”, disse Isabel Aldir, diretora do PNHV em entrevista à agência Lusa.
Segundo a diretora, os tratamentos na área das hepatites virais foram protelados porque “as pessoas não chegavam aos cuidados hospitalares ou então já estando viram as suas consultas adiadas pelo confinamento”.
“Houve um claro impacto desta situação que agora temos todos que tentar recuperar, fazendo mais rastreios, recuperar as consultas, iniciar os tratamentos que tinham ficado pendentes”, sublinhou a responsável.
A médica reconheceu que é uma situação que exige um grande esforço dos profissionais de saúde: “temos tudo o que é decorrente da atividade normal, agora agravada por recuperar o que está para trás e num tempo em que a organização dos serviços, a forma de funcionamento não está idêntica ao que era”.
Questionada sobre se os utentes já estão a perder o receio que tiveram no início da pandemia de se deslocaram aos serviços de saúde, Isabel Aldir afirmou que já se nota “um maior movimento”, em termos de consulta e de serviços de urgência.
“As pessoas já estão a voltar mais àquilo que eram os registos habituais e, de facto, hoje os serviços e os hospitais e os cuidados de saúde primários estão todos organizados no sentido de serem seguros”, frisou.
Segundo a responsável do programa da Direção-Geral da Saúde, “é tão ou mais seguro ir a uma consulta de um centro de saúde ou de um hospital quanto ir ao supermercado fazer compras”.
“Uma das mensagens é as pessoas perceberem que estas doenças são por vezes muito traiçoeiras na medida em que a pessoa pode ter uma hepatite e não ter qualquer sintoma e só muito tardiamente é diagnosticada”, afirmou.
Daí a necessidade de a pessoa fazer o teste, falar com um profissional de saúde e “os que ainda não foram vacinados não se esquecerem que a hepatite B tem uma vacina que é extraordinariamente eficaz e que pode evitar sérias complicações de saúde no futuro”.